Depois de ler o P173: - ONOMASTICAMENTE DIVAGANDO, um excelente trabalho, verifiquei que a Fauna da CCS/BCAÇ.2912 também era fraquita com um Carneiro, um Pinto e dois Coelhos: - um Bravo outro Manso, porém as matas do leste da Guiné – Galomaro – eram ricas em coelhos selvagens. Os nossos camaradas, cada um com o seu estilo, não se importavam nada de assim serem tratados e todos os conheciam pelas alcunhas, que nada tinham de depreciativo mas sim de pura camaradagem de combatentes que foram “obrigados” a uma guerra de guerrilha, na Guiné, de 01-05-1970 a 23-03-1972. Em 29-05-2004, na Curia, XI Convívio co-organizado pelo “Coelho Manso”, o Belarmino Coelho - faleceu em 2009 - assinou: “Coelho Bravo”, no meu livro de recordações. Paz à sua alma e à de todos os ex-colegas combatentes falecidos. Na noite de 15-08-1970 foram apanhadas 14 lebres, foto anexa, a maior caçada de sempre, e durante umas refeições os Oficiais e Sargentos comeram bem em Galomaro. O 2.º Sargento H Nobre, Mecânico Auto do BCAÇ.2912, saía ao anoitecer de Unimog com 2 ou 3 homens e regressavam pouco tempo após a saída, porque era presa fácil toda a lebre que aparecesse à frente… as necessidades assim obrigavam a estes disparates de caçadas nocturnas. Um coelho ou lebre custava 10$00 Pesos… um frango, pouco maior do que um pintainho, tinha o preço de 20$00 Pesos… só com a intervenção dos chefes das Tabancas previamente presenteados conseguíamos comprar os frangos. Também praticavam e conheciam a Lei da Oferta e da Procura! O coelho fazia jus à condição de animal reprodutor naquela zona do leste da Guiné. Com toda a certeza que não dava o nome às “coelhinhas” da Playboy nem era o símbolo da Páscoa para uma População - Fulas - Islâmica que praticava o feiticismo nos anos setenta do século passado. Outras Terras…outras Culturas.
Um abraço
António Tavares
Foz do Douro, 19-09-2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
P186: ANDARIAS NUM JEEP REPARADO POR ESTES "MECÂNICOS"?
Aquele conceito tão em voga nos dias que correm já era praticado há muito pela 2700, isto é: a estratégia de flexibilização. O núcleo estável do pessoal da Companhia assumia múltiplas funções, desempenhando trabalhos num momento, tais como o comando de respectivo pelotão, para passar para outros noutro momento - como documenta esta foto - sempre dispostos a reciclagem e alteração dos planos de carreira.
domingo, 19 de setembro de 2010
P185:TRANSFERÊNCIA DO ESPÓLIO DA COMPANHIA
Como todos os outros elementos da Companhia 2700, os “Ferrugentos” também estavam ansiosos pela chegada dos “Piras”.
Os condutores e os mecânicos que compunham o meu “pelotão” tinham trabalhado com afinco, para contribuir e alcançar com honra e competência, os objectivos da nossa Companhia.
A chegada dos “Piras” foi programada ao pormenor – como já realçado no nosso blogue – onde não faltou a R.T.D., conforme mostra a foto abaixo:
e apetrechada com as mais sofisticadas máquinas de reportagem da altura. Admirem-na na fotografia seguinte:
Para receber com honra e dignidade a nova Companhia, as mais altas individualidades se apresentaram a rigor. O nosso “Capitão” (in, soldado-básico, Post 148), apresentou, em nome da Companhia 2700; as boas vindas a todos os elementos “Piras”, conforme elucida a foto, de grande beleza, apresentada abaixo:
Depois de alguns dias de apresentação e convívio, a transferência do espólio mecânico começou a ser trabalhada.
Como representante máximo da “Ferrugem”, foi com naturalidade que me coube essa tarefa e, assim, trabalhei com o furriel mecânico Manuel Rodrigues, de Mortágua, (in, Post 159), a transferência do dito espólio.
Ao ler no nosso blogue o Post 39 – Correia, foste aldrabado – ocorreu-me um episódio aquando da assinatura dos respectivos recibos de quitação.
Relembro que o meu espólio era constituído por 17 viaturas Unimog, 1 Jeep, o equipamento gerador de electricidade e muitos outros elementos dispersos pertencentes à oficina-auto, como aparelhos de soldadura oxi-acetilénica, aparelhos de soldadura a arco eléctrico, máquinas de furar manuais, ferramentas de serralharia de bancada e outras ferramentas que faziam parte da caixa-ferramenteira de cada viatura.
