terça-feira, 7 de abril de 2015

P564: RESCALDO DAS RELÍQUIAS FOTOGRÁFICAS (V PARTE)


            Com 109 Relíquias Fotográficas conseguidas e descritas nos temas anteriores, falta apenas narrar as peripécias por que passei até encontrar os três camaradas emigrados em falta, para concluir as RF’s conseguidas através do correio normal e via electrónica, sem antes ter de me deslocar aos locais indicados por diversas fontes até chegar ao contacto dos elementos procurados.
Temos o caso do Arlindo Ferreira Gonçalves. Nas publicações das Relíquias Fotográficas no nosso Blogue, aparecia de quando em vez, um camarada com a alcunha de “Boticas”.
Ora, Boticas, é uma vila portuguesa do Alto Trás-os-Montes, fazendo fronteira com Montalegre, Chaves, Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena e Cabeceiras de Basto.
Entretanto, não sabíamos que o “Boticas” era o Arlindo Ferreira Gonçalves. Tive a informação que o Arlindo tinha residência em Viseu, já não morando em Boticas há muito tempo. Depois soube que tinha emigrado para a Alemanha. Este é um caso que não posso descrever como o encontrei, pois já não me lembro. Como consegui o número de telefone da Alemanha? Vagamente, recordo-me que talvez fosse o Fernando Fernandes que mora a cerca de 30 km de Frankfurt, onde reside o Arlindo, que mo conseguiu arranjar.
Conheci o “Boticas” quando veio de férias a Portugal, e aterrou no Aeroporto Sá Carneiro, no Porto. Vinha acompanhado de sua filha e esperava-o um irmão. À mesa de um café do aeroporto, dialogamos sobre a “Vida”, tirámos umas fotos, e o Arlindo seguiu viagem para a sua “Viseu”, já que Boticas, foi onde nasceu.
Um abraço, Arlindo, pela simpatia com que fui recebido.
Relativamente ao Fernando Fernandes, a primeira informação que tive foi do Maciel. Este tinha uma direcção de Viseu, nomeadamente de Silgueiros.
Nas minhas viagens de Janeiras e Reis como apreciador destes costumes, em Janeiro de 2012 ou 2013 fui até Passos de Silgueiros assistir ao Encontro das Janeiras organizado pelo Grupo Etnográfico da freguesia.
Ora, aproveitei para fazer averiguações sobre o Fernando Fernandes, nomeadamente junto do meu amigo Inspector Lopes Pires, conhecedor profundo das gentes de Silgueiros. Só que fui informado que havia várias freguesias com o nome de Silgueiros. O Senhor Inspector sugeriu-me que o melhor seria perguntar ao “Homem Correio” da terra, mais conhecedor das pessoas das aldeias. Pois foi este Senhor, cujo nome já me varreu, que descobriu, pelos dados fornecidos por mim, que havia um Fernando Fernandes emigrado na Alemanha, mas que morava na freguesia de Silgueiros de Bodiosa, e que tinha uma residência nessa freguesia. Por este processo consegui o número de telefone do Fernandes e quando telefonei…era mesmo ele.
Por último, temos o caso do Valdemar Ferreira. As listas do Timóteo indicavam uma direcção de Chaves. Lá arranjei o telefone dessa direcção e o atendimento foi feito por uma sua irmã. Mas não consegui o contacto do Valdemar, visto que não obtive a confiança por parte dos seus familiares. Talvez pensassem que os objectivos do meu telefonema fossem outros. Então, pedi a colaboração do Manuel Parada, morador nas terras das “bruxarias”, para ir pessoalmente à residência da irmã, para explicar os objectivos das minhas pesquisas. Assim consegui saber a direcção e o contacto telefónico do Valdemar, cuja família mora em Castro D’Aire, estando ele, nessa altura, na Suíça, como emigrante.
Fui muito bem atendido pelo Valdemar, já que ele não tinha contactos com elementos da 2700. Já regressou definitivamente a Portugal.

Algumas das RF’s foram conseguidas com a ajuda de terceiros:

Fernando Barata: Tratou das RF’s do Fernandino da Silva Almeida, do Henrique Manuel da Rocha Soares, do José Orlando Vicente, do Manuel Carlos Candeias Ravasco, do Carlos Manuel Oliveira Costa e das suas próprias RF’s.

Manuel Ventura: Tratou, a meu pedido, das RF’s do cozinheiro Patão, com residência em Lagos. Obrigado Ventura, pela colaboração prestada.

