segunda-feira, 25 de outubro de 2010

P197: ADAM - MÃE DO MUSSA


No Post 195, dedicado ao Mussa, referi que o mesmo era filho do Chefe de Tabanca e da Adam, moça que se distinguia, no escasso universo feminino dulombiano, por ter alguma beleza (seria esta a razão por ter ser sido escolhida para sua esposa pelo Chefe de Tabanca? É que a diferença etária era considerável). A Adam era, também, a lavadeira de alguns dos nossso militares, nos quais me incluo. Depois de ver a sua foto (mais uma vez enviada pelo incansável Lemos ao qual agradeço) fiquei com pena de não ter pedido ao Gil da "Missão Dulombi" que tentasse saber algo dela, o que seria fácil já que esteve com o seu filho Mussa.
Como a expedição do Gil e Ricardo está a gerar dentro da família 2700 um rememoriar de sensações, estou convicto que, em breve, algum de nós rumará até aquelas terras, pelo que desde já ficarão incumbidos de proceder à missão "Á procura de Adam - Uma Aventura na Bolanha".

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

P196: "MISSÃO DULOMBI" E AGORA COMO VAI SER?

Tenho estado a seguir com alguma atenção e curiosidade distantes o desenrolar desta viagem. Esperava nada…absolutamente nada. Estava só a ver.
Até que chegaram fotografias de Dulombi. Todo o meu ser abanou. Aquela do troço da picada entre Galomaro e Dulombi inquietou a minha alma.
As dos monumentos aos mortos arrepiaram todo o meu ser. Então a que tem a bandeira aos ombros com a sugestão de que representa o nosso suor e o nosso sangue transportou-me para lá.
Lembrei-me que não respeitávamos muito a pátria mesmo que consubstanciada na bandeira. Ela (pátria) não era respeitadora e portanto nunca se conseguiu fazer respeitar.

Mas, mesmo assim, as lágrimas espreitaram, e soube-me bem deixá-las correr pela cara abaixo, primeiro devagar e silenciosamente e depois convulsivamente num choro descontrolado.
Durante algum tempo dei largas à descarga de tensões durante tantos anos reprimidas: às das memórias do sofrimento, das da dor, da raiva, da impotência, do ódio, do medo, da cobardia. È verdade, só lutei porque não tive coragem para o não fazer, para permanecer e dizer não.
Quando regressei no fim da minha comissão fiz a mim mesmo a promessa solene de nunca mais lá voltar.
Penso que chegou a hora de a quebrar.
Devo ir lá tentar enterrar os fantasmas dessas memórias que tanto me têm atormentado não permitindo que o meu espírito tenha quietude, tenha paz.

António Barros,
Ex-alferes miliciano da CCAÇ 2700

terça-feira, 19 de outubro de 2010

P195: LEMBRAM-SE DO MUSSA?

O Mussa era um puto com 2/3 anos, filho do Chefe de Tabanca e da Adam (será a grafia correcta?) ternurento a quem em determinada altura coloquei água oxigenada no cabelo do que resultou a criança mais linda que havia em Dulombi (pena as fotos serem a preto e branco). Quando soube que o Gil ia a Dulombi nesta expedição tão meritória, contactei-o de forma a indagar se o Mussa ainda estaria por lá. A missão foi bem sucedida pois embora o Mussa neste momento se encontre a viver em Galomaro, o mesmo incorporou-se na ida a Dulombi e para memória ficam as fotos tiradas neste local. Não sei que recordações, o Mussa, retem da minha pessoa, mas dizer ao Gil que "não hei-de morrer sem ver o alferes Barata" emociona.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

P194: IMAGENS DE UM SONHO REALIZADO

Para ver as imagens devem clicar em: "Veja todas as imagens"

Algumas imagens que retratam a aventura do Gil e do Ricardo rumo a Dulombi. Poderemos ver o troço Galomaro/Dulombi; o Zé Luís (nativo mecânico da nossa Companhia); o Chefe da Tabanca, Culumbali que quando lá estivemos teria já 30 e muitos, 40 anos. Agora, juntem-lhe mais 38 anos e adivinhem a idade que este ancião terá; o forno da padaria que, de todos os equipamentos que nós por lá deixámos, será o único com utilização actual; o mastro da bandeira por lá continua e até um dos postes de uma das balizas do campo de futebol (a baliza completa é do campo de futebol de Galomaro). Em suma, imagens que emocionam. Os meus agradecimentos ao Gil Ramos pela autorização da divulgação das mesmas e por nos ter proporcionado a visualização de locais e memórias que tanto nos dizem. Em: http://www.facebook.com/missaodulombi poderão ver a cobertura total da viagem

sábado, 16 de outubro de 2010

P193: SONHO REALIZADO

Fotomontagem antevendo a chegada da "Chaimite" a Dulombi.


