Com a devida vénia a "O Mirante", semanário regional que se publica na Chamusca. Entrevista publicada na edição de 22 de Abril 2004 (http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=124&id=9420&idSeccao=1414&Action=noticia).
Histórias de guerra e paz
Tinha 22 anos quando embarcou num barco a vapor para ir defender a ex-colónia portuguesa da Guiné. Corria o ano de 1970. Mal chegou, o então alferes Carlos Tavares Correia foi confrontado com a morte. Ainda nem tinha saído para o mato. A companhia (nota do blog (NB): era um pelotão, não uma companhia)que comandava teve que ir fazer a evacuação de uma patrulha atingida por uma mina. No regresso ao aquartelamento transportou quatro mortos.
Foi o primeiro contacto com a dura guerra colonial, de que tinha ouvido falar no treino das forças de operações especiais em Lamego. Na viagem de sete dias no barco, antes usado para transportar gado dos Açores para o continente, sentia que não queria ir. Mas o dever de defender a pátria acabou por falar mais alto. O calor e a humidade da Guiné foram as primeiras dificuldades que encontrou. Depois habituou-se ao clima. Aos tiros. A dormir em abrigos, cavados debaixo do chão.
A companhia (NB - o pelotão) que comandava, com 30 homens, era conhecida pela companhia 27 escudos, porque tinha o número 2700. Durante os mais de 24 meses que esteve no teatro de guerra nunca viu o inimigo. Após os ataques o único sinal dos “turras” - como eram designados os guerrilheiros dos movimentos de libertação -, era o sangue espalhado no chão.
As primeiras saídas para o mato foram as mais complicadas. “Íamos à procura do desconhecido. Havia um ambiente temeroso. Depois, ao fim de um tempo, habituámo-nos”, contou. Tal como se acostumaram ao som das balas que durante a noite voavam por cima dos abrigos. Uma forma de desgastar as tropas portuguesas.
Hoje com 56 anos e com a patente de tenente-coronel, Carlos Correia é dos poucos combatentes que ainda se mantém no activo. Está no Campo Militar de Santa Margarida (CMSM), Constância, e reside no Entroncamento. Mais de 30 anos após a guerra, ainda recorda o episódio em que uma mina rebentou a cerca de 100 metros da sua posição. Morreram três soldados de outra companhia (NB: de outro pelotão) e dois ficaram mutilados.
No tempo que esteve na Guiné a maior satisfação foi ter trazido para casa todos os homens que levou. Apesar de terem registado 14 flagelações ao aquartelamento e o rebentamento de 7 minas (NB ???), que só por milagre não apanhou nenhum dos elementos da companhia 27 escudos.
Carlos Correia diz que a Guiné era o Vietname português. As grandes dificuldades prendiam-se com o facto de haver muitas povoações que ajudavam os guerrilheiros. Nas saídas para o mato dos militares portugueses costumavam ir habitantes locais a acompanhar. Quando não ia ninguém já se sabia que se preparava um ataque.
A maior felicidade que guarda do tempo de combate é a de não ter tido baixas na sua unidade (NB: no seu pelotão, já que a Companhia teve 6 mortos). E as amizades que se fizeram e que estão em centenas de fotografias guardadas em duas caixas de sapatos.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
P100: DICIONÁRIO FULA-PORTUGUÊS
Com a devida vénia e autorização do seu autor, o ex-Furriel da C. Cav. 2749, Luís Borrega, que tal como nós prestou serviço militar, entre 70 e 72 na Guiné (Piche), transmito, agora sim, um dicionário a sério. Foi agradável rememoriar algumas palavras das quais já não me recordava como: ari gá, nafinda ou nhaluda, django, ancora-me (muitas vezes ouvi: "alfero ancora-me"), gosse, suma, conhe (bô suma conhe).
