Com 109 Relíquias Fotográficas conseguidas e descritas nos temas anteriores, falta apenas narrar as peripécias por que passei até encontrar os três camaradas emigrados em falta, para concluir as RF’s conseguidas através do correio normal e via electrónica, sem antes ter de me deslocar aos locais indicados por diversas fontes até chegar ao contacto dos elementos procurados.
Temos o caso do Arlindo Ferreira Gonçalves.
Nas publicações das Relíquias Fotográficas no nosso Blogue, aparecia de quando
em vez, um camarada com a alcunha de “Boticas”.
Ora,
Boticas, é uma vila portuguesa do Alto Trás-os-Montes, fazendo fronteira com
Montalegre, Chaves, Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena e Cabeceiras de
Basto.
Entretanto,
não sabíamos que o “Boticas” era o Arlindo Ferreira Gonçalves. Tive a
informação que o Arlindo tinha residência em Viseu, já não morando em Boticas
há muito tempo. Depois soube que tinha emigrado para a Alemanha. Este é um caso
que não posso descrever como o encontrei, pois já não me lembro. Como consegui
o número de telefone da Alemanha? Vagamente, recordo-me que talvez fosse o
Fernando Fernandes que mora a cerca de 30 km de Frankfurt, onde reside o Arlindo, que
mo conseguiu arranjar.
Conheci
o “Boticas” quando veio de férias a Portugal, e aterrou no Aeroporto Sá
Carneiro, no Porto. Vinha acompanhado de sua filha e esperava-o um irmão. À
mesa de um café do aeroporto, dialogamos sobre a “Vida”, tirámos umas fotos, e
o Arlindo seguiu viagem para a sua “Viseu”, já que Boticas, foi onde nasceu.
Um
abraço, Arlindo, pela simpatia com que fui recebido.
Relativamente
ao Fernando Fernandes, a primeira informação que tive foi do Maciel. Este tinha
uma direcção de Viseu, nomeadamente de Silgueiros.
Nas
minhas viagens de Janeiras e Reis como apreciador destes costumes, em Janeiro
de 2012 ou 2013 fui até Passos de Silgueiros assistir ao Encontro das Janeiras
organizado pelo Grupo Etnográfico da freguesia.
Ora,
aproveitei para fazer averiguações sobre o Fernando Fernandes, nomeadamente
junto do meu amigo Inspector Lopes Pires, conhecedor profundo das gentes de
Silgueiros. Só que fui informado que havia várias freguesias com o nome de
Silgueiros. O Senhor Inspector sugeriu-me que o melhor seria perguntar ao
“Homem Correio” da terra, mais conhecedor das pessoas das aldeias. Pois foi
este Senhor, cujo nome já me varreu, que descobriu, pelos dados fornecidos por
mim, que havia um Fernando Fernandes emigrado na Alemanha, mas que morava na
freguesia de Silgueiros de Bodiosa, e que tinha uma residência nessa freguesia.
Por este processo consegui o número de telefone do Fernandes e quando
telefonei…era mesmo ele.
Por
último, temos o caso do Valdemar Ferreira. As listas do Timóteo indicavam uma
direcção de Chaves. Lá arranjei o telefone dessa direcção e o atendimento foi feito
por uma sua irmã. Mas não consegui o contacto do Valdemar, visto que não obtive
a confiança por parte dos seus familiares. Talvez pensassem que os objectivos
do meu telefonema fossem outros. Então, pedi a colaboração do Manuel Parada,
morador nas terras das “bruxarias”, para ir pessoalmente à residência da irmã,
para explicar os objectivos das minhas pesquisas. Assim consegui saber a
direcção e o contacto telefónico do Valdemar, cuja família mora em Castro D’Aire,
estando ele, nessa altura, na Suíça, como emigrante.
Fui
muito bem atendido pelo Valdemar, já que ele não tinha contactos com elementos
da 2700. Já regressou definitivamente a Portugal.
Algumas
das RF’s foram conseguidas com a ajuda de terceiros:
Fernando
Barata: Tratou das RF’s do Fernandino da Silva
Almeida, do Henrique Manuel da Rocha Soares, do José Orlando Vicente, do Manuel
Carlos Candeias Ravasco, do Carlos Manuel Oliveira Costa e das suas próprias
RF’s.
Manuel
Ventura: Tratou, a meu pedido, das RF’s do cozinheiro
Patão, com residência
em Lagos. Obrigado
Ventura, pela colaboração prestada.
Trabalhei
seguidamente em casos de camaradas que não faziam parte da lista do Timóteo,
mas faziam parte da lista de embarque do Carvalho Araújo. Não sei por que razão
os pioneiros desta lista não os colocaram ou não os procuraram ou ainda por que
não os encontraram.
Também
segui o rasto de camaradas que não respondiam às cartas do Timóteo ou estas vinham
devolvidas por desconhecimento do seu paradeiro.