Depois da tentativa de chegarem a Dulombi na própria viatura, a qual só não se consumou por ter chovido copiosamente, transformando o troço Galomaro/Dulombi intransitável para o tipo de viatura em que se transportavam, o Gil e o Ricardo após terem pernoitado em Galomaro, local onde se sentiram uns verdadeiros príncipes tal a forma como foram tratados pelo régulo, regressaram a Bissau.
Hoje, logo pela manhã, partiram de Bissau, num jeep alugado e ainda não era meio-dia já se encontravam a cumprir o sonho a que se tinham proposto: distribuição de artigos de primeira necessidade à população jovem de Dulombi.
Agora é o regresso que vaticinamos seguro depois desta epopeia a todos os títulos louvável.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

P192: MISSÃO DULOMBI - HISTÓRIA LINDA


Quem tem acompanhado a Missão Dulombi, quer através do próprio Blog, quer através da ligação no Facebook terá conhecimento que o Gil e o Ricardo já atingiram a sua primeira meta, isto é, a cidade Bissau. Estou convicto que nunca ninguém terá feito Vila do Conde - Bissau, em viatura auto, em 7 dias, pelo que o seu feito constituirá um record embora não seja esse o motivo que os mova.
Mas a razão deste Post é relatar-vos algo de emocionante. Ao abandonarem território senegalês e quando entram em território guineense o funcionário da Alfândega que os atende, de papeis na mão, fica algum tempo mirando o autocolante que vinha colado na porta da viatura - MissãoDulombi. A palavra Dulombi tocou-lhe. Como o Mundo é pequeno: este funcionário é natural de Dulombi e teria 9 anos quando a 2700 lá estava sedeada. Escusado será dizer que os nossos Heróis ficaram bastante tempo "retidos" na fronteira, mas o motivo, que em situações normais seria penalizante - entenda-se razões burocráticas - pelo contrário, foram minutos de prazer, em que o Gil pode transmitir as razões da missão a que se propõem, ao mesmo tempo que foi transmitindo por onde andam agora aqueles que provavelmente terão tido contactos com aquele miúdo de 9 anos, nascido numa terra de tanta magia para cada um de nós. Incluo fotos onde podemos ver alguns miúdos que deambulavam por Dulombi nos tempos em que nós lá prestámos serviço. Será o funcionário da Alfândega algum deles?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

P191: MISSÃO DULOMBI


Neste momento (12H30) os nossos HERÓIS já ultrapassaram Velingara, no Senegal, e certamente com esta pedalada chegarão hoje à "nossa" Guiné.
Estou emocionado com semelhante jornada. Malta! Enviem-lhes palavras de encorajamento e admiração pelo feito para: 00 221 776654636

domingo, 3 de outubro de 2010

P190: MISSÃO DULOMBI

Obrigatório acompanhar: http://missaodulombi.blogspot.com

http://www.facebook.com/missaodulombi

Sinto que é, também, um pouco de cada um de nós que o Gil (filho do Ramos), qual Gil Eanes do Século XXI, ao longo destes dias, vai transportar até chegar a Dulombi, acompanhado pelo seu primo.
Não tenho palavras para a generosidade desta malta. Boa viagem rapazes.

sábado, 2 de outubro de 2010

P189: OS NOSSOS OUTUBROS


07-Out-70 / Op. "ALFAMA FADISTA"
13-Out-70 / Op. "BRAVOS GALEÕES"
18-Out-70 / Op. "HORTENSE MARAVILHOSA"
27-Out-70 / Op. "INDIO NATIVO"