um/go; dois/didi; três/tati; quatro/nai; cinco/joi; seis/jego; sete/jeti; oito/jetati; nove/jenai; dez/sapo; onze/sapogo; vinte/nogai; trinta/sapan tati; quarenta/sapan nai; cinquenta/sapan joi; sessenta/sapan jego; setenta/sapan jeti; oitenta/sapan jetati; noventa/sapanjenai; cem/temedere; duzentos/temedere didi; trezentos/temedere tati; quatrocentos/temedere nai; quinhentos/temedere joi; seiscentos/temedere jego; setecentos/temedere jeti; oitocentos/temederejetati; novecentos/temedere jenai; mil/uluri;
acabou/gassi; acaba/atchirni; agora/joni; água/deam ou lera; amanhã/django; anda cá/ari gá; ano/dubi; barba/varé; barriga/hedo; bigode/sunsuncosi; boa noite/naquirda; boa tarde/nhaluda; boca/unduco; bom dia/nafinda; braço/jungo; cabeça/more; cabelo/secundo;cabrito/beua; cadeira/julere; cadra/ieso;cala-te/panco; calça/tubá; cama/danqui; camisa/uté;canela/corxal; cão/rabanobarero; casa/sudo; cativo/matchoró; chão/leidi;chefe tabanca/jarga; comer/nhame; coração/uonqui; costas/bao; coxa/bussal; cu/pobé ou dore; cunhado/vagian; dá-me/ancorame; de manhã/biribi; de tarde/quiquiri; dedo/ondo; deita/valo; deixa-me/tertolá;dente/nhire;dentes/nhie;depois de amanhã/fato django; depressa/gosse; dia/nhalorma; dôr/musse; está bem/aúa; está bom?/jametum; esteira/gaté; filho/bobo; fonte/boma;galinha/guertogalo; gazela/jaure;grande/mauro;homem/gorgo;igreja/juliadé; igual/suma; javali/dulungui; joelho/houro; lábio/tondô; levanta/imo; macaco/conhe; mãe/nené; mamas/endo; mão/neuréjungo; meiodia/midi; mentira/afenai; mês/levr; meses/lebi; minha mulher/de boan; muito/pui; mulher/dêbo; não há/alá; não quer/áfala ca; nariz/ineri; oquê?/côno?; obrigado/jarama; olho/guité; orelha/nouro; padre/cherno; pai/babá; palavra/barqui; parede/madi; peito/berne;pénis/pundi; pénis/tepére; pescoço/dande; porco/combaro; pouco/sera; primo/denda; quantos/jêlo; quarto/concoro; que foi a Meca/alage; queixo/vocoré; quer/áfala; salta/jipo; sapato/padé; senta/jororó; sim/há;sogro/chiradé; tabanca/cassari; telhado/varnequeri; tio/cao; tu ouves?/anane?; umbigo/udo; unha/fedango; vaca/nague; vagina/jambere; verdade/futi; vou/miai.
um/go; dois/didi; três/tati; quatro/nai; cinco/joi; seis/jego; sete/jeti; oito/jetati; nove/jenai; dez/sapo; onze/sapogo; vinte/nogai; trinta/sapan tati; quarenta/sapan nai; cinquenta/sapan joi; sessenta/sapan jego; setenta/sapan jeti; oitenta/sapan jetati; noventa/sapanjenai; cem/temedere; duzentos/temedere didi; trezentos/temedere tati; quatrocentos/temedere nai; quinhentos/temedere joi; seiscentos/temedere jego; setecentos/temedere jeti; oitocentos/temederejetati; novecentos/temedere jenai; mil/uluri;
acabou/gassi; acaba/atchirni; agora/joni; água/deam ou lera; amanhã/django; anda cá/ari gá; ano/dubi; barba/varé; barriga/hedo; bigode/sunsuncosi; boa noite/naquirda; boa tarde/nhaluda; boca/unduco; bom dia/nafinda; braço/jungo; cabeça/more; cabelo/secundo;cabrito/beua; cadeira/julere; cadra/ieso;cala-te/panco; calça/tubá; cama/danqui; camisa/uté;canela/corxal; cão/rabanobarero; casa/sudo; cativo/matchoró; chão/leidi;chefe tabanca/jarga; comer/nhame; coração/uonqui; costas/bao; coxa/bussal; cu/pobé ou dore; cunhado/vagian; dá-me/ancorame; de manhã/biribi; de tarde/quiquiri; dedo/ondo; deita/valo; deixa-me/tertolá;dente/nhire;dentes/nhie;depois de amanhã/fato django; depressa/gosse; dia/nhalorma; dôr/musse; está bem/aúa; está bom?