Não era muito comum este tipo de acontecimento em Dulombi.
Sabendo que se ia realizar este ritual fúnebre, peguei na minha máquina fotográfica, e com a devida autorização dos autóctones, realizei esta reportagem em imagens, que vos passo a apresentar.
Não me lembro quem era a criança defunta, qual a causa da sua morte, nem tão pouco quem eram os seus pais. Apresento a sequência das cerimónias fúnebres. As imagens falam por si.
Apenas a população masculina participava no “enterro”. Nesta zona externa ao acampamento, que ficava no lado das oficinas auto, a “campa” era aberta pelos Homens-Grandes.
A abertura da campa está concluída. Reparem que existe uma outra campa atrás, o que dá a entender que era aqui o “cemitério” de Dulombi.
Eis a chegada do “cortejo fúnebre”.
Penso que a religião praticada era o Islamismo. Os participantes na cerimónia
religiosa fazem as suas orações, vendo-se um autóctone todo vestido de branco,
inclusive com uma espécie de gorro branco na cabeça, que deveria ser o “chefe
religioso”, à frente dos restantes participantes. O defunto, envolvido com um
“tecido” branco, encontra-se à frente do grupo, pousado entre as folhagens.
Outro aspecto cerimonial. Os Homens Grandes, ora estão com as mãos na cabeça, ora com as mãos juntas. Qual o significado?
O defunto é colocado na sepultura.
A sepultura é tapada com troncos de árvore
Depois bem tapada com ramos e folhas. Parece-me que existe um determinado rigor nas vestimentas usadas pelos participantes.
Depois, todos participam na colocação de terra.
Finda a cerimónia, o aspecto final da campa (a 1ª na imagem)
Ricardo Lemos
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
P209: ABASTECIMENTO DE ÁGUA - RICARDO LEMOS
O abastecimento de água para a Companhia era realizado por uma equipa constituída por um condutor e um grupo de outros soldados destacados para o efeito.
Pronta a viatura, eram carregados os bidões de 200 litros, preparados especialmente para este fim, e que tinham servido de armazenamento do combustível utilizado na Companhia – gasolina, petróleo e óleos.
Relembro que este abastecimento provinha do Xime, e era realizado periodicamente pelas nossas colunas de reabastecimento. Os bidões vazios eram então aproveitados para vários fins, nomeadamente para armazenamento de água, como depósito nos chuveiros improvisados para as nossas “banhocas"para preparação de grelhadores para os célebres churrascos, para oferecer à população local com vista às suas necessidades laborais, etc.
(Nota do editor: e também para reforçar a entrada dos abrigos, depois de cheios com terra)
Também é certo que, ao longo do tempo, eles se deterioravam, e eram substituídos por novos bidões.
Retornando ao tema principal, o Unimog em serviço era também carregado com a respectiva moto-bomba e as mangueiras necessárias para retirar a água dos poços de reabastecimento.
Ora, na foto acima, temos uma das famosas equipas de reabastecimento de água, perto de um dos poços de captura do precioso líquido, quando o Verão apertava. O Rodrigues é o condutor. Vamos lá reconhecer os restantes. (Desculpa, Lemos, mas estás equivocado. O elemento que te parece o Rodrigues (há semelhanças, sim, senhor) é um soldado do 3.º Pelotão - seria, nesse dia, uma secção do 3.º Pelotão escalada para este serviço - Eu reconheço o Fernando do Caramulo e o Ramiro Oliveira, bem como o Amaral (com soutien!!!), este sim o Condutor escalado para a condução da viatura. Ou tu pensas, apesar do óptimo serviço que concebeste, ser necessário um piloto e um co-piloto, como na navegação aérea /eheheh/. Ah! e o que eu descobri. Reparem que, embora a viatura seja conduzida pelo Amaral, esta deveria estar alocada ao Calado, que tinha a alcunha de Setúbal, já que na parte direita do pára-choques podemos ler: "Setúbal - Robin dos Bosques")
Na foto abaixo, lá está o Lemos, em pose, nas traseiras da bem conceituada oficina auto, onde trabalhavam os melhores mecânicos da região, vendo-se os famosos bidões acima descritos, estes utilizados no armazenamento de lubrificantes – os óleos nºs 30, 50 e 90, referências da sua viscosidade e utilizados nas viaturas, ora nas mudanças periódicas dos óleos dos motores, ora nas caixas de velocidades, ora nos eixos diferenciais. Cada tipo de óleo tinha o seu fim.
