sexta-feira, 9 de setembro de 2016

P622: ROTEIROS (V) - RICARDO LEMOS


SOLCÉLIO NASCIMENTO MATEUS

            O Solcélio mora na freguesia de Marialva pertencente ao Concelho de Mêda. Ficámos impressionados quando chegámos a Marialva. Nesta freguesia não existe comércio: nenhum café, nada de mercearias nem tascas, mercados ou vendas, bancos, correios, centro de saúde, escolas, etc., etc. Impressionante. Qualquer habitante de Marialva terá que ir à Mêda fazer as suas compras ou demais necessidades, a não ser que, como acontece muitas vezes, tenham os seus próprios produtos de cultivo dos campos que amanham. Por Marialva passam somente alguns vendedores ambulantes, como o padeiro e o peixeiro.
            Como referência importante, aqui se situa o castelo de Marialva e uma zona habitacional de turismo rural de elevada qualidade: Casas do Côro (Country Houses. Historic Village Wine Hotel. SPA)

                                                               Castelo de Marialva

              No interior das muralhas, tendo o Solcélio como guia, encontrámos a Praça, solenemente assinalada pelo Pelourinho e pelo edifício da antiga Casa da Câmara, também tribunal e cadeia; alguns metros mais à frente a torre de menagem e a Igreja de Santiago com o seu magnífico tecto pintado e a capela da Misericórdia, apreciada pelo retábulo em talha, que são verdadeiros tesouros construídos dentro do recinto amuralhado.
          Mas antes da visita ao Castelo, o GPS levou-nos até à rua do Nobre. Contudo, todas as casas desta rua não têm número de porta, apesar de sabermos que a direcção do Mateus nos indicava o número de porta 1481. Encontrámos um “Nobrense” que logo nos informou que o Solcélio andava nas lides do campo. Bastou um telefonema e eis que aparece o nosso “Combatente”:

                                                                 Solcélio

       Sempre bem-disposto, logo se prontificou para nos levar a visitar o castelo de Marialva, no alto do monte, por caminhos e ruelas estreitas que, sem conhecimento do local, seria bem mais difícil lá chegar, nomeadamente à entrada do monumento.
       Pelo caminho, foi-nos contando da sua viuvez e o sofrimento por que passou nesses tempos difíceis da doença da sua esposa. A vida continuou, mas a sua esperança era viver na sua terra natal na companhia da sua esposa, pois a vida já se tinha desenvolvido como emigrante em França e organizada para continuar feliz, por Marialva. Mas Deus assim não quis. Tem duas filhas a viver em França que visitam o pai regularmente.
       Mas, certo dia, depois de alguns anos viúvo, um seu amigo lhe deu a ideia de reconstruir o lar com uma companheira. Sempre o poderia ajudar nas suas lides domésticas e de trabalho no campo, preenchendo assim uma certa solidão. Programada a apresentação, a dita companheira logo lhe exigiu um depósito na sua conta bancária de 22.000 euros e não estava disposta a cozinhar! A resposta do Solcélio foi precisa e logo terminou o namoro.
         E assim, vai vivendo o Solcélio na companhia de familiares, que moram em residências próximas.
         Quando chegámos ao castelo, tirámos a fotografia da praxe:


                                                         Lemos e Solcélio

                                                          Residência do Solcélio

 Solcélio Nascimento Mateus ex-atirador do 3.º pelotão

        Depois de uma demorada visita ao Castelo e arredores e umas voltas pela freguesia, despedimo-nos, sem antes recebermos uma gentileza do nosso amigo Mateus: um garrafão de 10 litros de bom vinho da sua colheita.
        
        Muito obrigado e até breve.



HELDER ANTUNES PANÓIAS


           Seguimos em direcção à cidade da Guarda, situada no último contraforte Nordeste da Serra da Estrela, a 1.056 metros de altitude, sendo a cidade mais alta de Portugal.
           A Guarda é conhecida como «A cidade dos 5 F’s» (Para quem não sabe: 5 F's é um conjunto de 5 curtas-metragens do realizador Carlos A.M.D. Gomes, sobre a cidade da Guarda. O termo “5 F’s” refere-se às características (Fria, Farta, Fiel, Forte, Formosa) da cidade mais alta de Portugal mas também a cada uma das estórias da pentologia fílmica).
           O ar, historicamente reconhecido pela salubridade e pureza, foi distinguido pela Federação Europeia de Bioclimatismo em 2002, que atribuiu à Guarda o título de primeira "Cidade Bioclimática Ibérica".
            Toda a região é marcada pelo granito, pelo clima contrastado de montanha e pelo seu ar puro e frio que permite a cura e manufactura de fumeiro e queijaria de altíssima qualidade.
             É também uma zona que historicamente tem sido aproveitada para a mineração, havendo até algum folclore popular que afiança existir uma enorme jazida de urânio sob a cidade, e que os Americanos durante a Guerra Fria sabendo deste facto teriam proposto a Salazar mudar a cidade pedra por pedra para outro local. Certo é o facto de existir algum nível de radiação, especialmente em espaços fechados devido ao gás radão.