/jametum; esteira/gaté; filho/bobo; fonte/boma;galinha/guertogalo; gazela/jaure;grande/mauro;homem/gorgo;igreja/juliadé; igual/suma; javali/dulungui; joelho/houro; lábio/tondô; levanta/imo; macaco/conhe; mãe/nené; mamas/endo; mão/neuréjungo; meiodia/midi; mentira/afenai; mês/levr; meses/lebi; minha mulher/de boan; muito/pui; mulher/dêbo; não há/alá; não quer/áfala ca; nariz/ineri; oquê?/côno?; obrigado/jarama; olho/guité; orelha/nouro; padre/cherno; pai/babá; palavra/barqui; parede/madi; peito/berne;pénis/pundi; pénis/tepére; pescoço/dande; porco/combaro; pouco/sera; primo/denda; quantos/jêlo; quarto/concoro; que foi a Meca/alage; queixo/vocoré; quer/áfala; salta/jipo; sapato/padé; senta/jororó; sim/há;sogro/chiradé; tabanca/cassari; telhado/varnequeri; tio/cao; tu ouves?/anane?; umbigo/udo; unha/fedango; vaca/nague; vagina/jambere; verdade/futi; vou/miai.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
P99: HINO DEDICADO PELA 2405 À 2700
Mensagem do Victor David (ex-Alf Mil, CCAÇ 2405, Dulombi, 1968/70):
Caríssimo Luís Graça:
A minha veia de escritor passou toda para o Felício aquando da nossa passagem pela Guiné, pelo que não tenho colaborado no blogue activamente, mas não tenho deixado de ser um leitor atento e interessado na grande qualidade dos seus escritos e orientação. Para mim continua a ser dos mais completos, interessantes e valiosos documentos para a memória dos tempos inesqueciveis que passámos na Guiné, sobretudo porque são depoimentos de quem viveu os factos e não de quem os trata jornalisticamente, impingindo-nos a sua versão não vivida!...
Bem, mas respondendo ao pedido que foi lançado no blogue àcerca da letra do Hino da CCaç 2405, na altura da recepção à companhia que nos foi render em Dulombi e, depois de devidamente analisada a papelada em arquivo próprio, aqui vai ela (de autoria do Felício - ou do Rijo - já não sei) e música, também me não lembro de quem - mas de uma canção na moda naquela altura:
SÊ BEM VINDO, PIRIQUITO,
PIRIQUITO,
JÁ CANSAVA DE ESPERAR,
DE ESPERAR.
COMO VÊS ISTO É BONITO,
COM MUITA COBRA E MOSQUITO
E GUERRILHA A CHATEAR,
A CHATEAR.
ANDA CÁ, ESTÁ SOSSEGADO,
DESCONTRAI, POUSA A CANHOTA
QUE O IN ESTÁ NOUTRO LADO,
ANDA PRAÍ EMBOSCADO,
EM ALGUM PONTO DE COTA.
ATAQUES, FLAGELAÇÕES,
MUITAS MINAS, EMBOSCADAS,
VERY LIGHTS AOS MONTÕES
E MANGA DE ROQUETADAS,
AS SABOROSAS RAÇÕES
E A CARNE AFIAMBRADA.
HÁ ABELHAS E MOSQUITOS,
OLÉ LÉ LÉ LÉ,
MOSCA CHATA E FORMIGA,
OLÉ LÉ LÉLÉ,
SAPOS, RÃS E UNS LAGARTITOS,
OLÉ LÉ LÉ LÉ
MAS É TUDO MALTA AMIGA!
OLÉ LÉ LÉ LÉ.
Um abraço
Victor David
BAIXINHO DO DULOMBI ( com muita honra!)
P.S. Quem souber de que canção era a música, que dê uma ajuda!
Caríssimo Luís Graça:
A minha veia de escritor passou toda para o Felício aquando da nossa passagem pela Guiné, pelo que não tenho colaborado no blogue activamente, mas não tenho deixado de ser um leitor atento e interessado na grande qualidade dos seus escritos e orientação. Para mim continua a ser dos mais completos, interessantes e valiosos documentos para a memória dos tempos inesqueciveis que passámos na Guiné, sobretudo porque são depoimentos de quem viveu os factos e não de quem os trata jornalisticamente, impingindo-nos a sua versão não vivida!...
Bem, mas respondendo ao pedido que foi lançado no blogue àcerca da letra do Hino da CCaç 2405, na altura da recepção à companhia que nos foi render em Dulombi e, depois de devidamente analisada a papelada em arquivo próprio, aqui vai ela (de autoria do Felício - ou do Rijo - já não sei) e música, também me não lembro de quem - mas de uma canção na moda naquela altura:
SÊ BEM VINDO, PIRIQUITO,
PIRIQUITO,
JÁ CANSAVA DE ESPERAR,
DE ESPERAR.