01-Out-71 / Num patrulhamento ao serviço da CCS morrem nas Duas Fontes, Rogério Soares e José Monteiro
03-Out-71 / Op. "GRANDE LIÇÃO"
05-Out-71 / Accionada mina A/C no itinerário Dulombi/Galomaro. Causou um morto (Luís Fernandes) e 3 feridos
14-Out-71 / Flagelação
20-Out-71 / Mina A/C. 7 feridos
20-Out-71 / Op. "ARMAS FATAIS"
28-Out-71 / Op. "METAL RADIANTE"

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

P188: O ÚLTIMO DERBY

------------------------------------------------ OS GALÁCTICOS DA BOLANHA ---------------------
Dos Piras, reconheço o Comandante, Capitão Pires, entre o Rico e Soares e em primeiro plano o Alferes Dias (qual dono da bola) entre o Alves e o Coronel Carlos Gomes.


Dentre os passatempos por nós utilizados para enganar os tempos mortos que passámos durante a permanência em Dulombi, o futebol terá sido o preferido pela maioria dos elementos que constituiam a nossa Companhia. Para além das futeboladas que pontualmente havia, tipo solteiros contra casados, recordo que quase com uma componente oficial e regulamentar (com árbitro e tudo) se realizavam torneios entre pelotões sendo os elementos das especialidades absorvidos por cada um dos pelotões (recordo-me a este tempo de distância que o Costa de Transmissões equipava pelo meu pelotão porque no desfile de apresentação, em Brá, nele foi inserido). Estes torneios eram disputados de forma renhida e com incerteza até à última jornada sobre o seu vencedor.
Para a história ficam imagens, disponibilizadas pelo Ricardo Lemos, da última peleja realizada em território dulombiano entre alguns graduados dos velhinhos da 2700 contra os piras da 3491.
Reparem no gesto técnico, em elevação, do Ricardo Lemos pedindo meças a qualquer Bruno Alves. De realçar, também a forma decidida como o Meirim bloqueia a bola, sob o olhar atento do Soares.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

P187: NOVO CONTRIBUTO DO ANTÓNIO TAVARES

Depois de ler o P173: - ONOMASTICAMENTE DIVAGANDO, um excelente trabalho, verifiquei que a Fauna da CCS/BCAÇ.2912 também era fraquita com um Carneiro, um Pinto e dois Coelhos: - um Bravo outro Manso, porém as matas do leste da Guiné – Galomaro – eram ricas em coelhos selvagens. Os nossos camaradas, cada um com o seu estilo, não se importavam nada de assim serem tratados e todos os conheciam pelas alcunhas, que nada tinham de depreciativo mas sim de pura camaradagem de combatentes que foram “obrigados” a uma guerra de guerrilha, na Guiné, de 01-05-1970 a 23-03-1972. Em 29-05-2004, na Curia, XI Convívio co-organizado pelo “Coelho Manso”, o Belarmino Coelho - faleceu em 2009 - assinou: “Coelho Bravo”, no meu livro de recordações. Paz à sua alma e à de todos os ex-colegas combatentes falecidos. Na noite de 15-08-1970 foram apanhadas 14 lebres, foto anexa, a maior caçada de sempre, e durante umas refeições os Oficiais e Sargentos comeram bem em Galomaro. O 2.º Sargento H Nobre, Mecânico Auto do BCAÇ.2912, saía ao anoitecer de Unimog com 2 ou 3 homens e regressavam pouco tempo após a saída, porque era presa fácil toda a lebre que aparecesse à frente… as necessidades assim obrigavam a estes disparates de caçadas nocturnas. Um coelho ou lebre custava 10$00 Pesos… um frango, pouco maior do que um pintainho, tinha o preço de 20$00 Pesos… só com a intervenção dos chefes das Tabancas previamente presenteados conseguíamos comprar os frangos. Também praticavam e conheciam a Lei da Oferta e da Procura! O coelho fazia jus à condição de animal reprodutor naquela zona do leste da Guiné. Com toda a certeza que não dava o nome às “coelhinhas” da Playboy nem era o símbolo da Páscoa para uma População - Fulas - Islâmica que praticava o feiticismo nos anos setenta do século passado. Outras Terras…outras Culturas.
Um abraço
António Tavares
Foz do Douro, 19-09-2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

P186: ANDARIAS NUM JEEP REPARADO POR ESTES "MECÂNICOS"?


