Pela quadra natalícia troquei mensagem com o Leandro Gonçalves e com um atraso de QUARENTA E QUATRO ANOS!!! aproveitei para lhe agradecer, formalmente, o facto de, com todas as condicionantes existentes na altura, nos ter proporcionado ao longo daqueles 23 meses, refeições (3 por dia) com pontualidade, variedade, qualidade e quantidade satisfatória.
Recebi a resposta que me tocou pelo que tive necessidade de partilhar convosco a sua missiva (obviamente obtive autorização do Leandro para tal).
Já agora, e porque nunca é tarde para se fazer justiça, acho que todos nós estamos em dívida para com o Ricardo Lemos (Transportes), Hélder Coelho e José Alves (Enfermagem), João Rico (Transmissões) e Leandro Gonçalves (Economato) por cada qual, dentro da sua área, nos terem proporcionado condições de funcionalidade a roçar o excelente e bem sabemos o que por vezes tinham que "inventar" para cumprirem a sua missão.  
Amigo Fernando,
Agradeço as tuas palavras de reconhecimento
 do trabalho que eu e o meu grupo fizemos para manter minimamente 
aconchegados os estômagos de todos os nossos irmãos de armas, dadas as 
tremendas limitações a que estivemos sujeitos.
Até agora, só tu foste capaz de manifestar apreço pelo trabalho árduo e stressante mas
 muito pouco conhecido, que tivemos para conseguir colocar todos os dias
 algum alimento nas bocas de todos nós, naquele local sem recursos e 
cheio de perigos.
Poucas pessoas se terão 
apercebido dos riscos que eu e uns poucos loucos que me seguiam 
corríamos cada vez que saíamos á procura de animais (vacas) numa 
tentativa de variar de alguma forma a alimentação da nossa família no Dulombi.
As incursões em tabancas
 sem ligação por estrada em que à nossa chegada toda a população 
desaparecia. As vacas "sem dono" que abati depois de perguntar aos 
aldeões quem era o dono e obter como resposta que não sabiam (incluindo o
 proprietário das ditas). As caçadas noturnas aos coelhos nos campos de
 mancarra a vários kilometros dos aramados "protetores" de Dulombi que esporadicamente contribuíram para alguma variação de sabor nos menus.
Orgulho-me
 de ser uma pessoa  que sempre se tem pautado pela honestidade, 
integridade e de levar sempre muito a sério tudo aquilo em que me tenho 
envolvido ao longo da minha quase septuagenária vida.
Para
 que não fiquem dúvidas, nunca em caso algum deixei de pagar o justo 
valor aos aldeões que nos vendiam gado. Algumas vezes só negociavam 
depois dos animais terem sido abatidos. Não me orgulho desses feitos, 
mas não tinha qualquer alternativa pois não podia deixar que os meus 
irmãos ficassem sem proteínas por muito tempo.
Agradeço
 a todos aqueles que comigo aceitaram correr riscos enormes por picadas e
 carreiros de cabras em zonas completamente isoladas e cheias de perigos
 como todos nós sabemos.
Aos valentes que quase sempre me acompanharam naquele Unimog suicida: o
 enfermeiro, o condutor, o transmissões e o habitante local alto e 
forte, o meu mais alto reconhecimento e bem haja, por, terem arriscado 
as suas vidas em nome da amizade familiar.
Bem haja amigo e que 2017 te traga tudo de bom assim como a tua família.

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