Cada condutor era responsável pela sua viatura e ferramentas associadas, assim como manter a mesma sempre com os planos de manutenção em dia, isto é, mudanças de óleo, lubrificação geral, limpezas e demais cuidados diários, para um funcionamento eficaz da “sua” máquina.
Ainda me lembro do nome dos 17 condutores (penso não estar enganado): Veras, Calado, Luís Maria, Costa; José Silva; Manuel Faria; Serafim Vieira; José Carvalho, Alfredo Sá, Domingos Ferreira, Arnaldo Costa, António Cunha, José Maria Silva, Carlos Amaral, Alves Rodrigues, Paiva Guimarães e o Cardoso.
Voltando, então, ao assunto principal, o Furriel Manuel Rodrigues, não quis assinar os recibos de quitação porque…faltavam as “capotas” ou “oleados” dos Unimogs.
Pudera!!! Alguns deles estavam a servir de tapamento da oficina-auto que construímos, outros tinham-se deteriorado com o tempo, e nunca me passou pela cabeça dar baixa dessas “capotas”, o que seria fácil, com a experiência que tinha adquirido.
Directamente, era eu o responsável por esta “falha”, e cada condutor o responsável por esse material.
Mas, quem queria andar nos Unimogs, com caixa tapada? Ninguém, pois era extremamente perigoso. Melhor era sofrer as consequências do tempo. No Inverno, a chuva, no Verão, o pó. E a visibilidade era imprescindível nas colunas…
Então, houve um impasse. Se o Furriel Manuel Rodrigues não assinasse os recibos de quitação, teríamos problemas, inquéritos e pagamento dos objectos em falta.
Como as conversações estavam um pouco complicadas, e eu não tinha meios de fazer “quadruplicar as capotas” como fizeram ao alferes Correia com as chapas de zinco, sacos de cimentos, etc., pensei num outro estratagema.
Como é sabido, ao longo dos 23 meses de Comissão, fui várias vezes a Bissau entregar peças danificadas dos Unimogs e requisitar novas peças de substituição. Bissau não perdoava a entrega dos elementos inutilizados, e só depois é que os substituía pelos novos. È de entender esta atitude, pois o controlo dos destinos dos materiais era, deste modo, muito eficaz.
Só que, com os carros minados que tivemos e outros estratagemas que fui aprendendo ao longo da Comissão, consegui montar um armazém de peças sobressalentes de fazer inveja a muitas oficinas….
Para dar um exemplo, no fim da Comissão tinha 2 motores novos de Unimogs prontos a serem utilizados, vários dínamos, motores de arranque, pneus e jantes novos, um eixo traseiro completo de Unimog, manómetros, termómetros, velocímetros, faróis, farolins e lâmpadas de todas as qualidades, ferramentas e um sem números de pequenas peças sobressalentes para qualquer necessidade menor ou avaria menos complicada, na frota de Dulombi. Enfim, uma quantidade apreciável de peças, que davam para montar um novo Unimog e ainda sobrariam algumas mais.
DAKOTA – das viagens até BISSAU
Então, disse ao Furriel “Pira”: “Essas capotas que faltam são fáceis de justificar a sua deterioração, mas como os recibos de quitação não são assinados, também não poderei, por uma questão de princípio, deixar em Dulombi, todo o espólio de sobressalentes, acima definido, pois não fazem parte da relação a entregar e, portanto, todo esse material, será entregue em Bissau.
O Furriel Manuel Rodrigues, olhou então para mim, com um ar sério e pensando melhor me respondeu: “ Vou falar com o meu Capitão, e amanhã, falaremos”.
E tudo acabou em bem. As peças extras sobressalentes – que realmente eram valiosas pela sua importância futura – ficaram, e os recibos de quitação foram assinados.
Passados alguns dias, a Companhia 2700 regressou a Bissau, nas célebres L.D.G., sendo o cais de Bissau o local do nosso desembarque:
e , depois, em coluna militar, fomos para Cumeré, sem antes passarmos por SAFIM:
(vê-se a placa – Safim)
e no 707 embarcamos para Lisboa:
Penso que ninguém se apercebeu que houve um atraso de cerca de 45 minutos, na partida do avião!!!
Esse atraso foi devido… ora, adivinhem…. À minha pessoa.