Aquele conceito tão em voga nos dias que correm já era praticado há muito pela 2700, isto é: a estratégia de flexibilização. O núcleo estável do pessoal da Companhia assumia múltiplas funções, desempenhando trabalhos num momento, tais como o comando de respectivo pelotão, para passar para outros noutro momento - como documenta esta foto - sempre dispostos a reciclagem e alteração dos planos de carreira.

domingo, 19 de setembro de 2010

P185:TRANSFERÊNCIA DO ESPÓLIO DA COMPANHIA

Como todos os outros elementos da Companhia 2700, os “Ferrugentos” também estavam ansiosos pela chegada dos “Piras”.
Os condutores e os mecânicos que compunham o meu “pelotão” tinham trabalhado com afinco, para contribuir e alcançar com honra e competência, os objectivos da nossa Companhia.
A chegada dos “Piras” foi programada ao pormenor – como já realçado no nosso blogue – onde não faltou a R.T.D., conforme mostra a foto abaixo:


















e apetrechada com as mais sofisticadas máquinas de reportagem da altura. Admirem-na na fotografia seguinte:













Para receber com honra e dignidade a nova Companhia, as mais altas individualidades se apresentaram a rigor. O nosso “Capitão” (in, soldado-básico, Post 148), apresentou, em nome da Companhia 2700; as boas vindas a todos os elementos “Piras”, conforme elucida a foto, de grande beleza, apresentada abaixo:


















Depois de alguns dias de apresentação e convívio, a transferência do espólio mecânico começou a ser trabalhada.
Como representante máximo da “Ferrugem”, foi com naturalidade que me coube essa tarefa e, assim, trabalhei com o furriel mecânico Manuel Rodrigues, de Mortágua, (in, Post 159), a transferência do dito espólio.
Ao ler no nosso blogue o Post 39 – Correia, foste aldrabado – ocorreu-me um episódio aquando da assinatura dos respectivos recibos de quitação.
Relembro que o meu espólio era constituído por 17 viaturas Unimog, 1 Jeep, o equipamento gerador de electricidade e muitos outros elementos dispersos pertencentes à oficina-auto, como aparelhos de soldadura oxi-acetilénica, aparelhos de soldadura a arco eléctrico, máquinas de furar manuais, ferramentas de serralharia de bancada e outras ferramentas que faziam parte da caixa-ferramenteira de cada viatura.
Cada condutor era responsável pela sua viatura e ferramentas associadas, assim como manter a mesma sempre com os planos de manutenção em dia, isto é, mudanças de óleo, lubrificação geral, limpezas e demais cuidados diários, para um funcionamento eficaz da “sua” máquina.
Ainda me lembro do nome dos 17 condutores (penso não estar enganado): Veras, Calado, Luís Maria, Costa; José Silva; Manuel Faria; Serafim Vieira; José Carvalho, Alfredo Sá, Domingos Ferreira, Arnaldo Costa, António Cunha, José Maria Silva, Carlos Amaral, Alves Rodrigues, Paiva Guimarães e o Cardoso.
Voltando, então, ao assunto principal, o Furriel Manuel Rodrigues, não quis assinar os recibos de quitação porque…faltavam as “capotas” ou “oleados” dos Unimogs.
Pudera!!! Alguns deles estavam a servir de tapamento da oficina-auto que construímos, outros tinham-se deteriorado com o tempo, e nunca me passou pela cabeça dar baixa dessas “capotas”, o que seria fácil, com a experiência que tinha adquirido.
Directamente, era eu o responsável por esta “falha”, e cada condutor o responsável por esse material.
Mas, quem queria andar nos Unimogs, com caixa tapada? Ninguém, pois era extremamente perigoso. Melhor era sofrer as consequências do tempo. No Inverno, a chuva, no Verão, o pó. E a visibilidade era imprescindível nas colunas…
Então, houve um impasse. Se o Furriel Manuel Rodrigues não assinasse os recibos de quitação, teríamos problemas, inquéritos e pagamento dos objectos em falta.
Como as conversações estavam um pouco complicadas, e eu não tinha meios de fazer “quadruplicar as capotas” como fizeram ao alferes Correia com as chapas de zinco, sacos de cimentos, etc., pensei num outro estratagema.
Como é sabido, ao longo dos 23 meses de Comissão, fui várias vezes a Bissau entregar peças danificadas dos Unimogs e requisitar novas peças de substituição. Bissau não perdoava a entrega dos elementos inutilizados, e só depois é que os substituía pelos novos. È de entender esta atitude, pois o controlo dos destinos dos materiais era, deste modo, muito eficaz.
Só que, com os carros minados que tivemos e outros estratagemas que fui aprendendo ao longo da Comissão, consegui montar um armazém de peças sobressalentes de fazer inveja a muitas oficinas….
Para dar um exemplo, no fim da Comissão tinha 2 motores novos de Unimogs prontos a serem utilizados, vários dínamos, motores de arranque, pneus e jantes novos, um eixo traseiro completo de Unimog, manómetros, termómetros, velocímetros, faróis, farolins e lâmpadas de todas as qualidades, ferramentas e um sem números de pequenas peças sobressalentes para qualquer necessidade menor ou avaria menos complicada, na frota de Dulombi. Enfim, uma quantidade apreciável de peças, que davam para montar um novo Unimog e ainda sobrariam algumas mais.