Trabalhei seguidamente em casos de camaradas que não faziam parte da lista do Timóteo, mas faziam parte da lista de embarque do Carvalho Araújo. Não sei por que razão os pioneiros desta lista não os colocaram ou não os procuraram ou ainda por que não os encontraram.
Também segui o rasto de camaradas que não respondiam às cartas do Timóteo ou estas vinham devolvidas por desconhecimento do seu paradeiro.
Tenho onze pesquisas realizadas nestas circunstâncias ao longo de muitos meses e, cada uma, com a sua história:

1.      Alfredo Azevedo - Amares

Foi em Janeiro de 2012 que segui rumo a Amares para tentar saber notícias do Alfredo Azevedo, já que as cartas que o Timóteo enviava vinham sempre devolvidas. No primeiro café que encontrei, parei e perguntei pelo Alfredo. Por coincidência, aí se encontrava um seu irmão a jogar uma partida de sueca com os amigos. E a infeliz notícia veio logo a seguir: O Alfredo tinha falecido em Agosto de 2007, em França.
A notícia foi publicada no nosso Blogue.           

2. António Joaquim Rodrigues Torres - Arcos de Valdevez.

     Resolvi dar um passeio até Arcos de Valdevez. Depois de visitar esta belíssima vila raiana do distrito de Viana do Castelo, segui rumo ao lugar de Casal do Vale. Era um Domingo. O lugar parecia um deserto. Pelas suas sinuosas vielas encontrei finalmente um habitante. Aproveitei a oportunidade para perguntar pelo Torres. Sorte a minha: tinha estacionado o Jipe a 10 metros da casa da mãe do Torres. Esse amigo apresentou-me à D. Maria Rodrigues, mas a desconfiança demonstrada pela D. Maria foi notória. Contudo, como ia acompanhado pela minha esposa e por um habitante da aldeia, o diálogo foi possível. Logo mostrei fotografias do Torres e a confiança subiu ao ponto de a D. Maria Rodrigues nos convidar para jantar. No início a D. Maria não tinha o telefone do filho nem a sua direcção, mas no final da visita, lá mo arranjou. Não consegui fotos recentes do Torres. Já o contactei várias vezes. Está emigrado na Bélgica. Espero que me envie uma foto recente.
Talvez, um dia, o encontre de férias em Portugal….

3. Manuel Gonçalves da Costa, “Vila Pouca” - Ponte de Lima

 Este nosso camarada não se encontrava nas listas do Timóteo, apenas era mencionado na lista de embarque do Carvalho Araújo.
 Sendo assim, não fazia a mínima ideia onde morava.
Por outro lado, nas fotos que iam aparecendo nas RF’s, aparecia um camarada com a alcunha de “Vila Pouca”.
Afinal o “Vila Pouca” era o Manuel Gonçalves da Costa.
Com a preciosa colaboração do saudoso Tenente-Coronel Correia e através do número mecanográfico, consegui saber a residência do “Vila Pouca”, aquando da sua partida para a Guiné. Talvez morasse no mesmo lugar!
Segui rumo a Ponte de Lima, mais propriamente à freguesia de Vitorino de Piães, com a esperança de o encontrar.
Fui bem sucedido e logo demos um abraço, exclamando o Manuel Costa: Pensei que já todos tinham morrido”… pois há mais de 40 anos que não tinha notícias da 2700.
Como curiosidade, perguntei ao Manuel da Costa porquê o apelido “Vila Pouca”, já que ele morou sempre em Ponte de Lima e Vila Pouca de Aguiar fica a cerca de 90 km de distância!
E a resposta foi: “não sei porquê, alguns colegas do meu pelotão começaram-me a chamar por esse apelido, talvez por confusão da minha terra natal… e assim fiquei com essa alcunha inapropriada”.


4. Delmar M. Sobreira, “Faiões” - Chaves

Nas fotos que iam aparecendo, aquando das publicações das RF’s, de quando em vez aparecia o nome “Faiões”. Mas quem era o “Faiões”?
Ora, Faiões, é uma freguesia do Concelho de Chaves.
Acabei por descobrir que o “Faiões” era o Delmar M. Sobreira, natural da freguesia de Faiões. O Delmar também não vinha nas listas do Timóteo. Obtive informações sobre o Delmar através dos camaradas a viverem em Chaves, nomeadamente o Elias e o Parada. Soube então que o Delmar tinha falecido num brutal desastre de motorizada contra um camião.
Foi mais uma triste notícia obtida nestas pesquisas.

5. Joaquim Azevedo Costa, “Reguila" - Trofa

Este nosso camarada também não se encontrava na lista do Timóteo. A primeira informação foi-me dada pelo Maciel. Segundo o Maciel este nosso camarada tinha falecido num desastre quando se dirigia para Fátima. Certo dia, o Fernando Barata recebeu um e-mail de seus familiares, depois de terem visto o nosso Blogue e o nome dele. O falecimento do Joaquim Costa afinal foi devido a uma grave doença de estômago, tendo falecido em Agosto de 1980.


Continuarei no próximo capítulo, já que o tema de hoje vai longo.

Até à data foram descritas 121 RF’s.

Até breve.

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