Inocente politicamente como era na altura, andava eu a deambular pela gare do aeroporto, quando me apareceu um amigo civil de Bissau que, gentilmente, me ofereceu uma garrafa de Whisky, que aceitei e a coloquei no meu saco de bagagem de mão.
Ora, este pormenor, devia ter sido visto pela polícia política. A dado momento – estava eu à espera do embarque – tocaram-me levemente nas costas e, pronunciando o meu nome, me disseram; “ Sr. Ricardo Lemos acompanhe-me, se faz favor”. Tudo discretamente.
Dirigi-me, então, para um gabinete, onde me revistaram a bagagem novamente, paguei uma fortuna, em escudos, pela oferta do meu amigo, e mandaram-me seguir para o embarque.
À chegada a Lisboa, fui “perseguido”, implacavelmente, por um elemento policial à paisana – notei perfeitamente – que me seguia por tudo quanto era lado…
Lá pensaram que podia ser uma bomba…
O 25 de Abril, com certeza, apagou o meu nome dos Arquivos da PIDE.
Ricardo Lemos
Set. 2010
Os condutores e os mecânicos que compunham o meu “pelotão” tinham trabalhado com afinco, para contribuir e alcançar com honra e competência, os objectivos da nossa Companhia.
A chegada dos “Piras” foi programada ao pormenor – como já realçado no nosso blogue – onde não faltou a R.T.D., conforme mostra a foto abaixo:
e apetrechada com as mais sofisticadas máquinas de reportagem da altura. Admirem-na na fotografia seguinte:
Para receber com honra e dignidade a nova Companhia, as mais altas individualidades se apresentaram a rigor. O nosso “Capitão” (in, soldado-básico, Post 148), apresentou, em nome da Companhia 2700; as boas vindas a todos os elementos “Piras”, conforme elucida a foto, de grande beleza, apresentada abaixo:
Depois de alguns dias de apresentação e convívio, a transferência do espólio mecânico começou a ser trabalhada.
Como representante máximo da “Ferrugem”, foi com naturalidade que me coube essa tarefa e, assim, trabalhei com o furriel mecânico Manuel Rodrigues, de Mortágua, (in, Post 159), a transferência do dito espólio.
Ao ler no nosso blogue o Post 39 – Correia, foste aldrabado – ocorreu-me um episódio aquando da assinatura dos respectivos recibos de quitação.
Relembro que o meu espólio era constituído por 17 viaturas Unimog, 1 Jeep, o equipamento gerador de electricidade e muitos outros elementos dispersos pertencentes à oficina-auto, como aparelhos de soldadura oxi-acetilénica, aparelhos de soldadura a arco eléctrico, máquinas de furar manuais, ferramentas de serralharia de bancada e outras ferramentas que faziam parte da caixa-ferramenteira de cada viatura.
Cada condutor era responsável pela sua viatura e ferramentas associadas, assim como manter a mesma sempre com os planos de manutenção em dia, isto é, mudanças de óleo, lubrificação geral, limpezas e demais cuidados diários, para um funcionamento eficaz da “sua” máquina.
Ainda me lembro do nome dos 17 condutores (penso não estar enganado): Veras, Calado, Luís Maria, Costa; José Silva; Manuel Faria; Serafim Vieira; José Carvalho, Alfredo Sá, Domingos Ferreira, Arnaldo Costa, António Cunha, José Maria Silva, Carlos Amaral, Alves Rodrigues, Paiva Guimarães e o Cardoso.
Voltando, então, ao assunto principal, o Furriel Manuel Rodrigues, não quis assinar os recibos de quitação porque…faltavam as “capotas” ou “oleados” dos Unimogs.
Pudera!!! Alguns deles estavam a servir de tapamento da oficina-auto que construímos, outros tinham-se deteriorado com o tempo, e nunca me passou pela cabeça dar baixa dessas “capotas”, o que seria fácil, com a experiência que tinha adquirido.
Directamente, era eu o responsável por esta “falha”, e cada condutor o responsável por esse material.
Mas, quem queria andar nos Unimogs, com caixa tapada? Ninguém, pois era extremamente perigoso. Melhor era sofrer as consequências do tempo. No Inverno, a chuva, no Verão, o pó. E a visibilidade era imprescindível nas colunas…
Então, houve um impasse. Se o Furriel Manuel Rodrigues não assinasse os recibos de quitação, teríamos problemas, inquéritos e pagamento dos objectos em falta.