COMO VÊS ISTO É BONITO,
COM MUITA COBRA E MOSQUITO
E GUERRILHA A CHATEAR,
A CHATEAR.
ANDA CÁ, ESTÁ SOSSEGADO,
DESCONTRAI, POUSA A CANHOTA
QUE O IN ESTÁ NOUTRO LADO,
ANDA PRAÍ EMBOSCADO,
EM ALGUM PONTO DE COTA.
ATAQUES, FLAGELAÇÕES,
MUITAS MINAS, EMBOSCADAS,
VERY LIGHTS AOS MONTÕES
E MANGA DE ROQUETADAS,
AS SABOROSAS RAÇÕES
E A CARNE AFIAMBRADA.
HÁ ABELHAS E MOSQUITOS,
OLÉ LÉ LÉ LÉ,
MOSCA CHATA E FORMIGA,
OLÉ LÉ LÉLÉ,
SAPOS, RÃS E UNS LAGARTITOS,
OLÉ LÉ LÉ LÉ
MAS É TUDO MALTA AMIGA!
OLÉ LÉ LÉ LÉ.
Um abraço
Victor David
BAIXINHO DO DULOMBI ( com muita honra!)
P.S. Quem souber de que canção era a música, que dê uma ajuda!
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
P98: AINDA O MACACO-CÃO
Crónica do Luís Dias (Alferes da Companhia que nos foi render)
Avistamento de Macaco-Cão na Zona de Dulombi/Galomaro
A CCAÇ 3491, a que eu pertenci, esteve instalada, entre Janeiro de 1972 e Março de 1973, no Dulombi. Entre Março de 1973 e Março de 1974, a maior parte da Companhia esteve instalada em Galomaro, embora permanecessem 13 elementos e 2 Pelotões de Milícias no Dulombi e continuássemos a efectuar acções dentro da sua área (detínhamos a maior zona territorial de intervenção, em termos de Companhia). A zona tinha mais a sul os aquartelamentos do Saltinho e mais a norte Cancolim e Canjadude, e situava-se no Leste da Guiné.
Na primeira Operação em conjunto com a Companhia que fomos substituir - a CCAÇ 2700 - (1 de Fevereiro de 1972) e ao fim da tarde tomei pela primeira vez contacto com os babuínos e, pela forma peculiar com que se expressavam - latiam como cães - ficámos convencidos de que se tratava de cães do IN, pois ali era terra de ninguém e só nós ou os guerrilheiros por ali poderiam andar. É claro que a velhice e os milícias colocaram um riso malandro, fazendo crer, primeiramente, que eram os cães do PAIGC e só depois nos acalmando, dizendo que era um bando de macaco-cão.
Durante as operações que efectuámos na zona do Dulombi, entre esta população e o Rio Corubal, vimos muitas vezes bandos destes macacos, também chegámos a observá-los na picada (estrada) entre Dulombi e Galomaro. Quando estávamos instalados durante algum tempo atreviam-se a aproximarem-se, embora com cautelas. Havia sempre uns indivíduos maiores que ocupavam posições mais elevadas, como um morro de baga-baga ou uma árvore, parecendo ficar de vigia. Faziam por vezes um barulho ensurcedor, mas na maior parte do tempo pareciam estar sempre na brincadeira. Pareciam grupos grandes, de 40/50 indivíduos.
Quando a população do Dulombi plantava a mancarra, deixavam sempre alguém a tomar conta da plantação, seja para afastar os babuinos, seja para os dissuadir através de tiros de Mauser. Não temos conhecimento de qualquer ataque deste tipo de macacos, seja à tropa, seja à população, embora sejam aguerridos. Numa da vezes em que estávamos instalados para efectuar um descanso, um bando de babuínos surgiu e como estavam a fazer um barulho muito intenso, os meus soldados fizeram uma aposta comigo em como não era capaz de atingir um dos mais barulhentos que víamos a mexer por entre as árvores, a uma distância de perto de 80/100 metros. Como tinha a mania que tinha boa pontaria e perícia, pensei: vou apenas pregar um susto ao bicho. Rodei o diópter do aparelho de pontaria da G3 para a alça de 300m e apontei ao lado do macaco e disparei. Para minha surpresa, o animal caiu da árvore, chegando ao chão morto. Tinha-lhe acertado em cheio, apontei ao lado, mas houve qualquer desvio e o tiro foi fatal. Foi uma burrice... uma traquinice pouco ecológica e respeitadora de outros seres vivos. Raio de aposta!
