Seguindo estrada fora, apreciando a bela paisagem minhota, os seus campos verdejantes, as suas casas típicas inerentes das gentes que, além do seu trabalho específico têm uma pequena quinta para cultivar, chegámos ao café principal da freguesia onde perguntamos pelo “Manuel da Cunha”, nome por que é conhecido o Manuel Gonçalves da Costa. O apelido “Cunha” deriva da família de sua mãe.
Toda a gente conhece toda a gente, e logo encontrámos o Manuel Costa.
Demos um abraço e o Manuel Costa exclamou: “Pensei que já todos tinham
morrido”…
Rimo-nos.
Manuel Gonçalves da Costa
O “Vila Pouca” pertencia ao 3.º pelotão, sob o comando do alferes
Ravasco, e tinha a especialidade de soldado-atirador.
Após tantos anos de separação, não se lembra dos nomes dos seus colegas
de Dulombi, nem dos seus superiores.
Encontra-se na situação de “reformado” como deficiente das Forças
Armadas, com uma deficiência de 49,60% dada pelo Ministério da Defesa Nacional
do Exército Português.
Toda a vida trabalhou como empregado ocasional da Lavoura.
Casado, tem duas filhas e um filho. É avô de três netos.
Um grande abraço do “Vila Pouca” para todos os Dulombianos.
“Vila Pouca"
Como curiosidade, perguntámos ao Manuel da Costa porquê o apelido “Vila
Pouca”, já que ele morou sempre em Ponte de Lima e Vila Pouca de Aguiar fica a
cerca de 90 km
de distância.
E a resposta foi: “não sei porquê, alguns colegas do meu pelotão
começaram-me a chamar por esse apelido, talvez por confusão da minha terra
natal… e assim fiquei com essa alcunha inapropriada”.
Manuel Gonçalves da Costa
Interessante foto do fardamento usado na recruta, em 1968/69
“Vila Pouca” trajado à civil, em Dulombi.
O “Vila Pouca” deverá ter sido o único militar da Companhia 2700, que
“caiu” em duas minas A/C.
A primeira das minas foi numa patrulha à região de Jifim, realizada no
dia 10 de Agosto de 1970. Próximo daquele local foi accionada uma mina A/C,
pelo rodado traseiro dum Unimog 404, conduzido pelo condutor Alfredo Sá, do
qual resultou a morte do 1.º cabo António Carrasqueira. O “Vila Pouca” ia ao
lado do condutor e foi projectado, assim como o condutor Sá, a cerca de 10 metros de distância.
Sofreu algumas escoriações pelo corpo, tendo sido levado para Galomaro, onde
esteve alguns dias na enfermaria, regressando logo a Dulombi. Neste caso, foi
mais o susto…
Contudo, quando uma coluna que ia abastecer-se a Bafatá accionou uma
mina A/C na estrada Dulombi/Galomaro, tendo falecido o Luís Vasco Fernandes, o
“Vila Pouca” foi atingido gravemente, ficando ferido na perna direita com
fractura exposta, assim como nos braços e pescoço, tendo ficado em estado de
coma. Foi transportado de helicóptero para o Hospital Militar de Bissau, onde
ficou vários meses.
Quando a Companhia 2700 regressou à Metrópole, o “Vila Pouca” ainda
estava internado no mesmo hospital. Pouco tempo depois foi evacuado para a
Metrópole, directamente para o anexo do Hospital da Estrela, até à sua
recuperação. Daí, seguiu para a sua terra natal, onde ainda hoje vive.
O “Vila Pouca” no Hospital Militar de Bissau (1971)
Manuel Gonçalves da Costa
“Vila Pouca” em Dulombi
“Vila Pouca” acompanhado pelo António Vasconcelos Guimarães (falecido numa mina).
"Vila Pouca", Barreira e Alfredo Azevedo.
Novamente, à civil, junto ao abrigo.
NOTA: O “Vila Pouca” também pode ser visualizado nos seguintes Posts: 253,
281 e 304.
Sem comentários:
Enviar um comentário