quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

P213: DULOMBI - BAFATÁ (2.ª PARTE) - RICARDO LEMOS

Feito o reconhecimento da picada, a coluna militarizada recebe ordem de partida. E os Unimogs, preparados para o reabastecimento, partirão de Dulombi em direcção a Galomaro, tomando depois o rumo de Bafatá.
Enquanto esperam pelo início da viagem de reabastecimento, a sombra de uma árvore é propícia para colocar as conversas em dia, ultimar os preparativos da viagem ou, então, verificar todos os pormenores de âmbito militar, pois, a picada, oferecia sempre perigos de accionamento de minas e emboscadas do inimigo.
OBS: O Unimog 404, era uma espécie de «burro de carga» e «pau-para-toda-a-obra» nos cenários africanos onde foi utilizado operacionalmente por Portugal. Desde veículo de ligação, transporte de comida, correio e feridos, até transporte de tropas, fez de tudo. O fabricante tinha mesmo uma versão específica para Portugal, a que chamou UNIMOG 411.115 e que era desprovido de quaisquer luxos e absolutamente rústico, incluindo nalguns casos um guincho mecânico frontal.
Ao serviço do exército português, cada Unimog transportava até 10 homens, em patrulhas e a sua posição elevada, e de costas com costas, permitia aos militares detectar movimentos nas proximidades. Em caso de emboscada, a tripulação não tinha qualquer tipo de protecção, baseando-se esta, na capacidade de o militar saltar tão rapidamente quanto possível para a frente (do veículo para o chão).
Esta vantagem táctica, no entanto, já não era tão evidente na Guiné, onde a floresta tropical tornava a progressão na selva quase cerrada, uma tarefa extremamente difícil, e onde estar numa posição mais elevada não tinha grandes vantagens.
E a coluna inicia a viagem….
A coluna militarizada dirige-se, então, na direcção de Galomaro, em plena picada.
Em primeiro plano, um Unimog da coluna, com a sua caixa vazia, pronto para o reabastecimento. Mais à frente, a população autóctone, aproveita a viagem para fazer os seus negócios em Bafatá, nomeadamente compra e venda de produtos alimentares, compra de roupas e outras necessidades de âmbito familiar.
Um pneu sobressalente serve de assento.
Mas, eis que surge um pequeno percalço. Um dos Unimogs da frente da coluna teve um furo – o que era frequente – e, então, há que fazer um compasso de espera. Os Unimogs, neste caso, aglomeram-se.
É visível a variedade de armas utilizadas para a operação. A imprescindível G3, o lança granadas-foguete 8,9 cm, vulgarmente conhecido por Bazuca, e adivinha-se também uma ou outra metralhadora ligeira, pelo pente de balas que um elemento transporta.
E será que a placa branca que se visualiza nas traseiras dos Unimogs, e em tempo de guerra, limitava estes à velocidade máxima de 50 km/h….ou tinha outro significado? Realmente, não me lembro desta situação. Espero a colaboração dos leitores para desmistificar este enigma!!!
E já agora, quem se lembra dos nomes dos militares que estão em primeiro plano? Vamos lá colaborar…
Outro aspecto da coluna militar, numa zona onde, no tempo das chuvas, os Unimogs ficavam frequentemente atolados.
Um aspecto curiosíssimo da vegetação tropical na picada Dulombi-Galomaro. As palmeiras sobressaem do resto da vegetação.
Segundo a minha opinião, é inesquecível esta imagem, pela beleza da paisagem.
E a sede do Batalhão, em Galomaro, já se avizinha, ao longe…
Percorremos cerca de 18 km.
Galomaro. Periferia.
Geralmente, a coluna fazia uma pequena pausa, para tratar de assuntos na sede do Batalhão e também para apear ou transportar alguns elementos da população.
Continuaremos a nossa viagem no próximo POST.
R. Lemos

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