Contava-se estórias de que os Fulas comiam macaco e que mesmo esse petisco havia sido provado por militares nossos, mas não sei se é verdade. No quartel não havia babuínos em cativeiro, unicamente um macaco mais pequeno que pertencia ao Escriturário da Companhia, mas que foi fuzilado por mim quando o apanhei a arrancar a cabeça dos nossos pintainhos, que criávamos para nos alimentar posteriormente.
Um abraço
Luís Dias
Avistamento de Macaco-Cão na Zona de Dulombi/Galomaro
A CCAÇ 3491, a que eu pertenci, esteve instalada, entre Janeiro de 1972 e Março de 1973, no Dulombi. Entre Março de 1973 e Março de 1974, a maior parte da Companhia esteve instalada em Galomaro, embora permanecessem 13 elementos e 2 Pelotões de Milícias no Dulombi e continuássemos a efectuar acções dentro da sua área (detínhamos a maior zona territorial de intervenção, em termos de Companhia). A zona tinha mais a sul os aquartelamentos do Saltinho e mais a norte Cancolim e Canjadude, e situava-se no Leste da Guiné.
Na primeira Operação em conjunto com a Companhia que fomos substituir - a CCAÇ 2700 - (1 de Fevereiro de 1972) e ao fim da tarde tomei pela primeira vez contacto com os babuínos e, pela forma peculiar com que se expressavam - latiam como cães - ficámos convencidos de que se tratava de cães do IN, pois ali era terra de ninguém e só nós ou os guerrilheiros por ali poderiam andar. É claro que a velhice e os milícias colocaram um riso malandro, fazendo crer, primeiramente, que eram os cães do PAIGC e só depois nos acalmando, dizendo que era um bando de macaco-cão.
Durante as operações que efectuámos na zona do Dulombi, entre esta população e o Rio Corubal, vimos muitas vezes bandos destes macacos, também chegámos a observá-los na picada (estrada) entre Dulombi e Galomaro. Quando estávamos instalados durante algum tempo atreviam-se a aproximarem-se, embora com cautelas. Havia sempre uns indivíduos maiores que ocupavam posições mais elevadas, como um morro de baga-baga ou uma árvore, parecendo ficar de vigia. Faziam por vezes um barulho ensurcedor, mas na maior parte do tempo pareciam estar sempre na brincadeira. Pareciam grupos grandes, de 40/50 indivíduos.
Quando a população do Dulombi plantava a mancarra, deixavam sempre alguém a tomar conta da plantação, seja para afastar os babuinos, seja para os dissuadir através de tiros de Mauser. Não temos conhecimento de qualquer ataque deste tipo de macacos, seja à tropa, seja à população, embora sejam aguerridos. Numa da vezes em que estávamos instalados para efectuar um descanso, um bando de babuínos surgiu e como estavam a fazer um barulho muito intenso, os meus soldados fizeram uma aposta comigo em como não era capaz de atingir um dos mais barulhentos que víamos a mexer por entre as árvores, a uma distância de perto de 80/100 metros. Como tinha a mania que tinha boa pontaria e perícia, pensei: vou apenas pregar um susto ao bicho. Rodei o diópter do aparelho de pontaria da G3 para a alça de 300m e apontei ao lado do macaco e disparei. Para minha surpresa, o animal caiu da árvore, chegando ao chão morto. Tinha-lhe acertado em cheio, apontei ao lado, mas houve qualquer desvio e o tiro foi fatal. Foi uma burrice... uma traquinice pouco ecológica e respeitadora de outros seres vivos. Raio de aposta!
Contava-se estórias de que os Fulas comiam macaco e que mesmo esse petisco havia sido provado por militares nossos, mas não sei se é verdade. No quartel não havia babuínos em cativeiro, unicamente um macaco mais pequeno que pertencia ao Escriturário da Companhia, mas que foi fuzilado por mim quando o apanhei a arrancar a cabeça dos nossos pintainhos, que criávamos para nos alimentar posteriormente.
Um abraço
Luís Dias
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
P97: CANCIONEIRO DO DULOMBI
Dulombi te deixarei,
Dulombi te deixarei,
e o dia está bem perto,
As tuas bajudas giras
Vamos deixá-las aos piras,
Que nós vamos de regresso.