Seguidamente, na imagem inferior, o local do reabastecimento de água:
Por fim, a foto mais impressionante: o poço de reabastecimento.
Uma abertura em terra, sem as condições mínimas de salubridade.
No lado esquerdo vê-se a mangueira da moto-bomba, posicionada através de um pau.
A cor da água é barrenta, e no lado direito umas ervas esverdeadas, completam as características do local.
No Verão, este poço quase secava, e só se retiravam uns garrafões por dia. A cor da água era então, castanha-avermelhada.
RELEMBREM.
DIVULGUEM
FOMOS HERÓIS
Ricardo Lemos
Pronta a viatura, eram carregados os bidões de 200 litros, preparados especialmente para este fim, e que tinham servido de armazenamento do combustível utilizado na Companhia – gasolina, petróleo e óleos.
Relembro que este abastecimento provinha do Xime, e era realizado periodicamente pelas nossas colunas de reabastecimento. Os bidões vazios eram então aproveitados para vários fins, nomeadamente para armazenamento de água, como depósito nos chuveiros improvisados para as nossas “banhocas"para preparação de grelhadores para os célebres churrascos, para oferecer à população local com vista às suas necessidades laborais, etc.
(Nota do editor: e também para reforçar a entrada dos abrigos, depois de cheios com terra)
Também é certo que, ao longo do tempo, eles se deterioravam, e eram substituídos por novos bidões.
Retornando ao tema principal, o Unimog em serviço era também carregado com a respectiva moto-bomba e as mangueiras necessárias para retirar a água dos poços de reabastecimento.
Ora, na foto acima, temos uma das famosas equipas de reabastecimento de água, perto de um dos poços de captura do precioso líquido, quando o Verão apertava. O Rodrigues é o condutor. Vamos lá reconhecer os restantes. (Desculpa, Lemos, mas estás equivocado. O elemento que te parece o Rodrigues (há semelhanças, sim, senhor) é um soldado do 3.º Pelotão - seria, nesse dia, uma secção do 3.º Pelotão escalada para este serviço - Eu reconheço o Fernando do Caramulo e o Ramiro Oliveira, bem como o Amaral (com soutien!!!), este sim o Condutor escalado para a condução da viatura. Ou tu pensas, apesar do óptimo serviço que concebeste, ser necessário um piloto e um co-piloto, como na navegação aérea /eheheh/. Ah! e o que eu descobri. Reparem que, embora a viatura seja conduzida pelo Amaral, esta deveria estar alocada ao Calado, que tinha a alcunha de Setúbal, já que na parte direita do pára-choques podemos ler: "Setúbal - Robin dos Bosques")
Na foto abaixo, lá está o Lemos, em pose, nas traseiras da bem conceituada oficina auto, onde trabalhavam os melhores mecânicos da região, vendo-se os famosos bidões acima descritos, estes utilizados no armazenamento de lubrificantes – os óleos nºs 30, 50 e 90, referências da sua viscosidade e utilizados nas viaturas, ora nas mudanças periódicas dos óleos dos motores, ora nas caixas de velocidades, ora nos eixos diferenciais. Cada tipo de óleo tinha o seu fim.
Seguidamente, na imagem inferior, o local do reabastecimento de água:
Por fim, a foto mais impressionante: o poço de reabastecimento.
Uma abertura em terra, sem as condições mínimas de salubridade.
No lado esquerdo vê-se a mangueira da moto-bomba, posicionada através de um pau.
A cor da água é barrenta, e no lado direito umas ervas esverdeadas, completam as características do local.
No Verão, este poço quase secava, e só se retiravam uns garrafões por dia. A cor da água era então, castanha-avermelhada.