Como as conversações estavam um pouco complicadas, e eu não tinha meios de fazer “quadruplicar as capotas” como fizeram ao alferes Correia com as chapas de zinco, sacos de cimentos, etc., pensei num outro estratagema.
Como é sabido, ao longo dos 23 meses de Comissão, fui várias vezes a Bissau entregar peças danificadas dos Unimogs e requisitar novas peças de substituição. Bissau não perdoava a entrega dos elementos inutilizados, e só depois é que os substituía pelos novos. È de entender esta atitude, pois o controlo dos destinos dos materiais era, deste modo, muito eficaz.
Só que, com os carros minados que tivemos e outros estratagemas que fui aprendendo ao longo da Comissão, consegui montar um armazém de peças sobressalentes de fazer inveja a muitas oficinas….
Para dar um exemplo, no fim da Comissão tinha 2 motores novos de Unimogs prontos a serem utilizados, vários dínamos, motores de arranque, pneus e jantes novos, um eixo traseiro completo de Unimog, manómetros, termómetros, velocímetros, faróis, farolins e lâmpadas de todas as qualidades, ferramentas e um sem números de pequenas peças sobressalentes para qualquer necessidade menor ou avaria menos complicada, na frota de Dulombi. Enfim, uma quantidade apreciável de peças, que davam para montar um novo Unimog e ainda sobrariam algumas mais.
DAKOTA – das viagens até BISSAU
Então, disse ao Furriel “Pira”: “Essas capotas que faltam são fáceis de justificar a sua deterioração, mas como os recibos de quitação não são assinados, também não poderei, por uma questão de princípio, deixar em Dulombi, todo o espólio de sobressalentes, acima definido, pois não fazem parte da relação a entregar e, portanto, todo esse material, será entregue em Bissau.
O Furriel Manuel Rodrigues, olhou então para mim, com um ar sério e pensando melhor me respondeu: “ Vou falar com o meu Capitão, e amanhã, falaremos”.
E tudo acabou em bem. As peças extras sobressalentes – que realmente eram valiosas pela sua importância futura – ficaram, e os recibos de quitação foram assinados.
Passados alguns dias, a Companhia 2700 regressou a Bissau, nas célebres L.D.G., sendo o cais de Bissau o local do nosso desembarque:
e , depois, em coluna militar, fomos para Cumeré, sem antes passarmos por SAFIM:
(vê-se a placa – Safim)
e no 707 embarcamos para Lisboa:
Penso que ninguém se apercebeu que houve um atraso de cerca de 45 minutos, na partida do avião!!!
Esse atraso foi devido… ora, adivinhem…. À minha pessoa.
Inocente politicamente como era na altura, andava eu a deambular pela gare do aeroporto, quando me apareceu um amigo civil de Bissau que, gentilmente, me ofereceu uma garrafa de Whisky, que aceitei e a coloquei no meu saco de bagagem de mão.
Ora, este pormenor, devia ter sido visto pela polícia política. A dado momento – estava eu à espera do embarque – tocaram-me levemente nas costas e, pronunciando o meu nome, me disseram; “ Sr. Ricardo Lemos acompanhe-me, se faz favor”. Tudo discretamente.
Dirigi-me, então, para um gabinete, onde me revistaram a bagagem novamente, paguei uma fortuna, em escudos, pela oferta do meu amigo, e mandaram-me seguir para o embarque.
À chegada a Lisboa, fui “perseguido”, implacavelmente, por um elemento policial à paisana – notei perfeitamente – que me seguia por tudo quanto era lado…
Lá pensaram que podia ser uma bomba…
O 25 de Abril, com certeza, apagou o meu nome dos Arquivos da PIDE.
Ricardo Lemos
Set. 2010
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
P184: MAIS UMA HISTÓRIA DO LEMOS
O MEU ANJO DA GUARDA TAMBÉM FOI À GUINÉ
Anjos da Guarda são os anjos que segundo as crenças cristãs, Deus envia no nosso nascimento para nos proteger durante toda a nossa vida. Argumenta-se que a Bíblia sustenta em algumas ocasiões a crença do anjo da guarda: "Vou enviar um anjo adiante de ti para te proteger no caminho e para te conduzir ao lugar que te preparei". (Êxodo 23, 20).
O meu Anjo da Guarda tem por nome LECABEL, e está presente na Terra pelas 10h00 até às 10h20 da manhã.