Tenho
onze pesquisas realizadas nestas circunstâncias ao longo de muitos meses e, cada
uma, com a sua história:
1.
Alfredo Azevedo - Amares
Foi em Janeiro de 2012 que segui rumo a Amares para tentar saber
notícias do Alfredo Azevedo, já que as cartas que o Timóteo enviava vinham
sempre devolvidas. No primeiro café que encontrei, parei e perguntei pelo
Alfredo. Por coincidência, aí se encontrava um seu irmão a jogar uma partida de
sueca com os amigos. E a infeliz notícia veio logo a seguir: O Alfredo tinha
falecido em Agosto de 2007, em França.
A notícia foi publicada no nosso Blogue.
2. António
Joaquim Rodrigues Torres - Arcos de Valdevez.
Resolvi dar um passeio até Arcos de
Valdevez. Depois de visitar esta belíssima vila raiana do distrito de Viana do
Castelo, segui rumo ao lugar de Casal do Vale. Era um Domingo. O lugar parecia
um deserto. Pelas suas sinuosas vielas encontrei finalmente um habitante.
Aproveitei a oportunidade para perguntar pelo Torres. Sorte a minha: tinha
estacionado o Jipe a 10
metros da casa da mãe do Torres. Esse amigo apresentou-me
à D. Maria Rodrigues, mas a desconfiança demonstrada pela D. Maria foi notória.
Contudo, como ia acompanhado pela minha esposa e por um habitante da aldeia, o
diálogo foi possível. Logo mostrei fotografias do Torres e a confiança subiu ao
ponto de a D. Maria Rodrigues nos convidar para jantar. No início a D. Maria
não tinha o telefone do filho nem a sua direcção, mas no final da visita, lá mo
arranjou. Não consegui fotos recentes do Torres. Já o contactei várias vezes. Está
emigrado na Bélgica. Espero que me envie uma foto recente.
Talvez,
um dia, o encontre de férias em Portugal….
3. Manuel
Gonçalves da Costa, “Vila Pouca” - Ponte de Lima
Este nosso camarada não se encontrava nas
listas do Timóteo, apenas era mencionado na lista de embarque do Carvalho
Araújo.
Sendo assim, não fazia a mínima ideia onde
morava.
Por
outro lado, nas fotos que iam aparecendo nas RF’s, aparecia um camarada com a alcunha
de “Vila Pouca”.
Afinal
o “Vila Pouca” era o Manuel Gonçalves da Costa.
Com
a preciosa colaboração do saudoso Tenente-Coronel Correia e através do número
mecanográfico, consegui saber a residência do “Vila Pouca”, aquando da sua
partida para a Guiné. Talvez morasse no mesmo lugar!
Segui
rumo a Ponte de Lima, mais propriamente à freguesia de Vitorino de Piães, com a
esperança de o encontrar.
Fui
bem sucedido e logo demos um abraço, exclamando o Manuel Costa: “Pensei
que já todos tinham morrido”… pois há mais de 40 anos que não tinha
notícias da 2700.
Como curiosidade, perguntei ao
Manuel da Costa porquê o apelido “Vila Pouca”, já que ele morou sempre em Ponte
de Lima e Vila Pouca de Aguiar fica a cerca de 90 km de distância!
E a resposta foi: “não sei
porquê, alguns colegas do meu pelotão começaram-me a chamar por esse apelido,
talvez por confusão da minha terra natal… e assim fiquei com essa alcunha
inapropriada”.
4. Delmar
M. Sobreira, “Faiões” - Chaves
Nas
fotos que iam aparecendo, aquando das publicações das RF’s, de quando em vez
aparecia o nome “Faiões”. Mas quem era o “Faiões”?
Ora,
Faiões, é uma freguesia do Concelho de Chaves.
Acabei
por descobrir que o “Faiões” era o Delmar M. Sobreira, natural da freguesia de
Faiões. O Delmar também não vinha nas listas do Timóteo. Obtive informações
sobre o Delmar através dos camaradas a viverem em Chaves, nomeadamente o Elias
e o Parada. Soube então que o Delmar tinha falecido num brutal desastre de
motorizada contra um camião.
Foi
mais uma triste notícia obtida nestas pesquisas.
5. Joaquim
Azevedo Costa, “Reguila" - Trofa
Este
nosso camarada também não se encontrava na lista do Timóteo. A primeira
informação foi-me dada pelo Maciel. Segundo o Maciel este nosso camarada tinha
falecido num desastre quando se dirigia para Fátima. Certo dia, o Fernando
Barata recebeu um e-mail de seus familiares, depois de terem visto o nosso
Blogue e o nome dele. O falecimento do Joaquim Costa afinal foi devido a uma
grave doença de estômago, tendo falecido em Agosto de 1980.
Continuarei
no próximo capítulo, já que o tema de hoje vai longo.
Até
à data foram descritas 121 RF’s.
Até
breve.
Sem comentários:
Enviar um comentário