DAKOTA – das viagens até BISSAU
Então, disse ao Furriel “Pira”: “Essas capotas que faltam são fáceis de justificar a sua deterioração, mas como os recibos de quitação não são assinados, também não poderei, por uma questão de princípio, deixar em Dulombi, todo o espólio de sobressalentes, acima definido, pois não fazem parte da relação a entregar e, portanto, todo esse material, será entregue em Bissau.
O Furriel Manuel Rodrigues, olhou então para mim, com um ar sério e pensando melhor me respondeu: “ Vou falar com o meu Capitão, e amanhã, falaremos”.
E tudo acabou em bem. As peças extras sobressalentes – que realmente eram valiosas pela sua importância futura – ficaram, e os recibos de quitação foram assinados.
Passados alguns dias, a Companhia 2700 regressou a Bissau, nas célebres L.D.G., sendo o cais de Bissau o local do nosso desembarque:













e , depois, em coluna militar, fomos para Cumeré, sem antes passarmos por SAFIM:
(vê-se a placa – Safim)













e no 707 embarcamos para Lisboa:
Penso que ninguém se apercebeu que houve um atraso de cerca de 45 minutos, na partida do avião!!!
Esse atraso foi devido… ora, adivinhem…. À minha pessoa.
Inocente politicamente como era na altura, andava eu a deambular pela gare do aeroporto, quando me apareceu um amigo civil de Bissau que, gentilmente, me ofereceu uma garrafa de Whisky, que aceitei e a coloquei no meu saco de bagagem de mão.
Ora, este pormenor, devia ter sido visto pela polícia política. A dado momento – estava eu à espera do embarque – tocaram-me levemente nas costas e, pronunciando o meu nome, me disseram; “ Sr. Ricardo Lemos acompanhe-me, se faz favor”. Tudo discretamente.
Dirigi-me, então, para um gabinete, onde me revistaram a bagagem novamente, paguei uma fortuna, em escudos, pela oferta do meu amigo, e mandaram-me seguir para o embarque.
À chegada a Lisboa, fui “perseguido”, implacavelmente, por um elemento policial à paisana – notei perfeitamente – que me seguia por tudo quanto era lado…
Lá pensaram que podia ser uma bomba…
O 25 de Abril, com certeza, apagou o meu nome dos Arquivos da PIDE.

