sábado, 22 de janeiro de 2011

P212: DULOMBI - BAFATÁ (1.ª PARTE) - RICARDO LEMOS

Tendo como referência a “Missão Dulombi”, e visualizando algumas imagens dos caminhos percorridos já lá vão 40 anos, surgiu-me a ideia de efectuar uma viagem virtual à data da nossa estadia em Dulombi e assim, relembrar e comparar os locais de então e os de agora. Tendo a felicidade de ter um pequeno acervo de slides a cores, em parte isso será possível, não com a qualidade das fotos actuais mostradas nos Blogues da 2700 e da 3491, mas com a qualidade à distância de 40 anos atrás.
Maio de 1971
(Capitão e Furriel Lemos)
Leeeeeeeeeeeeeeeemos!
Diga, meu Capitão.
Precisamos de efectuar uma coluna de reabastecimento a Bafatá. Prepare 12 Unimogs para amanhã. Prepare, também, alguns Unimogs com bancos para proporcionar alguns lugares nas viaturas para elementos da população, como é costume.
Tudo bem, meu Capitão, como temos 15 viaturas operacionais, isso é possível.
Então, como responsável pela área da mecânica, reuni condutores e mecânicos, e as tarefas foram distribuídas. Os condutores realizaram as manutenções e verificações necessárias para a viagem, nomeadamente a verificação dos níveis de óleo do motor e dos travões, níveis do líquido de refrigeração do motor, água, pressão dos pneus, verificação das baterias, verificação das ferramentas, etc. Se alguma deficiência aparecesse, os mecânicos entravam em acção.
Era deixado ao critério dos condutores a retirada dos assentos e a substituição dos mesmos, por sacos de areia, pois este estratagema era muito mais eficiente no caso de accionamento de uma mina anti-carro.
(Furriel Lemos, condutor Calado e mecânico Rosa)
Ó meu Furriel…
Diz lá, Calado.
O meu carro não pega. Não sei o que aconteceu!
Bem, isso será fácil de resolver. Pode ser a bateria, o motor de arranque, ligações eléctricas… e como temos em armazém peças sobressalentes para essas situações e vou falar com o Rosa para verificar o que se passa.
E o Rosa rapidamente resolveu a avaria. A bateria tinha “pifado”….
Na manhã seguinte, o pelotão escalado para fazer a picada, saiu de manhã, bem cedinho.
Os Unimogs, também já reabastecidos – os depósitos atestados com gasolina super – já se perfilavam no local do costume, prontos para seguirem viagem, quando o comandante da coluna militar desse a ordem de partida. Relembro que os Unimogs tinham um consumo médio de 45 litros/100 km.
As imagens mostram o trabalho de enorme responsabilidade, sempre que uma coluna militar saía de Dulombi. Trabalho árduo dos elementos escalados para a melindrosa operação de detecção de minas…
Á saída de Dulombi, os primeiros homens reconheciam o terreno…
O trabalho de detecção de minas era feito duma forma quase artesanal utilizando-se uma vareta com um ferro pontiagudo na extremidade familiarmente baptizado de “pica”.
Pelo meio havia aquelas distrações proibidas (G3 ao ombro e um trio - Foto Picagem5)já que os manuais preconizavam a deslocação em fila e a espaços, pois esta zona era muito densa em mato e arvoredo, sendo uma área propícia para emboscadas.
Na época das chuvas, as viaturas ficavam frequentemente atoladas. Então, os condutores e o mecânico de serviço à coluna militar, e com a ajuda dos elementos do pelotão escalado e até da população autóctone que seguia na coluna, trabalhavam arduamente para conseguirem deslocar da lama os Unimogs. Frequentemente, era usado o guincho frontal do Unimog que, com a extremidade presa a uma árvore próxima, era a única solução para a retirar do atoleiro ou lamaçal.
Feito o reconhecimento da picada, a coluna militarizada recebe ordem de partida. E os Unimogs, preparados para o reabastecimento, partem de Dulombi em direcção a Galomaro, tomando depois o rumo de Bafatá.
(Continua no próximo POST.)
R. Lemos

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