Passo a transcrever uma missiva do Luís Graça (Administrador do Blog sobre a Guiné) para o Luís Dias (Alferes da Companhia que nos rendeu) apelando para a recolha das canções que eram trauteadas em Dulombi. Algum de vós se recorda do Hino feito pela 2405 para nos dar as Boas-Vindas?
Luís:
O seu a seu dono... Vou corrigir... E fazer mais um poste sobre o Cancioneiro de Dulombi... Os versos são teus, mas o que importa é que os teus camaradas se apropriaram deles e cantaram-nos (e continuam a cantá-los nos vossos convívios)...Em Dulombi e em muitos outros sítios da Guiné, havia poetas, como tu, que nos ajudaram a não perder a alma e a manter a cabeça em cima do pescoço e o pescoço em cima dos ombros...
De resto há uma tradição poética, iniciada pelos Baixinhos de Dulombi, a malta da CCAÇ 2405, de 1968/70. Num dos postes, o ex- Alf Mil Rui Felício escreveu isto (***):
"Tinhamos acabado de receber no Dulombi a Companhia de atónitos periquitos que, durante uma semana, iam ficar em sobreposição connosco.
"Acolhemo-los com o aquele ar superior de guerreiros invencíveis, calejados pelos combates, a pele tisnada dos sóis tropicais, e além das costumadas praxes, meio inofensivas, que exercemos sobre eles, dedicámos-lhes, com a proverbial simpatia característica dos Baixinhos do Dulombi, um hino de recepção ao periquito que ainda hoje cantamos em todos os almoços anuais de comemoração que realizamos.
"Fui eu o autor da letra (perdoem-me o orgulho ) que, em versos decassilábicos, procurava transmitir aos novatos o que era o dia a dia que os esperava nos confins do mato onde iriam passar dois anos.
"O Alf Mil Rijo sacou dos seus dotes musicais até aí ocultos e plagiou uma música que se adaptasse à versalhada que em momento de suprema inspiração eu tinha produzido. É ele que hoje guarda religiosamente essa letra que eu, embora seu autor, não sou já capaz de reproduzir na íntegra" (...).
Pois é, meu caro Luís Dias, ainda não consegui sacar ao teu avô Rui Felício essa famigerada letra. Em 5 de Setembro de 2006, mandei-lhe um pedido que ele deve ter arquivado... O actual dono das letras parece ser o ex-Alf Mil Jorge Rijo, que anda incontactável, depois de se reformar dos seguros. Vou-lhes, daqui, solenemente, implorar, a ambos (e aos outros dois Baixinhos de Dulombi, que eu conheço, o Paulo Raposo e Victor David, que não nos esqueçam, a mim, a ti, a todos nós, de modo a salvarmos e enriquecermos o Cancioneiro de Dulombi / Galomaro...
Rui, Jorge, Luís, camaradas !... Seria uma pena que os últimos épicos da Pátria, os derradeiros Camões, que fomos nós, os últimos poetas do Império, deixem perder, por negligência, incúria, esquecimento, cansaço ou qualquer outra razão - por muito válida que possa ser ou parecer -, os últimos versos que escrevemos, a pena numa mão e a espada na outra, nos campos de batalha da Guiné...
Obrigado. Abraço. Luís
Dulombi te deixarei,
e o dia está bem perto,
As tuas bajudas giras
Vamos deixá-las aos piras,
Que nós vamos de regresso.
Passo a transcrever uma missiva do Luís Graça (Administrador do Blog sobre a Guiné) para o Luís Dias (Alferes da Companhia que nos rendeu) apelando para a recolha das canções que eram trauteadas em Dulombi. Algum de vós se recorda do Hino feito pela 2405 para nos dar as Boas-Vindas?
Luís:
O seu a seu dono... Vou corrigir... E fazer mais um poste sobre o Cancioneiro de Dulombi... Os versos são teus, mas o que importa é que os teus camaradas se apropriaram deles e cantaram-nos (e continuam a cantá-los nos vossos convívios)...Em Dulombi e em muitos outros sítios da Guiné, havia poetas, como tu, que nos ajudaram a não perder a alma e a manter a cabeça em cima do pescoço e o pescoço em cima dos ombros...