Ricardo Lemos
Set. 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

P184: MAIS UMA HISTÓRIA DO LEMOS


O MEU ANJO DA GUARDA TAMBÉM FOI À GUINÉ

Anjos da Guarda são os anjos que segundo as crenças cristãs, Deus envia no nosso nascimento para nos proteger durante toda a nossa vida. Argumenta-se que a Bíblia sustenta em algumas ocasiões a crença do anjo da guarda: "Vou enviar um anjo adiante de ti para te proteger no caminho e para te conduzir ao lugar que te preparei". (Êxodo 23, 20).
O meu Anjo da Guarda tem por nome LECABEL, e está presente na Terra pelas 10h00 até às 10h20 da manhã.
Lembro-me de alguns episódios em que ele, “realmente”, esteve presente na minha vida e que jamais esquecerei. Este nosso “computador” é realmente uma máquina extraordinária, que guarda em memória factos passados há décadas e que se mantêm vivos para toda a vida.
Certo dia, andava eu a passear de eléctrico pela cidade do Porto – era um puto, talvez com 15 anos – e, por curiosidade coloquei a cabeça fora da janela do eléctrico para admirar a paisagem. Não estava a olhar na direcção de andamento do eléctrico, mas sim, em sentido contrário. Sem mais, naquele segundo, recolhi a cabeça e sentei-me novamente. Não é que, nesse instante, o eléctrico passou rente, mas mesmo rente, a um taipal… Se, naquele segundo, não tivesse recolhido a cabeça, esta seria degolada pelo taipal. É que estava a olhar em sentido contrário e não estava a ver o perigo. Pois, o meu anjo da guarda, me salvou naquele momento, conforme Êxodo 23, 20.
Mais tarde, nas minhas andanças pelo Algarve, nomeadamente em Cabanas de Tavira, e pouco antes da recruta, peguei na minha cana de pesca – já era um pescador afamado – e fui até um braço de mar, pescar. Já a pesca estava terminada e resolvi nadar um pouco. Como o braço de mar era estreito, nadei – e com que facilidade o fiz – até à outra margem. Depois resolvi retornar, mas… nadava, nadava, e não saía do sítio. A corrente era mais forte, a maré estava a encher e as forças estavam a faltar. Em dado momento – é preciso dizer que estava só, não havia viva alma por perto – resolvi pôr os pés no fundo do braço do mar, e não é que a água me ficou pelo pescoço… Se não tivesse pé, de certeza que teria morrido afogado. Pois, o meu anjo da guarda, me salvou novamente, conforme Êxodo 23, 20.
Na Guiné, ele também não me abandonou, e por várias vezes me protegeu, a fim de continuar o caminho que tenho traçado.
Certo dia, preparámos mais uma coluna de reabastecimento, com cerca de 10 viaturas, em direcção a Galomaro. A certa altura, foi accionada uma mina, à 5ª viatura. Nessa mina seguiam três militares, sendo um deles, um enfermeiro, que sofreu graves lesões num pé, não sei mesmo se o teve que amputar. Eu seguia na 4ª viatura, e a mina foi accionada pela 1ª roda da viatura seguinte… Pois, o meu anjo da guarda, me protegeu, conforme Êxodo 23, 20.
Numa missão de reconhecimento, para pesquisa de água para a Companhia, em certa ocasião, conduzi um Unimog, a um poço situado fora do arame farpado, para tomar providências junto do condutor Sá, a fim de reabastecer os depósitos – aqueles bidões de 200 litros – e que serviam para nós tomarmos banho de chuveiro. No dia seguinte, o condutor Sá dirigiu-se a esse poço para reabastecimento e… rebentou uma mina… Cheguei a vê-lo a correr pelos caminhos sinuosos do nosso acampamento, completamente fora de si. Ninguém ficou ferido, mas o condutor Sá ficou traumatizado para o resto da Comissão. Nunca mais conduziu. Mais uma vez, o meu anjo da guarda, me assegurou o caminho que tenho preparado, conforme Êxodo 23, 20.
Ainda não se tinham construído as casernas, dormia eu nos abrigos com os meus condutores, cujas paredes eram revestidas a terra, e tínhamos como tecto troncos de palmeiras, quando uma febre altíssima me atacou.
