segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

P214: DULOMBI - BAFATÁ (3.ª PARTE) - RICARDO LEMOS

Está na hora de seguir viagem até Bafatá. A distância a percorrer andará à volta dos 40 km. Os Unimogs da coluna militarizada e também outros veículos oriundos de Galomaro, percorrerão os caminhos em terra batida até chegarmos ao cruzamento da estrada Bambadinca/Nova Lamego. A partir daqui seguiremos até Bafatá em estrada alcatroada. Pela imagem abaixo, parece-me uma Berliet integrada na coluna militar.
Foto: ano de 1971, algures na estrada Bambadinca-Galomaro.
A Berliet Tramagal foi um dos veículos mais utilizados pelas forças armadas portuguesas nos anos 60 e 70, em particular na Guerra Colonial.
Os técnicos da Berliet desenharam um veículo relativamente simples de produzir, robusto e de fácil manutenção, capaz de operar com fiabilidade nos terrenos e climas mais extremos. Tinha um comprimento de 7,8 metros e uma capacidade de carga de 5 toneladas.
A Berliet Tramagal
Enquanto a coluna passa, um burrito com a sua carroça e transportando dois bidões (aqueles de 200 litros, que a população aproveitava para as suas necessidades do dia a dia) por ordem do seu jovem dono, encosta-se à berma da estrada, para dar lugar à passagem das tropas transportadas nos veículos militares, não vá haver algum problema com o animalzinho… já lá vão 40 anos!!!
Ainda os arredores de Galomaro.
Bonita imagem das características das Tabancas da região. Será que estas moranças ainda existirão? As tabancas, ao longo da estrada Galomaro-Bafatá.
Alguém se lembra desta povoação? Será Salia? Mamaconom? Jana? Madina? Bijine?
Curioso, é o olhar atento das crianças, a ver passar a coluna de reabastecimento. As duas imagens abaixo, captadas em 1971,.
deverão estar na memória de muitos camaradas da 2700. Era uma zona ampla, muito bonita, cuja estrada em terra batida era rodeada de muitas árvores, entre elas, as frondosas mangueiras, cujos frutos em cada árvore, eram aos milhares. A mangueira é uma árvore da família das anacardiáceas e que produz a manga, uma drupa carnosa e saborosa. Existem 35 espécies diferentes. Só que estas que se vêem nas imagens, não eram de cultivo, mas sim, selvagens. E nestas árvores, aproveitando-se da sombra refrescante, as aves exerciam o seu direito territorial, ocupando os ramos, aos milhares. Era uma delícia ouvir as melodias das linguagens das diversificadas aves que nelas coabitavam. As rolas eram surpreendentemente abundantes.
Já se adivinha a chegada à periferia de Bafatá. Agora, em estrada alcatroada, a conhecida ponte com estrutura em troncos de palmeira, sobre o rio Colufe, nos surge pela frente.
Ao longe, Bafatá, cidade cosmopolita, situada no centro da Guiné, era a terra mais distante de todas as fronteiras, o que a protegia das garras da guerrilha. Por tal motivo, as pessoas e bens podiam circular com alguma segurança e um certo à vontade. Situa-se na confluência dos rios Geba e Colufe.
Visitaremos Bafatá dos anos 1970-1972, no próximo Post.
Ricardo Lemos

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