De resto há uma tradição poética, iniciada pelos Baixinhos de Dulombi, a malta da CCAÇ 2405, de 1968/70. Num dos postes, o ex- Alf Mil Rui Felício escreveu isto (***):
"Tinhamos acabado de receber no Dulombi a Companhia de atónitos periquitos que, durante uma semana, iam ficar em sobreposição connosco.
"Acolhemo-los com o aquele ar superior de guerreiros invencíveis, calejados pelos combates, a pele tisnada dos sóis tropicais, e além das costumadas praxes, meio inofensivas, que exercemos sobre eles, dedicámos-lhes, com a proverbial simpatia característica dos Baixinhos do Dulombi, um hino de recepção ao periquito que ainda hoje cantamos em todos os almoços anuais de comemoração que realizamos.
"Fui eu o autor da letra (perdoem-me o orgulho ) que, em versos decassilábicos, procurava transmitir aos novatos o que era o dia a dia que os esperava nos confins do mato onde iriam passar dois anos.
"O Alf Mil Rijo sacou dos seus dotes musicais até aí ocultos e plagiou uma música que se adaptasse à versalhada que em momento de suprema inspiração eu tinha produzido. É ele que hoje guarda religiosamente essa letra que eu, embora seu autor, não sou já capaz de reproduzir na íntegra" (...).
Pois é, meu caro Luís Dias, ainda não consegui sacar ao teu avô Rui Felício essa famigerada letra. Em 5 de Setembro de 2006, mandei-lhe um pedido que ele deve ter arquivado... O actual dono das letras parece ser o ex-Alf Mil Jorge Rijo, que anda incontactável, depois de se reformar dos seguros. Vou-lhes, daqui, solenemente, implorar, a ambos (e aos outros dois Baixinhos de Dulombi, que eu conheço, o Paulo Raposo e Victor David, que não nos esqueçam, a mim, a ti, a todos nós, de modo a salvarmos e enriquecermos o Cancioneiro de Dulombi / Galomaro...
Rui, Jorge, Luís, camaradas !... Seria uma pena que os últimos épicos da Pátria, os derradeiros Camões, que fomos nós, os últimos poetas do Império, deixem perder, por negligência, incúria, esquecimento, cansaço ou qualquer outra razão - por muito válida que possa ser ou parecer -, os últimos versos que escrevemos, a pena numa mão e a espada na outra, nos campos de batalha da Guiné...
Obrigado. Abraço. Luís
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
P96: LEVANTAMENTO DE RANCHO
"QUEM COMER ESTA MERDA LEVA COM A TERRINA NOS CORNOS"
Eis o santo e a senha dum levantamento de rancho ocorrido no aquartelamento pelos finais de 1971.
Nesse dia o 2.º Pelotão deveria, ainda, estar em operação mas como o seu objectivo tinha sido cumprido, isto é, percorridos todos os pontos que constavam no plano - essencialmente o patrulhamento do Jifim -, o Alferes Barata permitiu que entrássemos mais cedo no Quartel, tendo contudo cada um de nós comido a ração de combate e não o almoço servido no refeitório. Alguém, cujo nome não me recordo, pediu-me para trocar a refeição dele, no refeitório, pela minha ração de combate, o que aceitei, assim me envolvendo em total ignorância numa iniciativa com a qual concordava mas para a qual não tinha sido ouvido nem achado. No dia seguinte o 2.º Pelotão estava de serviço ao quartel e um grupo de camaradas, assustado com rumores de represálias, que prolongariam a comissão para além do tempo previsto, dirigiu-se-me (cabo de dia) apelando a que se formasse a Companhia e que em nome dela se pedisse desculpa ao nosso Capitão.
Mais tarde, um antigo camarada de armas, que se encontrava presente no convívio da 2700 e cuja identidade só revelarei se por ele for autorizado, chamou-me traidor por ter pedido desculpa. Portanto, o santo, a senha, a discussão, a decisão e a execução do levantamento do rancho resume-se àquela frase inicial: QUEM COMER ESTA MERDA LEVA COM A TERRINA NOS CORNOS.
Quanto aos louvores, que naquelas circunstâncias, e naquele tempo julgava merecer, depressa o tempo se encarregou de mostrar quão absurdas eram.
P.S. - O nome do verdadeiro responsável, provavelmente até faria rir um baga-baga, e certamente faria pasmar grande parte da Companhia.
António Fernando Pinto Almeida
1.º Cabo 190311/69
2.º Pelotão
Vila Nova de Gaia, 19 de Janeiro 2009
Á guerra não ligues meia
Porque alguns grandes da terra
Vendo a guerra em terra alheia
Não querem que acabe a guerra.
