SAUDADES
Hoje acordei com
saudades das visitas que fiz durante alguns anos e das lembranças de ter
percorrido Portugal de Norte a Sul à procura de camaradas da Companhia de
Caçadores 2700, cujos paradeiros não eram conhecidos na altura. A lista
primitiva estava muito incompleta e não actualizada e surgiu a vontade e o
tempo de participar na elaboração de um documento mais actualizado.
Tudo começou em Junho de 2011 com
uma visita do Evaristo Borges, emigrante em França, à minha residência, depois
de uma indicação dada pelo Barata sobre o seu paradeiro. Afinal éramos
fregueses da União de freguesias de Perafita, Lavra e Santa Cruz do Bispo. Começou
então, o trabalho sobre as Relíquias Fotográficas, uma recolha intensiva de
fotografias e histórias que cada um tinha no seu “baú” e colocando-as todas no
nosso site oficial. E esse trabalho prolongou-se até Janeiro de 2015!
Mas hoje acordei com saudades, com
um sentimento de mágoa e nostalgia, causado pelo desaparecimento de alguns
desses camaradas que visitei.
Mas hoje acordei com saudades…o meu
amigo se foi para sempre. No seu lugar ficaram estas saudades eternas, que
eternamente serão sentidas com muita tristeza.
Mas hoje acordei com saudades…porque
a saudade existe não porque estamos longe, mas porque um dia estivemos juntos.
Mas hoje acordei com saudades…na
minha casa da memória, que é uma cabana pequenina a um canto do coração.
Então, vou “matar as saudades”
percorrendo a:
E a 1.ª rua da saudade chamou-se
Nossa Senhora de Fátima, quando fiz uma visita ao meu amigo ex-soldado atirador
do 1.º pelotão Fernando da Costa Ramos. Almoçámos num restaurante em Vila do
Conde. Passeámos pelas ruas da cidade…Até as danças de salão partilhámos, pois
o Ramos gostava desta actividade. Mas a doença chegou e o Ramos partiu…e os
sinos tocam de um modo muito diferente do normal quando um amigo morre!
Eternas saudades, Ramos…
E a 2.ª rua da saudade chamou-se Rua
S. Cipriano, quando fiz uma visita ao meu amigo ex-soldado atirador do 4.º
pelotão José da Silva Ribeiro, acompanhado pelo Rodrigues condutor para os
lados de Tabuadelo.
O José Ribeiro já na altura andava
bastante doente, com AVC múltiplos desde 2002, chegando ao ponto de ter de
amputar a perna esquerda.
A notícia do seu falecimento chegou
através do camarada Rodrigues e, mais uma vez, a saudade bateu à minha porta.
Ainda há pouco tempo lá tinha estado!
Eternas saudades, José…
E a 3.ª rua da saudade chamou-se Rua
Guardão, quando fiz uma visita ao meu amigo ex-soldado atirador do 1.º pelotão
David Coelho Jorge, e ajudante dos mecânicos da Companhia.
Com a sua simplicidade me acolheu na
sua casa, na companhia da sua simpática esposa, Lembro-me perfeitamente de
subirmos uma pequena rua para lhe oferecer o cafezinho da manhã. Nessa altura
notei que o meu amigo David ficou muito ofegante apenas pela distância
percorrida desde a sua residência até ao café mais próximo. O David
confessou-me, então, que era do tabaco, pois fumava muito.
Na altura do seu aniversário
telefonei-lhe. Atendeu-me a esposa, pesarosa, pois já não lhe podia dar os
parabéns…tinha falecido há dias! O meu coração ficou triste, o David tinha
partido…
Eternas saudades, David…
E a 4.ª rua da saudade chamou-se Rua
de Mosteiros, quando fiz uma visita ao meu amigo ex-alferes atirador do 1.º
pelotão Carlos Manuel da Silva Tavares Correia e, aos 65 anos de idade,
Tenente-coronel do Exército.
Recebeu-me, afectuosamente na sua
residência no Entroncamento. Teve a gentileza de, pessoalmente, na sua típica
sala rústica, nos cozinhar um delicioso cozido à portuguesa. Foi uma tarde
maravilhosa e, no nosso regresso ainda nos ofereceu umas garrafas de bom vinho
da sua colheita e ainda umas garrafinhas de jeropiga.
Algum tempo depois, as notícias da sua
débil saúde foram chegando através do camarada Timóteo. E lá chegou o triste
dia da notícia do seu falecimento. O meu coração tornou a ficar triste…
Eternas saudades, Carlos…
E a 5.ª rua da saudade chamou-se Rua de
Carral, quando fiz uma visita ao meu amigo ex-1.º cabo estofador-correeiro,
pertencente aos quadros da CCS de Galomaro, Adriano Martins Ferreira.
Aquando da minha visita aos meus
camaradas de Lourosa e Paços de Ferreira, fui presenteado pela cativante
cordialidade do camarada Adriano, tendo a honra de ser recebido à porta do
restaurante S. Domingos, em Carvalhosa, e ser presenteado com um lauto almoço,
na companhia de sua esposa, filhos, genros e netos.
Na altura, o Adriano andava bem de
saúde, apesar de já ter efectudo uma intervenção cirúrgica ao coração.
Eternas saudades, Adriano…
E a 6.ª rua da saudade chamou-se Rua
da Quelha, quando fiz uma visita ao meu amigo ex-1.º cabo enfermeiro, José
Porfírio Gaspar.
Nas férias de Agosto de 2016, a
convite do Gaspar, fomos até Unhais da Serra tendo sidos recebidos gentilmente
pelo Gaspar e pela sua esposa D. Amália. Visitámos o “Café Gaspar”, situado à
berma da Estrada Nacional, que recentemente tinha sido trespassado e, segundo o
Gaspar, estava na hora de gozar a reforma e assim ter a possibilidade de dar
uns passeios por terras mais distantes.
Almoçámos no famoso restaurante “As Thermas” e
passeámos por Unhais da Serra.
Agora sei que o Gaspar já devia estar
doente, mas ninguém sabia…
A triste notícia chegou pelo Barata:
“Lemos, faleceu o Gaspar devido a uma
septicemia”.
Duas semanas antes
do seu falecimento o Gaspar tinha-me telefonado a dar o seu novo e-mail, para
contactos futuros! Tudo muito rápido…
Desta vez o meu coração tremeu e entristeceu-se
de saudades…mais um amigo tinha partido de repente, depois de promessas de
visitas recíprocas!
Eternas saudades, Gaspar…