terça-feira, 17 de julho de 2012

P388: RELÍQUIA FOTOGRÁFICA DO SERAFIM CARNEIRO "FRITZ"


Serafim Martins Marques Carneiro, ex-soldado atirador, integrou a Companhia 2700 em rendição individual, em Agosto de 1971.

 Serafim Carneiro com as suas 64 primaveras comemoradas no dia 3 de Junho de 2012.

No Post 001 – A nossa Companhia – de 13 de Maio de 2007, o “alferes” Barata narra o seguinte:
“Em Março demos as boas-vindas ao 1.º Cabo Casimiro dos Santos Canelhas. Passando a pertencer à Companhia, a partir de Maio, o soldado José da Silva Guerra, vindo da CCS do Batalhão, ao mesmo tempo que o soldado José da Costa Marinho faz o sentido inverso, no que é acompanhado, em Agosto, pelo soldado Serafim Martins Marques Carneiro.”

Presentemente, o Serafim Carneiro está internado na Fundação Lar Evangélico Português, desde Fevereiro de 2012, sita na Rua D. Afonso Henriques, n.º 2767; 4425-057 Maia (Águas Santas). Telefone de contacto: 229719837.
Segundo a Dr.ª Sara, Directora Técnica do Lar de idosos, os amigos e camaradas de armas do Serafim podem visitá-lo e, simultaneamente, ficarem a conhecer a Instituição. 
Fundado em 7 de Julho de 1948, o Lar Evangélico Português é o fruto da visão, do amor, da fé e determinação do Pastor Joaquim Eduardo Machado e de sua esposa Isénia Machado, apoiados, na altura, pela 3.ª Igreja Baptista do Porto, que ele próprio fundou e pastoreou.
Motivados por um profundo desejo de ajudar as inúmeras crianças e idosos desamparados pela crise do pós-guerra e, apesar dos seus limitados rendimentos, este casal com os seus seis filhos, começou por receber pessoas na sua própria casa que depressa se tornou pequena demais. Sem quaisquer garantias financeiras, dependendo apenas da sua fé e da generosidade de amigos e organizações solidárias com o seu Sonho, em Julho de 1948 este casal deixou a casa onde morava e, fundou o Lar Evangélico Português – actualmente sedeado em Águas Santas, na Maia.
A fundação LEP tem duas vertentes distintas: O Lar de crianças e jovens e o Lar de idosos.

O Serafim Carneiro tem estado internado desde os seus 57 anos de idade, mas só em Fevereiro de 2012 é que está neste Lar, conforme já foi dito. A casa onde estava anteriormente foi fechada pela Segurança Social, pois não tinha condições para tal.
Tem um quadro psíquico ainda por avaliar.
Do primeiro contacto que tive com o Serafim, fiquei com a impressão de ser um indivíduo calmo, cujo diálogo sobre os tempos passados se mostraram muito confusos, o que não é de admirar por dois factores distintos: os 40 anos passados sobre os acontecimentos e o problema de saúde do nosso companheiro Serafim.
Sem o interlocutor falar de nomes, o Serafim contou:
“Fui 1.º cabo do Regimento de Serviços de Saúde de Coimbra, pois tirei a especialidade de enfermeiro. Depois fui mobilizado para a Guiné, como soldado atirador, visto que fui despromovido e castigado, devido a problemas que tive com alguns oficiais.
Ao fim de 22 dias em Bissau, fui para Cancolim e depois segui rumo a Galomaro. Aí, era acompanhante do Major Mendes e do major Teles e do capitão Santos. Em Dulombi estive cerca de 8 meses, e era apontador da MG 42.
(Nota do autor: parece que a narrativa bate certo já que o Serafim, segundo o Post P001, foi transferido de Galomaro para Dulombi em Agosto de 71.
O Serafim contou outras pequenas histórias, nomeadamente, que sofreu um acidente com uma mina, numa coluna militar Galomaro-Bafatá, em que morreram 50 pessoas…. (Isto não aconteceu…), e outra coisas do género.

O Serafim deverá ser divorciado, tendo tido 3 filhos deste casamento. Depois arranjou uma companheira da qual teve uma menina, cujo paradeiro desconhece.
Vive sem rendimentos e ainda está à espera da reforma, que só deve chegar quando perfizer 65 anos de idade. O Lar está com problemas financeiros relativamente ao Serafim, pois só a Segurança Social ajuda…
Tem no seu braço esquerdo uma tatuagem com a inscrição: Guiné 1970/72, e nome FRITS, gravado.
O Serafim conta que teve três profissões: cozinheiro, trolha e vendedor.
Eis algumas lembranças do Barata: “Recordo-me perfeitamente do Serafim. Era
um tipo muito simpático e voluntarioso. Se não estou enganado ele trabalhava na cozinha de um hotel e a este tempo de distância recordo-me que ele nos explicava a diferença entre vários tipos de pimenta e em que circunstâncias deveria ser utilizada cada uma delas.
           Não sei se a alcunha lhe advinha pelo facto de trabalhar no Hotel Ritz. Daí o FRITZ???”

Também, o António Tavares, ex-furriel, da CCS, opina:

Caro R. Lemos,

Ao ver a fotografia do P388 - Blogue CCaç.2700 - não tenho dúvidas que o “FRITZ” esteve em Galomaro.
Não sei precisar as datas. Sei que respondeu, à hora do almoço, dentro do refeitório, ao Gen. Spínola: "naquele dia estavam a comer bem porque sabiam que o nosso General vinha visitar-nos". Resposta imediata do Major Sousa Teles: "não Fritz ninguém sabia da visita do nosso General".
Em Galomaro, as Praças, estavam a comer mal.
Um soldado, condutor auto, tinha escrito ao General a queixar-se de tal. O Gen. Spínola à hora do almoço apareceu no quartel a certificar-se da queixa. Coincidência, no dia anterior Galomaro tinha recebido frescos!
Já escrevi esta história num blogue e penso que também no da CCaç.2700.
Sugeria ao F. Barata que postasse esta fotografia no GRUPO: GALOMARO, DESTINO E PASSAGEM.
Os camaradas da CCS/BCAÇ.2912 reconheceriam o “Fritz”. Pelo nome ninguém se recorda. Neste grupo há fotografias do “Fritz”.
Recordo que há mais de trinta anos encontrei o “FRITZ” na Praça da Liberdade, no Porto, com uma pasta na mão. Disse-me que era vendedor. Era da Póvoa de Varzim. Falamos, naquele dia, mas nunca mais o vi.

Um abraço de amizade.
António Tavares
Foz do Douro, 17.Julho.2012
Da esquerda para a direita: Serafim Carneiro, José Orlando Vicente, alferes Barata, Teodoro e Carneiro Azevedo.



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