E assim estive três penosos dias, com altíssimas temperaturas. O furriel enfermeiro acompanhou-me sempre nesta difícil situação, ao ponto de ter uma visita do capitão e, estando eu, sob o efeito de antipiréticos e, mesmo assim, em estado semi-inconsciente, ainda ouvi sussurrar o furriel para o capitão: “não lhe posso dar mais antipiréticos, o melhor é levá-lo para o hospital”.
Soube que foi programada uma coluna para o dia seguinte, para me transportar ao médico do hospital – não sei onde – pois a minha temperatura continuava a rondar os 42º C, e a causa era desconhecida.
No dia seguinte – 4º dia – lá apareceu o furriel enfermeiro, e qual o seu espanto: estava sem febre. Venci a doença. Mais uma vez, o meu anjo da guarda, me assegurou o caminho que tenho preparado, conforme Êxodo 23, 20.
Já depois de cumprido o serviço militar, outros factos me têm lembrado o meu anjo LECABEL, durante os longos anos de labuta na vida activa pós-guerra.
Os Anjos da Guarda, quando lhes apetece, também satisfazem alguns pedidos, ora esporádicos, ora aqueles que nos vão surgindo de um modo persistente.
Passo a narrar apenas um persistente que me custou o não ganhar 32 milhões de euros…Sim, 32 milhões!
… e foi neste dia 3 de Junho de 2005, que tive um pensamento persistente: Se me saísse o euromilhões, colocaria uma pessoa querida, na Suiça, em tratamento adequado e a recomeçar uma vida nova.
Vou jogar! E senti algo a dizer-me: Joga na Papelaria Espacial – que fica na Avenida D. Afonso Henriques, na cidade de Matosinhos. Talvez me dê sorte – disse para comigo. E que números irei jogar? – pensei eu. E ao pensamento me veio que usasse o número da porta dessa papelaria. Eu não o sabia, mas quando lá chegasse o veria. Mas o trabalho do dia a dia não deu para lá ir jogar. E assim se passou a semana.
E o euromilhões? Outra sexta-feira, dia 10 de Junho de 2005. Também não tive tempo de jogar!
E tinha que ser na Papelaria Espacial…
No dia seguinte vi que não saiu o 1º prémio a ninguém.
Dia 13 de Junho. Acordo a pensar que as estrelas para o próximo concurso seriam o 1 e o 7.
Não dei muita importância a este facto. Até podiam ser alguns números que tinha visto ou ouvido anteriormente. Contudo, nunca tinha acordado a pensar em números do euromilhões!!!
Dia 14 de Junho. Acordo novamente a pensar que as estrelas para o próximo concurso iriam ser o 1 e o 7. Outra vez? Que estranho acordar duas vezes seguidas com o mesmo pensamento!
Tenho que ir jogar na Papelaria Espacial. E com que números? Áááhhh… com uma combinação de algarismos da porta de polícia da Papelaria…
Dia 17 de Junho, sexta-feira, dia do 24.º concurso do euromilhões de 2005. Pois, eu faço anos num dia 24. Alguém quereria dar-me um presente antecipado?
Apressadamente, vou pela primeira vez na minha vida à Papelaria Espacial para registar um boletim! É preciso mencionar que já tinha ido algumas vezes à Papelaria Espacial comprar artigos de escritório, mas nunca jogar nas apostas da Santa Casa. Contudo, já levo um boletim feito, com números habituais, e não tive a coragem de pensar um pouco. Reparo no número da porta. Era o 1088. Oh, vou jogar mesmo o meu boletim, já tem o número que sempre jogo: o 21, que é quando a minha familiar querida faz anos.
Dia 18 de Junho, sábado. Fui ver os números do 1.º Prémio: Estrelas 1 e 7. Que coincidência, foram mesmo os números que ao acordar me vieram à lembrança duas manhãs seguidas!!! O meu bom Anjo da Guarda, contactou comigo? Deve ser uma alma muito inteligente. Tenho sorte. Podia não ser …
E os números que saíram nesse dia:
- O 4, o número de algarismos da porta da Papelaria Espacial…
- O 8, um dos algarismos do número da porta da Papelaria Espacial…
- O 10, uma das composições do número da porta da Papelaria Espacial…
- O 18, uma das composições do número da porta da Papelaria Espacial…
- O 21, o dia dos anos da minha familiar querida, que sempre jogo…
Ora, o número da porta, como já afirmei é o 1088.
Não pode haver outras combinações…. 1, 8, 10, 18
Número de algarismos: 4
Nº que sempre jogo: 21
Mais uma vez recordo a chave do Euromilhões:
Estrelas: 1 e 7
Números: 4, 8, 10, 18, 21

