segunda-feira, 25 de maio de 2020

P779: O CAMÕES DA MADALENA

Esta história tem quase 50 anos e foi-me há pouco tempo rememoriada pelo Almeida.
A determinada altura o PIFAS (Rádio das Forças Armadas na Guiné) pôs no ar um concurso de poesia em que o vencedor tinha direito a uma viagem de avião à Metrópole com 30 dias de licença.
Perante desafio tão aliciante tratou logo o Almeida de afiar o lápis e inspirando-se nos Lusíadas pôs-se a versejar.
Rezava assim:

"ASSIM FALA ESTE POVO NEGRO E BOM
QUE TEM EM SI MARAVILHAS NATURAIS
TEM O SANGUE PORTUGUÊS NO CORAÇÃO
E QUER SER PORTUGUÊS CADA VEZ MAIS"

Como para mim tal não fazia sentido já que, desde logo o primeiro dia de contacto com a população, ainda  dentro do navio, foi para mim um choque verificar que os estivadores que se encontravam no Cais de Pdjiguiti tinham o seu próprio dialecto do qual eu não conseguia decifrar uma única palavra. Depois já em Dulombi verifiquei as condições sub-humanas em que a nossa população vivia e que portanto teriam todo o direito a lutar pela sua melhoria, tal, levou-me a discordar do sentido do poema do "Camões da Madalena". Passados estes anos todos perdoa-me Almeida por te ter cortado a hipótese de vires à Metrópole à borla!!! 

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