Lembro-me de alguns episódios em que ele, “realmente”, esteve presente na minha vida e que jamais esquecerei. Este nosso “computador” é realmente uma máquina extraordinária, que guarda em memória factos passados há décadas e que se mantêm vivos para toda a vida.
Certo dia, andava eu a passear de eléctrico pela cidade do Porto – era um puto, talvez com 15 anos – e, por curiosidade coloquei a cabeça fora da janela do eléctrico para admirar a paisagem. Não estava a olhar na direcção de andamento do eléctrico, mas sim, em sentido contrário. Sem mais, naquele segundo, recolhi a cabeça e sentei-me novamente. Não é que, nesse instante, o eléctrico passou rente, mas mesmo rente, a um taipal… Se, naquele segundo, não tivesse recolhido a cabeça, esta seria degolada pelo taipal. É que estava a olhar em sentido contrário e não estava a ver o perigo. Pois, o meu anjo da guarda, me salvou naquele momento, conforme Êxodo 23, 20.
Mais tarde, nas minhas andanças pelo Algarve, nomeadamente em Cabanas de Tavira, e pouco antes da recruta, peguei na minha cana de pesca – já era um pescador afamado – e fui até um braço de mar, pescar. Já a pesca estava terminada e resolvi nadar um pouco. Como o braço de mar era estreito, nadei – e com que facilidade o fiz – até à outra margem. Depois resolvi retornar, mas… nadava, nadava, e não saía do sítio. A corrente era mais forte, a maré estava a encher e as forças estavam a faltar. Em dado momento – é preciso dizer que estava só, não havia viva alma por perto – resolvi pôr os pés no fundo do braço do mar, e não é que a água me ficou pelo pescoço… Se não tivesse pé, de certeza que teria morrido afogado. Pois, o meu anjo da guarda, me salvou novamente, conforme Êxodo 23, 20.
Na Guiné, ele também não me abandonou, e por várias vezes me protegeu, a fim de continuar o caminho que tenho traçado.
Certo dia, preparámos mais uma coluna de reabastecimento, com cerca de 10 viaturas, em direcção a Galomaro. A certa altura, foi accionada uma mina, à 5ª viatura. Nessa mina seguiam três militares, sendo um deles, um enfermeiro, que sofreu graves lesões num pé, não sei mesmo se o teve que amputar. Eu seguia na 4ª viatura, e a mina foi accionada pela 1ª roda da viatura seguinte… Pois, o meu anjo da guarda, me protegeu, conforme Êxodo 23, 20.
Numa missão de reconhecimento, para pesquisa de água para a Companhia, em certa ocasião, conduzi um Unimog, a um poço situado fora do arame farpado, para tomar providências junto do condutor Sá, a fim de reabastecer os depósitos – aqueles bidões de 200 litros – e que serviam para nós tomarmos banho de chuveiro. No dia seguinte, o condutor Sá dirigiu-se a esse poço para reabastecimento e… rebentou uma mina… Cheguei a vê-lo a correr pelos caminhos sinuosos do nosso acampamento, completamente fora de si. Ninguém ficou ferido, mas o condutor Sá ficou traumatizado para o resto da Comissão. Nunca mais conduziu. Mais uma vez, o meu anjo da guarda, me assegurou o caminho que tenho preparado, conforme Êxodo 23, 20.
Ainda não se tinham construído as casernas, dormia eu nos abrigos com os meus condutores, cujas paredes eram revestidas a terra, e tínhamos como tecto troncos de palmeiras, quando uma febre altíssima me atacou.
E assim estive três penosos dias, com altíssimas temperaturas. O furriel enfermeiro acompanhou-me sempre nesta difícil situação, ao ponto de ter uma visita do capitão e, estando eu, sob o efeito de antipiréticos e, mesmo assim, em estado semi-inconsciente, ainda ouvi sussurrar o furriel para o capitão: “não lhe posso dar mais antipiréticos, o melhor é levá-lo para o hospital”.
Soube que foi programada uma coluna para o dia seguinte, para me transportar ao médico do hospital – não sei onde – pois a minha temperatura continuava a rondar os 42º C, e a causa era desconhecida.
No dia seguinte – 4º dia – lá apareceu o furriel enfermeiro, e qual o seu espanto: estava sem febre. Venci a doença. Mais uma vez, o meu anjo da guarda, me assegurou o caminho que tenho preparado, conforme Êxodo 23, 20.
Já depois de cumprido o serviço militar, outros factos me têm lembrado o meu anjo LECABEL, durante os longos anos de labuta na vida activa pós-guerra.
