segunda-feira, 3 de outubro de 2011

P262: RELÍQUIAS FOTOGRÁFICAS DO ALFREDO SÁ

          Alfredo Adão Freitas de Sá, ex-soldado condutor, mora em Calendário, Famalicão.
Além de se encontrar na reforma desde 2009 como técnico da construção civil, exerce a actividade de dirigente do Sindicato da Construção Civil a Norte do Rio Douro, ocupando-lhe todo o tempo disponível, inclusive, por vezes, Sábados e Domingos.

É pai de 1 filha e avô de 2 netos.

Continuamos com o tema proposto no Post 240 e esperamos que a continuidade seja duradoura. O Adão Sá gentilmente cedeu algumas das suas “relíquias fotográficas” para publicação no nosso Blog.

Um abraço do Adão Sá para todos os Dulombianos.

O Adão Sá, com as suas 63 primaveras, comemoradas no dia 8 de Abril de 2011.

1971









2011



OPERAÇÃO "LIGEIROS QUADROS"

Aconteceu no dia 10 de Agosto de 1970, numa patrulha à região de Jifim. Próximo daquele local foi accionada uma mina anti-carro, pelo rodado traseiro de um Unimog 404, conduzido pelo condutor Alfredo Sá.
Deste primeiro momento negro vivido pela nossa Companhia resultou a morte do 1º cabo António Carrasqueira e mais quatro milícias, além de vários feridos, (ver Post nº 245).
A coluna constituída por 5 Unimogs saiu do acampamento de Dulombi por volta das 6 horas da manhã, já dia nas terras de Dulombi. A coluna auto transportada seguia o seu destino quando, repentinamente, se houve um enorme estrondo. O Unimog do Alfredo Sá tinha sido atingido por uma mina anti-carro. O Alfredo Sá foi projectado a cerca de 10 metros de distância do local do accionamento da mina, mas ficou consciente. A primeira coisa que se lembrou foi percorrer todo o corpo com as mãos para se certificar se estava ferido. No fim da inspecção estava com as mãos cheias de sangue.
Onde será o meu ferimento?
Pensa o Sá…
Mas logo viu uma perna solta de um infeliz milícia, cortada pelo impacto da mina, a gotejar em cima do seu corpo. Logo a afastou…
Não tinha ferimentos. O sangue era dessa perna.
Recebeu ordens imediatas dos seus superiores para todos ficarem nos lugares onde se encontravam. Era preciso fazer o reconhecimento do local, pois podia haver minas anti-pessoais no local do rebentamento da mina anti-carro.
Depois deste reconhecimento, as ordens foram para transportarem os feridos e os mortos para os outros Unimogs e organizar o regresso imediato da coluna militarizada para Dulombi, onde chegaram perto das 10 horas da manhã.
O Alfredo Sá foi posteriormente internado na enfermaria da CCS, em Galomaro, onde foi submetido a um tratamento psicológico com fármacos apropriados. Sem esses medicamentos, não conseguia dormir, sonhando persistentemente com o incidente. Por tal motivo, e submetido ao tratamento durante cerca de 10 dias, passou quase todo esse tempo a dormir…
Não mais lhe foi distribuída nenhuma viatura. Chegou a se deslocar a Bissau para participar num estágio para a condução das Berliets, mas como ainda estava afectado psicologicamente, foi dispensado.
Ocasionalmente, e durante o resto da Comissão, substituía um ou outro condutor nas suas tarefas, assim como passou a ser ajudante de mecânica, na oficina auto, ajudando o Rosas, o Victor e o Santos nos seus trabalhos profissionais.
Conta o Sá que, pouco tempo depois de chagar à Metrópole, foi assistir à Romaria de Nossa Senhora dos Remédios em Calendário, Famalicão, e, na altura em que estoirou um foguete, por instinto atirou-se imediatamente para o chão, por detrás de um cruzeiro, magoando-se inclusive nos cotovelos. Depois veio à realidade, mas foi chacota de todo o mundo, com largos sorrisos dos presentes…
Aconteceu-lhe uma segunda vez, nas Festas Antoninas, em Famalicão.
Mas pouco a pouco foi recuperando, e hoje sente-se bem.
Mas devido ao trama da mina, ainda no presente sonha com a Guiné, pensado que está a ser convocado para uma nova Comissão.
Enfim, aqueles traumas que os psicólogos denunciam.
E é a verdade, que muitos não acreditam…


José Costa, enfermeiro Gaspar e Sá, em pleno convívio musical.


Preparando um delicioso petisco: pernas de rã. Maia da Cunha, enfermeiro Cunha, Sá e Ramos.


Mais uma patuscada.
Uma das raras fotos onde aparece o 1.º cabo condutor Amaral.
Rodrigues a cortar o leitão,  Alfredo Sá,  Amaral, ajudante do vagomestre e Marinho “Professor”.


As célebres patuscadas na oficina-auto
Na imagem podemos visualizar uma série de condutores e mecânicos, assim como o Capitão e o furriel Lemos. Como na presidência está também o condutor Calado, presume-se que este é o aniversariante.


Mais um aniversário, provavelmente, do mecânico Rosas, por se encontrar na mesa da presidência completada pelo alf. Correia e furrriel Lemos.

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