Expôs-se à malária na sua última viagem a África, de onde voltou doente. A seguir, uma espécie de inversão de marcha na vida bateu-lhe à porta. Esteve em coma, foi obrigado a recomeçar do zero, a reaprender-se nas atividades essenciais do seu dia-a-dia. Dulombi mostrou-lhe que a vida se cumpre no caminho e na viagem, mas que às vezes estes são feitos sem guião. Ao sabor da busca, quase um ano depois, o Gil assinalava um outro marco: cerca de 3 mil quilómetros a pedalar de bicicleta por Portugal. Marco inabitual para quem foi obrigado pela doença a reaprender quase tudo, desde o andar à assinatura do nome.
Dulombi será sempre a sua herança inquestionável. Aí o sonho define-o. É essa a legenda no olhar de Gil Ramos, um dos fundadores e voluntários da Missão Dulombi. Gosta ou precisa de “viver no redline”, talvez pela necessidade de busca e procura, ou pela dificuldade tremenda de se libertar do passado. Este é o Gil, filho de Dulombi, que vive ao sabor da busca, mas sem pressa de ver o fim; que acredita na vivacidade da troca; que nos oferecerá sempre uma viagem em troca de uma missão.
Sobre a Guiné, país que o chamou, diz, ainda, não ser para todos. “É fácil tropeçar numa pedra e depararmo-nos com um mundo à parte”, nesta África negra. Mas, afinal, que mundo é este?
Veja a última parte desta conversa intensa, sobre uma história que nos alimenta de espanto. A narrativa de quem se diz não ter sido feito “para ver a lua duas vezes no mesmo sítio”, mas cujo pequeno milagre defende ser: “estar no sítio certo, à hora certa”.
Visionar a entrevista: https://www.facebook.com/narrativashumanas/posts/134706065323811
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