Celebra, hoje, o nosso "Capitão" o septuagésimo aniversário. Estou convicto que toda a Companhia se associa para lhe desejar as maiores felicidades.
Aproveito este momento para realçar o gosto que tive em privar consigo durante aqueles 23 meses que passámos em condições extremamente adversas e, portanto, mais propiciadoras de momentos de conflito o que não veio, felizmente, a acontecer.
Marcou-me, logo, no início da comissão quando na célebre operação ao Jifim ter tomado parte dela. Atendendo à grande probabilidade que haveria de termos contacto com o inimigo, pois recordo-me que os oficiais da Companhia que nós tinhamos rendido (C. Caç. 2405) afirmavam que os guerrilheiros do PAIGC deveriam estar instalados nas proximidades (propriamente no Jifim) devido ao relaxamento da actividade por parte das nossas tropas. Perante este cenário seria extremamente fácil ordenar aos dois alferes que conduzissem os seus homens e ficar no quartel, no seu bunker, à espera de novidades. Mas não. Tomou parte na operação e a partir daqui, pelo seu exemplo, dimanou uma autoridade carismática que praticamente nem foi preciso ser imposta (o que se poderia confundir com autoritarismo).
Depois, de forma frequente, incorporou-se noutras operações tendo, inclusivamente, numa delas sofrido de forma estóica o ataque feroz, não, como seria mais provável, dos guerrilheiros do PAIGC mas sim dum "exército" de abelhas.
Marcou-me, também, o feeling que teve para, sem grandes sobressaltos, conseguir gerir aqueles incidentes que aqui e além iam acontecendo sem necessidade de aplicar x ou y dias de detenção ou de penas que manchassem a caderneta dos seus subordinados.
Confidente, amigo, estava sempre pronto a ouvir-nos quando algum de nós tivesse problema particular ou familiar a afligir-nos.
Foi, na realidade, um verdadeiro leader.
Estou convicto que nunca fomos atacados directamente pelo IN - apesar de o nosso aquartelamento ser o que se encontrava, na frente Bafatá/Gabu-Sul, mais perto da base inimiga situada na Guiné-Conakry - pela veracidade, empenhamento e frequência que colocou em todas as operações transmitindo a mensagem, aos guerrilheiros, que não estávamos ali para "brincadeiras".
Por tudo isto, obrigado COMANDANTE.