Os Anjos da Guarda, quando lhes apetece, também satisfazem alguns pedidos, ora esporádicos, ora aqueles que nos vão surgindo de um modo persistente.
Passo a narrar apenas um persistente que me custou o não ganhar 32 milhões de euros…Sim, 32 milhões!
… e foi neste dia 3 de Junho de 2005, que tive um pensamento persistente: Se me saísse o euromilhões, colocaria uma pessoa querida, na Suiça, em tratamento adequado e a recomeçar uma vida nova.
Vou jogar! E senti algo a dizer-me: Joga na Papelaria Espacial – que fica na Avenida D. Afonso Henriques, na cidade de Matosinhos. Talvez me dê sorte – disse para comigo. E que números irei jogar? – pensei eu. E ao pensamento me veio que usasse o número da porta dessa papelaria. Eu não o sabia, mas quando lá chegasse o veria. Mas o trabalho do dia a dia não deu para lá ir jogar. E assim se passou a semana.
E o euromilhões? Outra sexta-feira, dia 10 de Junho de 2005. Também não tive tempo de jogar!
E tinha que ser na Papelaria Espacial…
No dia seguinte vi que não saiu o 1º prémio a ninguém.
Dia 13 de Junho. Acordo a pensar que as estrelas para o próximo concurso seriam o 1 e o 7.
Não dei muita importância a este facto. Até podiam ser alguns números que tinha visto ou ouvido anteriormente. Contudo, nunca tinha acordado a pensar em números do euromilhões!!!
Dia 14 de Junho. Acordo novamente a pensar que as estrelas para o próximo concurso iriam ser o 1 e o 7. Outra vez? Que estranho acordar duas vezes seguidas com o mesmo pensamento!
Tenho que ir jogar na Papelaria Espacial. E com que números? Áááhhh… com uma combinação de algarismos da porta de polícia da Papelaria…
Dia 17 de Junho, sexta-feira, dia do 24.º concurso do euromilhões de 2005. Pois, eu faço anos num dia 24. Alguém quereria dar-me um presente antecipado?
Apressadamente, vou pela primeira vez na minha vida à Papelaria Espacial para registar um boletim! É preciso mencionar que já tinha ido algumas vezes à Papelaria Espacial comprar artigos de escritório, mas nunca jogar nas apostas da Santa Casa. Contudo, já levo um boletim feito, com números habituais, e não tive a coragem de pensar um pouco. Reparo no número da porta. Era o 1088. Oh, vou jogar mesmo o meu boletim, já tem o número que sempre jogo: o 21, que é quando a minha familiar querida faz anos.
Dia 18 de Junho, sábado. Fui ver os números do 1.º Prémio: Estrelas 1 e 7. Que coincidência, foram mesmo os números que ao acordar me vieram à lembrança duas manhãs seguidas!!! O meu bom Anjo da Guarda, contactou comigo? Deve ser uma alma muito inteligente. Tenho sorte. Podia não ser …
E os números que saíram nesse dia:
- O 4, o número de algarismos da porta da Papelaria Espacial…
- O 8, um dos algarismos do número da porta da Papelaria Espacial…
- O 10, uma das composições do número da porta da Papelaria Espacial…
- O 18, uma das composições do número da porta da Papelaria Espacial…
- O 21, o dia dos anos da minha familiar querida, que sempre jogo…
Ora, o número da porta, como já afirmei é o 1088.
Não pode haver outras combinações…. 1, 8, 10, 18
Número de algarismos: 4
Nº que sempre jogo: 21
Mais uma vez recordo a chave do Euromilhões:
Estrelas: 1 e 7
Números: 4, 8, 10, 18, 21
Não houve totalistas. Prémio 32 milhões de euros…
Pergunto:
a) Porque é que sonhei duas noites seguidas com os números das estrelas?
b) Porque é que só fui jogar no dia 24, andando já a pensar fazê-lo há várias semanas?
c) Porque é que me veio à ideia ter que ir jogar à Papelaria Espacial e aproveitar os números relacionados com o número da porta?
Acredito que tenho um bom Anjo da Guarda, bastante inteligente e bom, que em alguns momentos da minha vida me tem acompanhado.
Não soube interpretar, no momento certo, este contacto? Ou tudo foi coincidência?
Não! Deve haver uma 5ª dimensão …
O LECABEL, nunca mais me deu outra hipótese …
Ricardo Lemos
terça-feira, 7 de setembro de 2010
P183: OS NOSSOS SETEMBROS
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