terça-feira, 8 de novembro de 2011

P272: RELÍQUIAS FOTOGRÁFICAS DO "FAFE"

          Manuel Faria, ex-soldado condutor, mora na cidade de Fafe.

O Faria tem a profissão de motorista na firma Manuel da Costa Carvalho Lima e Filhos, Lda. sedeada em Várzea Cova, Fafe.

Esteve emigrado em França durante 20 anos, na região de Versailles.

Tem uma filha e uma neta.

Um abraço do Faria para todos os Dulombianos.
O Faria, com as suas 63 primaveras, comemoradas no dia 23 de Maio de 2011.




2011


1971

Accionamento da mina A/C na estrada Dulombi-Galomaro

Aconteceu no dia 5 de Outubro de 1971, numa coluna que se dirigia para Bafatá. Na picada de Dulombi-Galomaro foi accionada uma mina anti-carro, pelo rodado dianteiro direito do Unimog 404, conduzido pelo Manuel Faria.
Neste outro momento negro vivido pela nossa Companhia resultou a morte do soldado Luís Vasco Fernandes, de S. João da Pesqueira, tendo havido mais 2 feridos graves e 1 ferido ligeiro.
A coluna constituída por 9 Unimogs saiu do acampamento de Dulombi de manhã. A coluna auto transportada seguia o seu destino quando, repentinamente, se houve um enorme estrondo. O Unimog do Manuel Faria tinha sido atingido por uma mina anti-carro, accionada pelo rodado dianteiro direito, onde se encontrava sentado no respectivo assento o Luís Fernandes, que teve morte imediata. O Manuel Faria foi projectado a cerca de 5 metros de altura, para cima de uma árvore, de onde caiu depois, aos trambolhões. Caído no chão, lembra-se que ficou a gritar pelo alferes que comandava a coluna, ficando à espera de auxílio.
A mina foi accionada pela 5.ª viatura da coluna. Na 4.ª viatura seguiam cerca de 12 homens, eu incluído (Lemos).
Por sorte, a 5.ª viatura só transportava 4 militares: o Faria, condutor, que sofreu ligeiras escoriações no rosto, e equimoses na região do fémur, devido a ter batido no volante ao ser projectado. O Luís Fernandes que, devido a se encontrar sentado no banco direito, sofreu morte imediata. Na caixa do Unimog seguiam sentados no respectivo banco, o 1.º cabo aux. Enfermeiro Jorge Manuel Silva Cunha, que sofreu fracturas gravíssimas nos dois pés, perdendo o calcanhar do pé direito, além de outras deformações irreversíveis, e o Virgílio Luís Pinheiro Brilha, também com ferimentos graves.
De imediato foi accionado o pedido de auxílio. Os 4 soldados mencionados foram transportados para Nova Lamego e depois para Bissau, num helicóptero das forças armadas.
O Manuel Faria, apenas esteve 5 dias em Bissau, tendo depois regressado a Dulombi, via rio Geba, numa LDG.
Os feridos graves foram evacuados para a Metrópole. O Jorge Cunha esteve em Bissau cerca de 20 dias, doze dos quais em estado de coma. Esteve internado no Hospital anexo de Campolide, em Lisboa, cerca de dois anos. Está reformado como deficiente das forças armadas, com uma deficiência de 67.20%, segundo dados do Ministério da Defesa Nacional do Exército Português.
O Virgílio Luís Pinheiro Brilha, conforme já relatado em Posts anteriores, faleceu num acidente em Espanha, por volta do ano de 1991.


A CAÇA ÁS GALINHAS

Numa altura em que houve uma certa turbulência devido à fraca alimentação que estava a ser servida à Companhia, ao ponto de ter havido princípios de um levantamento de Rancho, nos finais do ano de 1971 – (Ver Post 96), todas as artimanhas eram usadas para se conseguir uma refeição melhorada.
Ora, o Faria apercebeu-se de que alguns galináceos se abrigavam debaixo dos Unimogs estacionados, pertencentes aos indígenas de Dulombi. E vai daí, pensou logo em abater uma rechonchuda galinha, no mais absoluto sigilo. Então, pediu emprestada a arma telescópica de chumbos ao furriel Rico e, aproveitando a melhor ocasião, deambulou por meio dos Unimogs, apontou a arma à dita cuja, e logo esta caiu morta. Com o animal embrulhado num casaco, dirigiu-se ao local de trabalho do Silva “padeiro”, proporcionando este, todos os ingredientes necessários para a festança. Umas batatas fritas, pão e vinho à descrição, acompanharam a saborosa galinha, matando a “fome” aos comparsas por alguns dias.
Aproveitando o tema, também uma vez por outra, os carneiros que se atravessavam à frente da coluna auto, aquando das viagens de reabastecimento na cidade de Bafatá, eram “atropelados” por um ou outro condutor, e logo trazidos para Dulombi. É que os animaizinhos não se desviavam dos Unimogs, e estes também não…

De pé: 1.º Cabo da CCS, Faria, enfermeiro Santos, Carvalho, Jerónimo Teixeira e furriel Costa.
À frente: Ventura, Marinho, “Estraga”, mecânico Victor e  Vieira.


Fernando (ajudante do vagomestre), Faria, Marinho e mecânico Santos.


Mostrando uma pele de cobra




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