segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

P553: RESCALDO DAS RELÍQUIAS FOTOGRÁFICAS - PARTE I (RICARDO LEMOS)


Certo dia o Fernando Barata mostrou-me interesse em publicar, no nosso Blog, um post tendo como tema o célebre “Café Borges”, do nosso escriturário em Dulombi. Então, perguntou-me se tinha fotos desse estabelecimento e se sabia um pouco da história sobre esse local de encontro dos nossos combatentes, onde se ia beber um cafezinho acompanhado pelo bagaço, ou beber umas “bazucas” fresquinhas enquanto se batiam as cartas para um jogo de sueca. Para além disso, também se podia comprar no dito café, cigarros e novidades que iam aparecendo em Dulombi.

Assim, e com o objectivo de ajudar o Barata neste seu objectivo, telefonei ao Evaristo Borges, a viver em França, para me esclarecer e contar a história do seu famoso Café. Qual a minha surpresa quando o nosso camarada me disse que tinha residência em Perafita – Matosinhos, cidade onde moro e que brevemente viria a Portugal passar as suas férias habituais. Quem diria?

Chegado o momento do encontro, o Borges trouxe-me um “maço” de fotos de Dulombi, além de me contar, com pormenor, a sua história do Café, desde a sua construção até à sua destruição por um incêndio criminoso!

Escolhi algumas fotos e mandei-as ao Fernando Barata para publicação no nosso blogue, pois assim, ia ao encontro das suas solicitações, para o ajudar a dar notícias sobre Dulombi: as passadas ou as recentes.

E assim nasceram as Relíquias Fotográficas – RF’s – visto que tive a ideia de visitar colegas que morassem na minha zona e pedir-lhes também fotos de Dulombi que estivessem guardadas no “baú” das recordações.

Lembrei-me logo do Maciel e do Marinho Alves do 4.º pelotão, que também moravam em Matosinhos, e do Magalhães Pires do 3.º pelotão, que, como feirante, fazia a Feira de Custóias – Matosinhos.

O primeiro tema foi publicado no Post n.º 240 – Relíquias Fotográficas do Evaristo Borges. http://dulombi.blogspot.pt/2011/06/p229-reliquias-fograficas-do-evaristo.html

Fui alargando a ideia pelo distrito do Porto: Maia (Armindo e Almeida, ambos carpinteiros), Ermesinde (Folhadela e Madureira), Porto (Paiva condutor, Júlio Machado e Cunha Pereira), Vila Nova de Gaia (Teodoro, Almeida, Rodrigues e Mota), Vila da Feira (Silva Soares, Correia e Espírito Santo), Famalicão (Manuel Azevedo, Sá condutor e Carneiro Azevedo), Póvoa de Varzim (Meirim), Vila do Conde (Ramos e Cardoso Almeida) e Ovar (Leitão da Silva). Obtive assim 24 RF’s, que foram enriquecendo o nosso blogue com recordações que se encontravam espalhadas pelo distrito do Porto.

Pensei que tinha realizado o meu trabalho. Mas tive algumas dificuldades em encontrar certos elementos visto que a Lista de Combatentes da 2700, elaborada pelo Timóteo, estava muito desactualizada e com muitas faltas e erros. Apesar de ser composta por 153 nomes de camaradas, muitos estavam “desaparecidos”, com direcções erradas, outros tinham emigrado – sabíamos lá para onde? etc., etc…

Então, o meu trabalho já não consistia somente em procurar fotos – recordações de Dulombi, mas também reorganizar a nossa lista de Combatentes, iniciada pelo Timóteo e procurar elementos da Companhia que, até então, ninguém sabia do seu paradeiro – e ainda eram bastantes! Basta dizer que a nossa lista actual contém 186 nomes de camaradas e, exceptuando 2 elementos, todos têm as suas direcções e contactos actualizados, salvaguardando os já falecidos.

Dos 24 encontros com os camaradas acima mencionados, quase todos foram realizados ou à mesa de um café ou nas residências dos próprios, muitas vezes com a oferta generosa de um lanche de boas vindas e de amizade.

Apenas o Leitão da Silva não me pode receber. Com simpatia, foi a esposa a se encontrar comigo e a recordarmos a Guiné. O Ramos, de Vila do Conde, teve a gentileza de me convidar para um jantar a quatro, num óptimo restaurante de Vila do Conde e, mais tarde, tivemos um encontro na sua residência, com jantar, onde outros camaradas foram convidados, tendo como assunto principal a 1.ª viagem a Dulombi, organizada pelo seu filho Gil.

Mas a “cerejeira” estava cheia de “frutos” e eu só tinha recolhido 24 desses frutos. Então pensei: vou continuar as pesquisas pelo Norte do Pais, aproveitando para dar uns passeios e assim obter mais fotos de Dulombi, visitar amigos-combatentes de Dulombi há muito tempo esquecidos e reorganizar a lista de combatentes do Timóteo ainda muito incompleta.

Assim pensei, assim o fiz.

(Continua num próximo POST)

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