Bem cedo, de Matosinhos, rumei a Vinhais, mais propriamente à freguesia de Nunes, onde vive o Tio Chedre.
Rumei pela A3 e A7 até Vila Nova de Famalicão e depois Guimarães, passando perto de Requião, onde vive o nosso infortunado camarada José Carneiro Azevedo.
Passando por Fafe, lembrei-me do nosso condutor Faria – o “Fafe”. O dia estava chuvoso, mas, passando por terras de Fafe, a chuva era tanta, que o meu Jeep ficou bem lavado. Em tempo de crise, poupei 8 euros na lavagem do carro…
Percorrendo a A7, passei ao largo de Cabeceiras de Basto, onde, em tempos, fui descobrir os familiares do nosso camarada Luís de Carvalho, que está emigrado definitivamente em França, na cidade de Yzeure. Pouco mais à frente passei por Ribeira de Pena, terra natal do nosso companheiro Domingos Magalhães Lemos, agora a viver em Oeiras.
Quanto mais me aproximava de Chaves, o tempo tornava-se mais primaveril e o sol já aparecia, radioso e aconchegante.
A poucos quilómetros de Chaves, passei pela freguesia onde mora o Elias e também o Jeremias, mas não dava tempo de lhes ir dar um abraço e segui viagem.
Saindo da auto-estrada, em Boticas, entrei na Nacional 103, em direcção a Vinhais. Á saída de Chaves encontrei uma placa dizendo Faiões, e logo me recordei do infortunado Delmar, que faleceu num desastre de motorizada.
Passei por Vinhais, e depois de percorrer 217 km, cheguei a Nunes.
Aqui encontrei o Vila Franca, de Macedo de Cavaleiros, que também estava convidado para o almoço com o nosso camarada Chedre.
Mas quem é, afinal, o Tio Chedre?
Toda a gente conhece a família Chedre, em Nunes. Mas, se forem a Nunes e perguntarem pelo Luís dos Santos Silva, talvez ninguém conheça!
Luís Santos Silva, o “Tio Chedre”
Já há algum tempo que esta visita estava programada, especialmente para a prova das cerejas de Nunes. Depois do fausto almoço, cujo prato principal foi javali selvagem da zona, seguimos rumo aos cerejais, escolhemos uma cerejeira, e ali ficamos a colher as deliciosas cerejas bragançanas.
O “Tio Chedre” na apanha das cerejas.
Depois de tanto trabalho, chegou a hora do lanche, onde não faltou o bom presunto de Nunes, assim como diversos tipos de chouriços e salpicões, acompanhados com boroa caseira e um saboroso vinho maduro da região, além de doces tradicionais.
Ainda houve tempo para uns toques de concertina e acordeão.
Em plena conversa, chegou a altura de falarmos sobre os nossos camaradas da Companhia 2700. Logo perguntei ao Vila Franca se conhecia algum dos camaradas que estavam desaparecidos e que constavam da actual lista do Timóteo.
Fiquei a saber, então, que o CASIMIRO DOS SANTOS CANELHAS, (1.º cabo), e que integrou a nossa Companhia em rendição individual em Março de 1971, era natural do Concelho de Macedo de Cavaleiros, mais propriamente da freguesia de Amendoeira. Era amigo e vizinho do Vila Franca.
O Casimiro emigrou para França, onde viria a falecer, por doença prolongada, ainda bastante novo. O desenlace verificou-se em 1976, deixando uma jovem viúva, que refez a sua vida, na devida altura.
O Vila Franca conhece os seus irmãos e ex-esposa, que continuam a viver em Macedo de Cavaleiros.
Mais um caso triste para acrescentar à lista dos falecidos.
Por volta das 18 Horas, chegou o momento do regresso e a promessa de um próximo encontro, agora em Macedo de Cavaleiros, terra do Vila Franca.
Ricardo Lemos