RELEMBREM.
DIVULGUEM
FOMOS HERÓIS
Ricardo Lemos
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
P208: FAUNA DE DULOMBI
Como já vai sendo habitual e tendo como suporte o arquivo fotográfico do Ricardo Lemos hoje propomo-nos apresentar a fauna de Dulombi. E esta vai desde o célebre Zarco, cão pertencente ao Coronel Carlos Gomes e que viajou juntamente connosco na Carvalho Araújo desde Lisboa. Há dias falando com o nosso Comandante perguntei-lhe que demarches tinha percorrido para o transporte do Zarco e fiquei pasmado ao referir-me que se limitou a introduzir o Zarco no navio sem ter dado conhecimento a alguém. Outros tempos...
O Zarco teve um fim triste já que uma noite divagando junto ao arame farpado um sentinela perscrutando movimentos não esteve com meias medidas, abriu fogo e atingiu-o. Este não morreu na altura mas ficou num estado que teve por acabar de ser abatido meses depois.
Temos também a cabritinha que era a mascote dos Condutores. Referiu-me o Lemos que ela foi adquirida em tenra idade para mais dia menos dia ser abatida e servir de refeição. Acontece que o pessoal se lhe foi afeiçoando e o abate foi adiado, tendo sido legada à Companhia que nos rendeu e provavelmente abatida poucos dias após termos abandonado Dulombi.
Os gatos eram mascotes dos Furrieis e a mamã dava pelo nome de Xana.
O macaco se não estou em erro pertencia ao Borges, director comercial do bar privado existente em Dulombi.
Existiam também outros cães, presumo propriedade da população mas que nós acarinhávamos.
Pontualmente, nas imediações do aquartelamento, tinhamos a sorte de abater para nosso sustento, alguns facocheros (javali africano) e algumas frintambas (gazelas).
Por vezes lá se desencantava algum leitão adquirido em Galomaro ou no Mercado de Bafatá.
Os galináceos, esses existiam com maior intensidade e eram petisco habitual, sendo consumidos ao nível de abrigo.
Existiam também araras, jagudis (abutres) e até, vejam lá segundo a classificação do "biólogo" Ricardo Lemos, peneireiros de dorso malhado que é, como quem diz, falco tinnunculus.
O Zarco teve um fim triste já que uma noite divagando junto ao arame farpado um sentinela perscrutando movimentos não esteve com meias medidas, abriu fogo e atingiu-o. Este não morreu na altura mas ficou num estado que teve por acabar de ser abatido meses depois.
Temos também a cabritinha que era a mascote dos Condutores. Referiu-me o Lemos que ela foi adquirida em tenra idade para mais dia menos dia ser abatida e servir de refeição. Acontece que o pessoal se lhe foi afeiçoando e o abate foi adiado, tendo sido legada à Companhia que nos rendeu e provavelmente abatida poucos dias após termos abandonado Dulombi.
Os gatos eram mascotes dos Furrieis e a mamã dava pelo nome de Xana.
O macaco se não estou em erro pertencia ao Borges, director comercial do bar privado existente em Dulombi.
Existiam também outros cães, presumo propriedade da população mas que nós acarinhávamos.
Pontualmente, nas imediações do aquartelamento, tinhamos a sorte de abater para nosso sustento, alguns facocheros (javali africano) e algumas frintambas (gazelas).
Por vezes lá se desencantava algum leitão adquirido em Galomaro ou no Mercado de Bafatá.
Os galináceos, esses existiam com maior intensidade e eram petisco habitual, sendo consumidos ao nível de abrigo.
Existiam também araras, jagudis (abutres) e até, vejam lá segundo a classificação do "biólogo" Ricardo Lemos, peneireiros de dorso malhado que é, como quem diz, falco tinnunculus.
sábado, 11 de dezembro de 2010
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
P206: A NOSSA ALIMENTAÇÃO
Mais um lote de excelentes imagens disponibilizadas pelo Lemos, hoje versando a nossa paparoca.
