quinta-feira, 21 de outubro de 2010

P196: "MISSÃO DULOMBI" E AGORA COMO VAI SER?

Tenho estado a seguir com alguma atenção e curiosidade distantes o desenrolar desta viagem. Esperava nada…absolutamente nada. Estava só a ver.
Até que chegaram fotografias de Dulombi. Todo o meu ser abanou. Aquela do troço da picada entre Galomaro e Dulombi inquietou a minha alma.
As dos monumentos aos mortos arrepiaram todo o meu ser. Então a que tem a bandeira aos ombros com a sugestão de que representa o nosso suor e o nosso sangue transportou-me para lá.
Lembrei-me que não respeitávamos muito a pátria mesmo que consubstanciada na bandeira. Ela (pátria) não era respeitadora e portanto nunca se conseguiu fazer respeitar.

Mas, mesmo assim, as lágrimas espreitaram, e soube-me bem deixá-las correr pela cara abaixo, primeiro devagar e silenciosamente e depois convulsivamente num choro descontrolado.
Durante algum tempo dei largas à descarga de tensões durante tantos anos reprimidas: às das memórias do sofrimento, das da dor, da raiva, da impotência, do ódio, do medo, da cobardia. È verdade, só lutei porque não tive coragem para o não fazer, para permanecer e dizer não.
Quando regressei no fim da minha comissão fiz a mim mesmo a promessa solene de nunca mais lá voltar.
Penso que chegou a hora de a quebrar.
Devo ir lá tentar enterrar os fantasmas dessas memórias que tanto me têm atormentado não permitindo que o meu espírito tenha quietude, tenha paz.

António Barros,
Ex-alferes miliciano da CCAÇ 2700

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