quarta-feira, 15 de junho de 2022

P901: OUTRAS HISTÓRIAS

Quase sempre que marca presença nos nossos Encontros o nosso Comandante, Coronel Carlos Gomes, desloca-se de Lisboa até Coimbra, utilizando como meio de transporte o comboio. Aqui o aguardo e lá partimos nós rumo ao local da nossa concentração.

Durante a viagem, tempo para conversarmos sobre os mais diversos temas, que vão desde a actualidade política, futebol, maleitas que nos apoquentam até a incidências durante aqueles 23 meses de Guiné.

Numa dessas viagens fui surpreendido com o que para mim foi uma grande surpresa.

Revelou-me que durante o período em que estivemos em Bissau, isto é, entre 1 e 4 de Maio teve uma reunião com o General Spínola, tendo este prometido, ao nosso Capitão, que a nossa Companhia estaria em Dulombi durante mais ou menos um ano regressando após essa data a Bissau.

Qual a razão de tal prémio?

Como sabeis, com a retirada da Companhia que se encontrava em Madina do Boé (retirada trágica, tendo falecido 47 militares afogados no rio Corubal) Dulombi passaria a ser a Companhia tampão em relação às investidas do inimigo proveniente da Guiné Conacri, visando ataques quer a Galomaro quer a Bafatá.

Perante este panorama, Spínola previa que nós passaríamos a ser frequentemente flagelados bem como atacados tendo assim vida extremamente difícil rapidamente chegando à exaustão pelo que ao fim de um ano de comissão teríamos que ser rendidos e vir recuperar para o "paraíso" de Bissau.

É minha convicção que para tal não ter acontecido, pois estoicamente aguentámos os 23 meses em Dulombi, se deveu ao facto, de logo, no início o nosso Comandante não "ter brincado em serviço", cumprindo rigorosamente, de 15 em 15 dias, as operações pré-estabelecidas, bem como nos intervalos termos procedido a pequenos patrulhamentos e tal procedimento terá colocado os guerrilheiros do PAIGV na retranca, pois certamente teriam informação das nossas actividades.

E lá se foi o anito de férias em Bissau!!!

1 comentário:

Unknown disse...

Li atentamente este teu post e apenas comento o seguinte:
Não disponho de dados que me permitam avaliar se os "turas" tiveram respeito pela nossa operacionalidade ou se pura e simplesmente o que lhes interessava era correr com os "brancos" da outra margem do rio ou seja de Madina do Boé. Esta ultima hipótese parece-me a mais normal. Pensar que eles queriam continuar a ganhar terreno como pensou o Spínola, agora a distância, vemos que não era esse o objectivo