A Sé da Guarda

              Antes de programar o meu GPS para a rua da morada do Capitão Hélder Panóias, visitámos a Sé onde assistimos a dois casamentos de emigrantes com toda a pompa cerimonial, cânticos religiosos e orquestra adequada ao momento.
              Apresentamos uma imagem do interior da Sé.
             Conforme podem visualizar, em todos os bancos existem ramos de flores, colocados para uma das cerimónias dos casamentos “riquíssimos” que se realizaram:

                                                                              Interior da Sé

Depois visitámos a Guarda antiga com os seus encantos, como mostra a imagem abaixo:

                                                                   Antiquíssima rua da Guarda

            Depois do almoço num dos restaurantes típicos da Guarda, seguimos rumo à residência do capitão Hélder Panóias, no Bairro da Luz.
           Quando lá chegámos, já nos esperava à porta.
          Gentilmente mandou-nos entrar e conversámos um pouco. O nosso ex-1.º sargento, agora capitão, tem andado bastante doente, pois deslocou as costelas flutuantes (Costelas Flutuantes são os dois últimos pares de costelas que não se prendem a osso algum na sua parte anterior), e a estabilização tem sido muito difícil. 

                                                    Capitão Panóias à porta da sua residência

                                                         A foto da praxe: Lemos e Panóias


            A visita não foi demorada. O nosso capitão precisava de descansar.
            Deixamos aqui os votos de umas rápidas melhoras.
            Até breve.


ALCINO DA SILVA E SOUSA

            Vila Boa do Bispo é uma freguesia do concelho de Marco de Canaveses.
            Tem o nome de Vila por ter sido visitada por D. Afonso Henriques, em 12 de Fevereiro de 1141, que nesse mesmo dia lhe concedeu couto; Boa, pelo facto de seu solo ser fértil; e do Bispo, por aqui ter vivido durante os seus últimos anos D. Sisnando, bispo do Porto.
             O Grupo Folclórico dos Pescadores de Matosinhos foi convidado para participar no 27.º Festival de Folclore “Festada de Cantares e Danças Santa Maria de Vila Boa do Bispo” no dia 20 de Agosto de 2016 pelas 21 horas, no Largo da Capela de Pinheiro.
              Ora, como sou o acordeonista do Grupo, logo aproveitei a oportunidade para estar com o Alcino Sousa e a sua esposa Idalina, informando-os do festival.

                                                           Cartaz do Festival

                                  Grupo Folclórico dos Pescadores de Matosinhos
                                      Aspecto coreográfico do tema “O Barco”

      O “Pescador” Ricardo Lemos e o Alcino Sousa

       Chegados a Vila Boa do Bispo, o Grupo Folclórico dos Pescadores de Matosinhos e os restantes Grupos convidados participaram num jantar oferecido pelo grupo da casa, como é da praxe. Fêveras grelhadas na brasa, entrecosto grelhado e bons enchidos acompanhados pelo excelente vinho da região foram o prato principal. Seguiu-se a sobremesa, o cafezinho e o bagaço regional.
        No recinto do festival e já me encontrando trajado a rigor, reencontrámos o Alcino e a sua esposa D. Idalina. E lá fomos conversando sobre os tempos da tropa e sobre a vida actual. O Alcino anda de boa saúde e a D. Idalina, depois de uma operação aberta ao coração há cerca de um ano, encontra-se perfeitamente recuperada.
        Chegou a minha vez de actuar, tendo o Alcino se lembrado do acordeão que levei para a Guiné – era o mesmo. E os parabéns foram-me dados, tendo-lhe agradecido comovidamente.

                                                                         Alcino Sousa
        A hora da partida chegou.
        Ao casal Alcino os meus agradecimentos pela sua presença e pela forma como nos acompanhou durante todo o Festival Folclórico na freguesia de Pinheiro.
        Bem hajam e até breve.
 

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