quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

P55: VAMOS LÁ SEGUIR O EXEMPLO DO LEMOS

HISTÓRIAS MECÂNICAS

Porque tem correspondência com as histórias que vou contar, como preâmbulo, transcrevo o louvor registado na minha caderneta militar:
“Louvado em 11 de Fevereiro de 1972 pelo Exmo Comt. do B. Caç. 2912, pelas excepcionais qualidades demonstradas ao longo de quase 21 meses de comissão. Logo de início não tendo o mínimo de instalações necessárias para o bom desempenho das funções inerentes à sua especialidade, mostrou o Furriel Lemos ser um elemento de real valia, idealizando uma Oficina Auto e Arrecadação, a cuja construção, com a colaboração do pessoal sob o seu comando, a quem desde do princípio soube transmitir e incutir o seu entusiasmo para com o serviço, se dedicou com interesse e zelo digno de serem assinalados. Depois da construção da sua Oficina Auto, onde os seus homens já tinham condições mais propícias para trabalhar e da sua arrecadação onde instalou os seus arquivos e dispôs as várias ferramentas de mecânico auto de modo a serem facilmente localizadas e controladas, soube formar com os mecânicos e condutores Auto-Rodas subordinados, uma excelente equipa de trabalho, que constante e infatigavelmente tem dirigido e orientado ao longo de toda a comissão. De realçar ainda um cuidado e atenção dedicados às requisições das várias peças e lubrificantes necessários à reparação e manutenção das viaturas inoperacionais, conseguindo assim uma eficiência verdadeiramente extraordinária no desempenho da sua missão de tal maneira, que tem sido de orgulho para este comando o número de viaturas de que sempre tem disposto, quer para colunas de reabastecimento quer ainda para colunas de carácter operacional. Além das qualidades mencionadas é ainda de salientar o elevado sentido de disciplina, aprumo e correcção demonstrados pelo Furriel Miliciano Lemos, quer para com os seus superiores quer para com os seus subordinados. Pelos factos apontados é de inteira justiça tornar público o presente louvor”.

Como tal, era apanágio do grupo da mecânica, ter sempre as viaturas prontas para servir da melhor forma a Companhia, logo, todos beneficiavam com o zelo demonstrado pelos mecânicos-auto e condutores das viaturas, que tinham sempre o cuidado de velar pela sua manutenção.
Ainda me lembro do Rosas, do Victor, da oficina improvisada que se construiu com troncos de palmeiras (estrutura), com os oleados dos Unimogs a servir de parede e chapas de zinco, como cobertura. Também se arranjou cimento e areia para cimentar o chão e, em anexo, foi feita uma arrecadação de madeira com secretária e tudo, a fim de servir de armazém para as peças sobressalentes e secretaria auto. Tudo orientado para, em caso de necessidade, termos as peças de substituição para as avarias mais comuns. Quantas vezes fui a Bissau, de Dakota, a fim de tratar de assuntos relativos à conservação, manutenção e substituição das viaturas.
Enfim…
Certo dia, a nossa Companhia fez, como habitualmente uma coluna para abastecimento de géneros alimentícios, combustível, entre outras necessidades, passando por Bambadinca até ao Xime. Só que levámos, desta vez umas 17 viaturas. Ao passar pela sede do Batalhão, eis que o Comandante, estava na entrada, ficando estupefacto por ver tamanha mobilização de carros operacionais, comentando que a nossa coluna parecia um desfile militar em Lisboa!!! (Já que era habitual as outras companhias terem dificuldades em arranjar viaturas operacionais, pois muitas se encontravam avariadas, segundo os rumores que circulavam, e mais não adianto). Vai daí, falou com o nosso Capitão, dizendo que iria a Dulombi tratar da cedência de Unimogs para as outras Companhias. Mas eu sabia que a quantidade de carros era mais ou menos igual para cada uma, a diferença estava na operacionalidade das ditas.
Mais tarde, o Capitão dialogou comigo sobre a pretensão do Comandante, e eu retorqui que as viaturas estavam todas operacionais devido à competência dos mecânicos da nossa Companhia, assim como ao zelo dos respectivos condutores, tudo em prol do nosso bem estar e não em benefício das outras Companhias do Batalhão.
Passados uns dias, chega o Comandante a Dulombi, de helicóptero, a fim de tratar da cedência de alguns Unimogs. Como eu já sabia antecipadamente da chegada do Comandante, os carros estavam todos com graves avarias!...
Coloquei os quatro mecânicos (um era nativo e já não me recordo do nome nem como foi lá parar), e os condutores a reparar, na devida hora, as viaturas. Capôts abertos, rodas tiradas, macacos a funcionar, baterias sem carga, dínamos desmontados, etc. etc, tudo avariou ao mesmo tempo… Um desastre…
Claro que o Comandante ficou furioso, não havia viaturas, só umas quatro é que funcionavam, mas nada havia a fazer, eu tinha autonomia suficiente como responsável máximo da mecânica para tratar dos problemas – o nosso Capitão não interferiu, pelo contrário. O “Chefe Maior” nada pôde fazer com os meus argumentos bem estudados, de todas as avarias, até porque muitas das viaturas necessitavam de peças vindas de Bissau!!!
O Comandante regressou, sem antes ordenar que na próxima vez, eu tinha que ter fichas de reparação nas viaturas, descriminando a avaria, o tempo previsto de arranjo, etc, etc.
Nunca mais apareceu.
E assim, os nossos carros continuaram a servir a Companhia. Quando não havia trabalho, os mecânicos descansavam. Era o meu lema.