Não houve totalistas. Prémio 32 milhões de euros…

Pergunto:
a) Porque é que sonhei duas noites seguidas com os números das estrelas?
b) Porque é que só fui jogar no dia 24, andando já a pensar fazê-lo há várias semanas?
c) Porque é que me veio à ideia ter que ir jogar à Papelaria Espacial e aproveitar os números relacionados com o número da porta?

Acredito que tenho um bom Anjo da Guarda, bastante inteligente e bom, que em alguns momentos da minha vida me tem acompanhado.

Não soube interpretar, no momento certo, este contacto? Ou tudo foi coincidência?

Não! Deve haver uma 5ª dimensão …

O LECABEL, nunca mais me deu outra hipótese …

Ricardo Lemos

terça-feira, 7 de setembro de 2010

P183: OS NOSSOS SETEMBROS


02-Set-70 / Op. "ALTAS FERAS"
12-Set-70 / Op. "XISTOS CERTOS"
18-Set-70 / Op. "URDIDOS ZORROS"
23-Set-70 / Flagelação
30-Set-70 / Op. "VALENTES ARCABOIÇOS"

07-Set-71 / Op. "BATALHA GRANDIOSA"
14-Set-71 / Op. "LAMINA QUENTE"
21-Set-71 / Op. "HOTEL MALDITO"
27-Set-71 / Op. "MANCARRA RASTEIRA

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

P182: NOVAMENTE O DJAU


Certamente estarão recordados do Post colocado há tempos (P159) sobre o José Luís Djau, elemento natural da Guiné que "assessorava" o Lemos em tudo que envolvia afinação de gigleurs (na altura ainda não existia o turbo). Possui um táxi que entretanto é explorado pelo filho, o matulão que aparece na foto. Infelizmente não poderemos dizer que perante este cenário esteja agora a gozar a sua merecida reforma; a Guiné é neste momento um dos países mais pobres do Mundo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

P181: OS NOSSOS AGOSTOS


05-Ago-70 / Op. "KODAK PELÍCULA"
10-Ago-70 / Op. "LIGEIROS QUADROS" - Força auto transportada até ao Jifim. Antes deste local é accionada mina A/C. Morre o Carrasqueira e 4 milícias
19-Ago-70 / Op. "ROMEU WOLFANG"
20-Ago-70 / Flagelação

03-Ago-71 / Flagelação
05-Ago-71 / Op. "NADADOR SALVADOR"
13-Ago-71 / Op. "ATOMO FATAL"
26-Ago-71 / Op. "ESTADO JOVEM"
30-Ago-71 / Op. "DIABO INTIMO"

domingo, 25 de julho de 2010

P180: É SÓ FERRUGEM!!!



Atendendo ao facto de o Lemos se encontrar radicado em Matosinhos, o Rosa em Faro, o Gonçalves em S. Brás de Alportel e o Santos (este, sim, bem distante) nos States, quando se voltará a repetir esta imagem?
Mas, pelo menos, para cada um dos quatro, que tinham dentro da nossa Companhia a responsabilidade de manter as viaturas operacionais (e como essa função foi desempenhada duma forma exemplar) terá sido um momento inesquecível este vivido em Fiães.


terça-feira, 6 de julho de 2010

P179: AMADÚ BAILO DJALÓ


Para aqueles que estão prestes a arrancar para a Praia da Oura ou para o Moledo, aconselho-vos que, para além dos chinelos e da toalha, não se esqueçam de incluir, como leitura de Verão, o livro do Amadú Djaló.
Boas Férias.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

P178: OS NOSSOS JULHOS


03-Jul-70 / Flagelação
05-Jul-70 / Op. "XICARA CAIDA"
10-Jul-70 / Flagelação
12-Jul-70 / Op. "YANQUE DOIDO"
17-Jul-70 / Op. "HARPA MAIOR"
20-Jul-70 / Op. "ETICA JOVEM"

07-Jul-71 / Op. "ALIMENTO FOLEIRO"
14-Jul-71 / Op. "BOLANHA GRANDE"
21-Jul-71 / Op. "BALADA GREGA"
28-Jul-71 / Op. "PRATO ÚNICO"

20-Jul-99 / 1.º Almoço de confraternização da Companhia. Decorre em Barcelos, no Restaurante Chuva e teve como impulsionadores o José Marinho e o Fernando Ramos