domingo, 10 de abril de 2011

P227: O QUOTIDIANO DE DULOMBI (II) - RICARDO LEMOS

  O dia a dia dos autóctones de Dulombi consistia essencialmente em alguns trabalhos relativos à agricultura, conforme exemplos dados no Post 226, e trabalhos de artesanato, conforme artigos publicados no Post P108 – Machadinha da paz, e no Post 116 – Novamente artesanato, texto divagando sobre artísticos colares e ainda no Post 203 – Rostos masculinos de Dulombi, onde se pode visualizar a execução de trabalhos de artesanato local.
Tinham, também, as normais tarefas da vida doméstica.
O trabalho por conta de outrem resumia-se principalmente às tarefas das lavadeiras realizado pelas mulheres-grandes e bajudas. Os homens grandes dedicavam-se também a angariar o sustento da família e, segundo me lembro, uma delas era a caça, cujo produto era vendido aos elementos da Companhia 2700. Lembro-me de alguns mamíferos que eram vendidos: facocheros, porcos-espinhos, gazelas, javalis, pacaças, etc. Também se faziam negociatas com os animais domésticos, essencialmente com galináceos, cabras, cabritos e bodes.
A estrutura militar também era uma fonte de rendimento, assim como eventuais trabalhos tarefeiros, que surgiam esporadicamente.
Depois da roupa lavada era necessário passá-la a ferro. Ao fundo, na morança, uma milícia e uma mulher grande gozam a sombra da aba da habitação. Ainda se pode ver um indígena com o indispensável rádio portátil. Um guarda-chuva “do Sporting”, é visível na cobertura da habitação. No chão, observam-se restos de brasas de carvão.

 Os autóctones de Dulombi em pleno convívio à sombra de uma frondosa árvore.
  À volta do “costureiro ou alfaiate”, as mulheres grandes assistem ao trabalho de costura do profissional, que está vestido com uma camisa branca.

 Na imagem, observa-se um homem-grande na elaboração de cordas artesanais e, “o seu aprendiz”, entusiasmado pela aprendizagem fornecida pelo seu professor…
Em primeiro plano, ainda se pode ver a matéria-prima para a confecção das cordas.

Os trabalhos domésticos: o gral, o pilão e outros utensílios são visíveis na imagem. Ao fundo, uma cabrinha observa o trabalho e o lazer das personagens.
           Mulheres-grandes, um indígena milícia, crianças e um elemento da companhia 2700, gozam a sombra e a temperatura amena de um por do sol.

 A frondosa árvore da tabanca de Dulombi e mais um aspecto dos trabalhos de pilar no gral com o pilão, geralmente realizados à sombra das árvores. Na imagem observa-se uma série de mulheres-grandes e/ou bajudas nestes trabalhos domésticos.

              O asseio pessoal, aspectos frequentemente visíveis na tabanca de Dulombi. De notar o colorido dos trajes das mulheres e o gosto pelos adornos femininos, nomeadamente nos antebraços, braços e punhos, nas orelhas e no cabelo.

 
                   O nosso furriel enfermeiro, terminou de fazer o curativo à jovem bajuda… Onde arranjaria ela a mini-saia? As mulheres-grandes posam com solenidade…
Naturalmente, esta jovem, se for viva, deverá ter mais ou menos a nossa idade. Alguém se lembra do seu nome? As mulheres-grandes já devem ter falecido e, se assim for, paz às suas almas.
Foto de 1971, em memória das gentes de Dulombi.

Ricardo Lemos

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