Por outra vez, estava eu a experimentar o jeep do Capitão e por tal motivo fui chamado à atenção, penso eu que indevidamente. Os meus mecânicos também não gostaram. Vai daí, o Rosas propôs que o jeep iria avariar! E avariou mesmo durante 15 dias!!! Coincidências.


A nossa Oficina era o restaurante da Zona! Quantos almoços, jantares, festanças, lá não se fizeram.
Os assados eram espectaculares. Também tinha sob o meu comando elementos bem intencionados… Certo dia, não havia cabrito ou cabra para a festa. Não é que, com uns pedaços de pão ao longo do caminho e em direcção ao abrigo, a pobre cabra lá entrou para seguir directamente para o forno! Mas os Futa-Fulas souberam ou desconfiaram e o assunto chegou ao Capitão. Não sei como foi resolvido, se se confirmou a situação ou não. Só sei que a cabra estava uma delícia…


Muito petróleo se gastava… principalmente de noite. “Será ou não será que seria” comercializado por alguns, em troca de ovos, carne, “favores”, etc.?
E os Unimogs gastavam 45 litros de gasolina aos 100 Km! Por mais contas que fizesse, os gastos eram sempre esses!!! Por comparação, os F16 portugueses – agora caíu um – gastam 170 litros de combustível por cada 100 Km!!!
Como já vai longa esta missiva, fico por aqui. Vou apontando outras lembranças.

domingo, 27 de janeiro de 2008

P54: THIS IS THE LIFE


Gostei e quero partilhar convosco.

sábado, 19 de janeiro de 2008

P53: RECORDAÇÕES




Dos presentes neste Almoço, na Estância, em Oliveira do Bairro, quantos guardarão este símbolo?

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

P52: MEMÓRIAS



Foto cedida pelo Fernando Silva. Daqui apelo para que outros contributos surjam. Ajudem-me, também, a identificar os elementos que compõem esta foto (2.º a partir da esquerda Fernando Silva, 5.º Coronel Carlos Gomes)

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

P51: SELECÇÃO NACIONAL DO DULOMBI



A Selecção Nacional portuguesa é orientada por um Sargentão. A do Dulombi era orientada por um Capitão.
1.º plano: Ferreira, Costa, Vila Franca, Correia, Alferes Balsa e "Fafe".
2.º plano: Capitão Carlos Gomes, "Meirim", Fernando Silva, Marinho, Quintas, "Vila Real", Fernandino S. Almeida e Terraço.