Começamos pela simples recolha de lenha, comburente necessário à elaboração da suculenta sopinha que teve a supervisão do Lemos, o olhar atento do Carneiro Azevedo e a prova de um autóctone. Segue-se depois a distribuição dessa mesma sopa pelas terrinas, não faltando a saborosa salsicha e bacon. Esta operação é testemunhada (da esquerda para a direita) pelo Aníbal Barros, elemento não identificado, novamente a marcação à zona por parte do Carneiro Azevedo, Lemos, Chefe Patão e Euclides.
No refeitório com ventoinha (que luxo) as mesas já estão perfiladas para suportar tanta terrina. Entre refeições serve de casino para mais uma suecada.
Ao lado, na messe de Oficiais e Sargentos, o Lemos delicia-se com a sopinha do Patão e na última imagem poderemos ver os dois frigoríficos que tão benéficos nos foram principalmente para refrescarem aquelas colas fresquinhas que sofregamente bebiamos sempre que chegávamos de alguma operação. Ah, e trabalhavam a petróleo o que sempre me fez uma espécie tremenda: o calor gerar frio.
Começamos pela simples recolha de lenha, comburente necessário à elaboração da suculenta sopinha que teve a supervisão do Lemos, o olhar atento do Carneiro Azevedo e a prova de um autóctone. Segue-se depois a distribuição dessa mesma sopa pelas terrinas, não faltando a saborosa salsicha e bacon. Esta operação é testemunhada (da esquerda para a direita) pelo Aníbal Barros, elemento não identificado, novamente a marcação à zona por parte do Carneiro Azevedo, Lemos, Chefe Patão e Euclides.
No refeitório com ventoinha (que luxo) as mesas já estão perfiladas para suportar tanta terrina. Entre refeições serve de casino para mais uma suecada.
Ao lado, na messe de Oficiais e Sargentos, o Lemos delicia-se com a sopinha do Patão e na última imagem poderemos ver os dois frigoríficos que tão benéficos nos foram principalmente para refrescarem aquelas colas fresquinhas que sofregamente bebiamos sempre que chegávamos de alguma operação. Ah, e trabalhavam a petróleo o que sempre me fez uma espécie tremenda: o calor gerar frio.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
P205: IMPRESSIONANTE
Não pára de nos surpreender este Ricardo Lemos. Reparem na foto tirada há 40 anos e que pela sua execução no décimo de segundo exacto obteria um primeiro lugar em qualquer certame fotográfico.
Representa a resposta a uma das várias flagelações por nós sofridas, com o lançamento dum projéctil através do Lança-Granadas Foguete 8,9 cm, vulgarmente conhecido por Bazooca.
Clicando sobre a imagem terão possibilidade de desfrutar melhor visão. Impressionante. Quem seria o atirador?
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
P204: OS NOSSOS DEZEMBROS
10-Dez-70 / Op. "BRAVO GUERREIRO"
14-Dez-70 / Op. "DIAMANTE INDIANO"
15-Dez-70 / Levantadas 6 minas A/P em Padada
16-Dez-70 / Deslocação em viatura até Padada para recolha de força pára-quedista
21-Dez-70 / Op. "ATIRADOR FANTASMA"
26-Dez-70 / Op. "INDIANOS NATIVOS"
28-Dez-70 / Op. "PATRULHAS ÚNICAS"
10-Dez-71 / Op. "ENTUSIASMO JOVEM"
28-Dez-71 / Op. "BANANA GIGANTE"
30-Dez-71 / Op. "ARMADILHA FAMOSA"
14-Dez-70 / Op. "DIAMANTE INDIANO"
15-Dez-70 / Levantadas 6 minas A/P em Padada
16-Dez-70 / Deslocação em viatura até Padada para recolha de força pára-quedista
21-Dez-70 / Op. "ATIRADOR FANTASMA"
26-Dez-70 / Op. "INDIANOS NATIVOS"
28-Dez-70 / Op. "PATRULHAS ÚNICAS"
10-Dez-71 / Op. "ENTUSIASMO JOVEM"
28-Dez-71 / Op. "BANANA GIGANTE"
30-Dez-71 / Op. "ARMADILHA FAMOSA"
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