sábado, 17 de dezembro de 2016

P632: A MATANÇA DO PORCO - RICARDO LEMOS


              É caso para se dizer que a tradição ainda é o que era. Pelo menos na freguesia de São Salvador de Viveiro, concelho de Boticas, os populares fazem questão de dar continuidade aos seus usos e costumes como a tradicional festa da matança do porco.
              No passado dia 3 de Dezembro de 2016 fomos convidados pelo camarada Abílio José Dias Fernandes Saraiva ex-soldado atirador do 1.º pelotão, para um almoço entre familiares e amigos de Viveiro, celebrando a antiga tradição das gentes da terra, protagonizando a festa da “matança do porco”, que outrora fazia parte do dia-a-dia dos portugueses nas localidades mais marcadas pela ruralidade.
            O nosso camarada Abílio Saraiva confidenciou-nos: “Nós fazemos esta “matança” todos os anos. Fazemos questão de fazer tudo como antigamente, até porque é feita a criação do porco ao longo do ano, que só no Inverno se mata para consumo interno e distribuição pelos filhos. É um dia de festa entre familiares muito deles da própria aldeia e alguns amigos e convidados. Além disso, estas “matanças” são rotativas, isto é, quem faz a “matança” vai realizando o ritual de convívio na aldeia e em casa de cada um”.
               E à mesa, repleta de familiares e amigos, todos se foram deliciando com os miúdos do porco, desde os rojões ao fígado e sangue cozinhados à maneira das avós, não faltando a feijoada branca e o cozido à portuguesa, regado com um bom vinho da região. Antes, ainda nos deliciaram com uma sopa “do outro mundo”. No fim, foi um sem número de variedades de doces caseiros e outras sobremesas, confeccionadas pelos familiares convidados e amigos, como participação no festim. E tudo terminou com uma aguardente caseira e o cafezinho.
              O convívio continuou durante a tarde, à lareira – estava mesmo frio nesta tarde de Sábado, e os mais “batoteiros” lá foram jogando uma partidinha de sueca.
              Mas há sempre tarefas a cumprir, e alguns familiares da aldeia tiveram de se ausentar para recolher o gado e outras tarefas prementes.
              Ao jantar, o convívio continuou, já com todos presentes, continuando o animado convívio, à mesa, repleta de petiscos de porco e os sobrantes do almoço.
              E, já a noite não era criança, despedimo-nos, agradecendo ao camarada Abílio Saraiva o maravilhoso dia passado na antiquíssima aldeia de Viveiro.
              Bem hajam, Viveirenses…

À mesa.

           Ao centro, o cozido à portuguesa. O Saraiva encontra-se à esquerda, com uma camisola lilás.

        Noutra repartição encontravam-se a maioria das mulheres…

           O Saraiva junto aos porcos, na adega.
Os porcos encontravam-se a escorrer alguns restos de sangue. No dia seguinte desmanchar-se-ão e estarão prontos para ir para a salgadeira.

                                              Tipicamente rural: a preparação dos petiscos.

                                                                               Abílio Saraiva, nas ruelas da aldeia

ALGUNS ASPECTOS DE SÃO SALVADOR DO VIVEIRO

 Casa da Aldeia

Espigueiro

                                         Pastor e as suas cabras nas ruas de Viveiros



                                                                     Casa Antiga


  Recordando o Saraiva nos seus tempos de Dulombi

                                      













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