quarta-feira, 25 de março de 2009
P110: PERNINHAS DE RÃ
Quando éramos jovens o amigo RUSSO dizia-me: "qualquer dia vou arranjar um petisco com umas perninhas de rã" e perguntou-me se eu queria comer. Para não sofrê-lo ia dizendo que sim.
Certo dia aparece-me o amigo RUSSO e diz-me: "já tenho as perninhas, vou arranjá-las". Decidi ir ver como era. Já o RUSSO tinha uma fogueira junto ao abrigo 3, um tacho cheio de pernas (acreditei que eram de rãs e não sapos) uma frigideira e toca a cortar rodelas de cebolas. Frigideira para o lume, azeite e sei lá mais o quê, vamos mexendo até aloirar a cebola, mas houve um imprevisto no cozinhado. Começaram a rebentar munições por baixo da fogueira. A mesma foi acesa junto á HK21 e as balas que caiam no meio do pó ninguém as apanhava, mudou-se a fogueira e o cozinhado continuou. Uns minutos passados olho para a perna do RUSSO, escorria sangue vindo de baixo dos calções, levantou os calções e lá estava uma bala espetada, tirou-a e disse-me que não era nada.
Cozinhado pronto e lá fomos para a messe, havia mais convidados mas não me lembro deles, estávamos petiscando quando chegou o amigo ESTANQUEIRO, perguntou o que estávamos comendo, dissemos que eram perninhas de pombo, pediu autorização para se sentar, dissemos que a multa era uma rodada de bazukas. Como vinha com apetite atirou-se em força. Depois do repasto, que estava bom, perguntámos ao ESTANQUEIRO: "então, não gostavas de pernas de rã?"
Ele bem queria vomitar, mas o estômago aceitou o manjar tão bem que foi impossível deitá-lo fora.
Naquele dia aprendi que daquilo que gostamos dificilmente deitaremos fora.
Um abraço
Timóteo
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