Tudo
começou há nove anos, com uma viagem à Guiné-Bissau para “conhecer a África
negra, que toda a gente dizia que é maravilhosa”. Mas o que Gil Ramos ainda não
sabia é que essa aventura iria transformar-se numa missão humanitária que o
levaria a construir uma creche no meio de uma aldeia remota, onde o pai esteve
mobilizado nos anos da Guerra do Ultramar.
Gil
Ramos e o primo, Ricardo, acabaram por rumar a Dulombi, um povoado tribal em
Galomaro, na região de Bafatá, de que ouviam desde crianças, através das
histórias que Fernando Ramos contava sobre os dois anos que ali passou. Entre
vários episódios, o ex-militar recordava as infraestruturas que tinha ajudado a
construir, como o quartel, uma escola, uma ponte, um poço.
Uma
visita ao precário hospital de Galomaro, em 2010, “foi o clique” que levou os
primos a lançarem uma iniciativa solidária de recolha de material para a
unidade e a criarem a Missão Dulombi, que a partir de 2013 começou a dedicar-se
também à construção do jardim-de-infância, com a ajuda dos voluntários que
seguem nas expedições.
ABRE EM NOVEMBRO
A
primeira pedra foi lançada nesse ano por Fernando Ramos, entretanto falecido. O
seu nome, esse, ficou gravado no edifício, numa homenagem ao homem que nunca
esqueceu aquele lugar inóspito e que ajudou a erguer ali mais um equipamento.
Em
Fevereiro, Gil Ramos iniciou a 18.ª expedição a Dulombi, que pode ser
acompanhada na página de Facebook “Missão Dulombi”. Percorreu os mais de cinco
mil quilómetros desde Árvore, freguesia de Vila do Conde onde reside, até à
aldeia guineense para aprontar cozinha e casa de banho da habitação que servirá
de apoio aos “ três a quatro voluntários” que inicialmente ajudarão na gestão
da creche, cuja abertura está prevista para Novembro.
Ao
lado, foram ainda construídos quatro bungalows para alojar expedicionários que
pretendam ajudar Dulombi.
As
gentes da aldeia agradecem-lhe. “Disseram-me: «o seu pai esteve cá em tempo de
guerra e construiu um quartel, e tu vens para cá em tempo de paz construir uma
escola».
(Notícia inserta no Jornal de Notícias de 3 de Março 2019)
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