terça-feira, 17 de março de 2020

P769: PALESTRA DO AMÉRICO ESTANQUEIRO

Com a devida vénia ao site TERRAS DA RIBEIRINHA (htpps://terrasdaribeirinha.wordpress.com), transcrevo a reportagem sobre a conferência dada pelo Estanqueiro, no dia 2 de Fevereiro, no Auditório da Junta de Freguesia de Maçãs de D. Maria.

"Memória da Guerra Colonial"

Memória da Guerra Colonial é o título de um livro/catálogo sobre uma exposição de fotografias, editado em 2007 pela Fundação Mário Soares, da autoria de Américo Estanqueiro, ilustre “filho” de Maçãs de Dona Maria.
Américo da Conceição Estanqueiro, de seu nome completo, nasceu no lugar das Vendas de Maria, vila de Maçãs de Dona Maria, a 15 de Abril de 1947, filho de António Simões Estanqueiro e de Josefina Maria da Conceição.
Américo Estanqueiro aprendeu as primeiras letras na antiga escola primária de Vendas de Maria, onde concluiu o ensino primário. Depois estudou nos colégios Vera Cruz em Alvaiázere e Infante de Sagres, Avelar, no concelho de Ansião. Por razões económicas familiares abandonou os estudos e foi trabalhar como mecânico têxtil na Fiandeira de Avelar, para poder regressar ao mundo escolar.
Em 1968 vai cumprir o serviço militar obrigatório. Aqui, ofereceu-se para tirar a especialidade de Foto-cine, mas não foi aceite. Américo Estanqueiro atribui esta aceitação ao facto de ter colocado na ficha de inscrição, na área da religião, a palavra «ateu»; como sabemos, em Portugal, todos tinham que ser católicos, pois era a religião oficial do regime. Como a pretensão não foi atendida é nomeado para tirar a especialidade de Atirador. Com esta especialidade, e no posto de Furriel, embarca no navio Carvalho Araújo a 24 de Abril de 1970 com destino à Guiné-Bissau, regressando a Portugal no dia 22 de Março de 1972. Neste período de tempo, por gosto, pelas constantes solicitações e, porque não dizê-lo, por razões económicas, foi registando fotograficamente tudo o que se passava à sua volta. Foram os momentos de lazer dos soldados, os nativos, as caçadas, mas também a parte mais dolorosa, as chamadas imagens “proibidas”: os soldados feridos, os mortos em combate e os caixões alinhados. Segundo o autor, o material fotográfico foi quase todo deitado para o lixo; no entanto, ainda guardou algum espólio:“Guardei o que me pareciam documentos que mostrassem o que lá se passou, o que ali se viveu…”
A partir desta experiência, Américo Estanqueiro nunca mais deixou o mundo da imagem, dedicou-se cada vez mais a estudar e a desenvolver as técnicas fotográficas. Teve um estúdio de fotografia na Estrada da Damaia (Lisboa) e o “Estúdio 76”, em Figueiró dos Vinhos. Depois foi trabalhar para o “Laboratório Fotográfico del Este”, Caracas, Venezuela. Regressado a Lisboa vai trabalhar com o seu irmão António na “Foto Industrial”. Entretanto toma a decisão de abrir em Alcobaça um “Centro Fotográfico” e, dois anos mais tarde, regressa à empresa do seu irmão a “Foto Industrial 2”, em Lisboa, onde se manteve até se reformar.
Sobre este catálogo, Memória da Guerra Colonial, apraz-nos dizer que o prefácio é do ex-Presidente da República, Dr. Mário Soares, a apresentação de Alfredo Caldeira e as notas biográficas sobre o fotógrafo, Américo Estanqueiro, são de José Pessoa. Comecemos pelas palavras do prefaciador deste livro/catálogo da exposição, inaugurada a 12 de Novembro de 2007. Diz o Dr. Mário Soares que este evento é baseado nas imagens do nosso conterrâneo Américo Estanqueiro e teve como objectivo manter viva “a memória da guerra colonial – a memória concreta que esta exposição apresenta – estamos a “revisitar” esses tempos e, segundo espero, a retirar as lições de tais acontecimentos e dos sofrimentos que a guerra provocou em todos nós.” Já o coordenador da exposição, Alfredo Caldeira, refere que “Ao evocar, através desta exposição de fotografias de Américo Estanqueiro, a Memória da Guerra Colonial, a Fundação Mário Soares pretende, mais uma vez, dar voz aos protagonistas e assinalar momentos marcantes da nossa História recente, documentando-os com os necessários elementos de contextualização.”
Memória da Guerra Colonial é um notável livro/catálogo sobre a exposição fotográfica apresentada na Fundação Mário Soares, em Lisboa. É composto por interessantes fotografias que nos ilustram momentos vividos pela Companhia de Caçadores 2700 do Exército português na Guiné-Bissau, da autoria do nosso amigo Américo Estanqueiro, oriundo do Norte do Distrtito de Leiria, que ajudam a reflectir sobre este período negro da História recente de Portugal.
Descrição:
Título: Memória da Guerra Colonial
Autor: Américo Estanqueiro
Ano: 2007
Edição: 1ª
Edição: Fundação Mário Soares
Páginas: 72

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