quarta-feira, 28 de abril de 2021

P825: A GUERRA NO ULTRAMAR - ESTUDO DE JOHN P. CANN

1. Especialistas ingleses e norte-americanos estudaram comparativamente o esforço das Nações envolvidas em vários conflitos em simultâneo, principalmente no que respeita à gestão desses mesmos conflitos, nos campos da logística geral, do pessoal, das economias que os suportam e dos resultados obtidos.

Um deles, o americano John P. Cann, aquele que mais escreveu sobre o esforço de guerra português num estudo financiado pelo Kings College de Londres, chegou a várias conclusões.

Assim chegou à conclusão que em todo o Mundo só havia 2 Países que mantiveram 3 Teatros de Operações de Guerra em simultâneo: a poderosa Grã-Bretanha, com frentes na Malásia (a 9.300 Kms de 1948 a 1960 - 12 anos); no Quénia (a 5.700 Kms de 1952 a 1956 - 4 anos); e em Chipre (a 3.000 Kms de 1954 a 1959 – 5 anos), e o pequenino PORTUGAL, com frentes na Guiné (a 3.400 Kms), Angola (a 7.300 Kms) e Moçambique (a 10.300 Kms) de 1961 a 1974 (13 anos seguidos).  

Estes especialistas chegaram à conclusão que PORTUGAL dadas as premissas económicas, os seus recursos, a sua pequenez, as dificuldades logísticas para abastecer as 3 frentes, bem como a sua distância, a vastidão dos territórios em causa, e a enormidade das suas fronteiras, foi aquele que melhores resultados obteve.

Consideraram por último, que as performances obtidas por PORTUGAL, se devem sobretudo à capacidade de adaptação e sofrimento dos seus recursos humanos, à sobrecarga que foi possível exigir a um grupo reduzido de quadros dos 3 Ramos das Forças Armadas, comissão atrás de comissão, com intervalos exíguos de recuperação física e psicológica e às centenas de milhares de jovens que durante 13 anos combaterem naqueles territórios. Isto são observadores internacionais a afirmá-lo.

Estes homens que serviram durante 13 anos na Guerra do Ultramar, nos 3 Teatros de Operações, só pelo facto de aguentarem este esforço sobre humano que se reflecte necessariamente em debilidades de saúde precoces, mazelas para toda a vida, invalidez total ou parcial, e morte, tudo ao serviço da Pátria, merecem o reconhecimento da Nação, que jamais lhes foi dado.

2. Em todo o mundo civilizado, e não só em Países Ricos, cidadãos protagonistas dos grandes conflitos e catástrofes com eles relacionados, vencedores ou vencidos, receberam e recebem por parte dos seus Governos, tratamentos diferenciados do comum dos cidadãos, sobretudo nos capítulos sociais da assistência na doença, na educação, na velhice, e na morte, como preito de homenagem da Nação àqueles que lutaram pela Pátria, com exposição da própria vida.

Por todo o Mundo se veneram, recordam, imortalizam e se homenageiam os soldados que combateram em teatros de guerras, sejam eles vencedores ou vencidos. São às centenas os memoriais, as estátuas e os cemitérios onde repousam os que morreram em combate. Seria fastidioso citar todas as regiões planetárias onde isso acontece. Muitos dos nossos mortos foram abandonados nos territórios africanos, pelos sucessivos governos pós 25 de Abril e encontram-se sepultados aqui e ali como se de animais se tratassem.

Em PORTUGAL - Somos os únicos que não seguem os exemplos generalizados do tratamento diferenciado aos que serviram a Pátria em combate. E pior ainda. O cúmulo dos cúmulos. Quem combateu é censurado, vilipendiado e ostracizado. Pelo contrário os traidores/desertores, muitos dos quais fugiram e foram viver com mordomias de príncipes e outros que ainda hoje pululam no sistema político vigente, apelavam à morte dos soldados portugueses

 

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