António Aleixo
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
P95: DICIONÁRIO FULA-PORTUGUÊS
Acabo de receber um mail do Lemos com mais umas achegas para a constituição do nosso Dicionário Fula-Português. Diz ele que guetorgal significa galinha (pelo som parece ser mais galo que galinha. Ou será Gue=fêmea Tor=do Gal= galo?). Adivinhem lá por que razão, a esta distância no tempo, ele ainda se lembra das galinhas. Outra expressão "manga de ronco", utilizada quando se queria dar referência a algo que tinha muito impacto. Sinceramente, não sei se esta expressão será fula ou uma corruptela do português já que ronco na nossa linguagem também pode ter o significado de alarde (ostentação, aparato).
Fico aguardando outros contributos. Deve haver alguém a recordar-se de cabrito...
Fico aguardando outros contributos. Deve haver alguém a recordar-se de cabrito...
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
P94: TIMÓTEO CAPA DE REVISTA
Aconselho a leitura. Embora em inglês a entrevista do Timóteo está excelente. Desde a sua meninice nas margens do Nabão, não esquecendo aqueles dois importantes anos passados em terras de Cossé, até aos dias de hoje. Em Coimbra esgotou num ápice.Se alguém encontrar ainda algum exemplar pedia-vos a favor de comprarem.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
P93: IMPERDÍVEL
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
P92: MACACO CÃO
Passo a transcrever mail enviado pela Dr.ª Maria Joana Silva ao Blog do Luís Graça.
Boa noite Sr. Luis Graça
O meu nome é Maria Joana Silva e sou uma aluna de doutoramento da Universidade de Cardiff (Reino Unido). O meu projecto de doutoramento é acerca da genética do babuíno da Guiné (mais conhecido na Guiné-Bissau por macaco Kom).
Tenho-me deslocado à Guiné-Bissau, mais propriamente a Cantanhez, onde comecei por fazer uma recolha exploratória de amostras biológicas. Logo percebi que a história demográfica desde primata está intimamente ligado à história daquele local. Fiz algumas entrevistas a antigos caçadores da tropa portuguesa que me falaram do tempo da guerra, do facto dos babuínos terem sido caçados principalmente por tropas do PAIGC e que durante o tempo da guerra era relativamente fácil encontrar babuínos.
Gostaria de pedir a ajuda dos bloguistas para obter informações acerca dos babuínos daquele tempo (1963-1974). O que gostaria de saber é:
- onde foram avistados os grupos de babuinos;
- quantos animais existiriam num grupo social e quantos machos adultos;
- se os babuinos eram caçados pelos caçadores das tropas para os portugueses;
- se as crias de babuínos eram levadas para os quarteis;
- se os bloguistas ouviram falar de medicinas tradicionais que usassem peles de mamiferos (nomeadamente babuínos);
- onde se comeria "cabrito pé de rocha" na Guiné;
- e outras informações deste teor que considerem relevantes.
Estas informações poderão ser enviadas para o meu e-mail: silvamaria_ju@hotmail.com.
Por outro lado, os antigos caçadores referiram alguns nomes de antigos combatentes (e também amigos). Gostaria de saber se algum dos bloguistas conhece as seguintes pessoas (com quem gostaria de ser posta em contacto):
- do destacamento de Cabedu, da milicia G3, o coronel Peixoto;
- do grupo caçador 6 de Bedanda/1974, companhia 34/1993, o capitão Pimenta e o capitão Miliciano Pereira da Silva.
Estas pessoas que entrevistei pareceram-me bastante saudosistas dos portugueses e gostariam de saber noticias dos seus amigos!
Agradeço qualquer ajuda que vocês possam prestar.
Atenciosamente,
Maria Joana Silva
Camaradas da 2700
Algum de vós terá recordações destes babuínos?
Pessoalmente, recordo a primeira operação que o 2.º Pelotão fez sozinho, poucos dias depois da grande operação ao Jifim, feita pelo 1.º e 3.º Pelotões (como devem estar recordados esta operação iniciou-se sob grande pressão já que nos tinha sido transmitido pela Companhia que há pouco tinhamos rendido, haver grande probabilidade do inimigo estar instalado nessa zona).
Após termos abivacado e já com noite cerrada ouço "cães" a ladrar, o que a minha inexperiência, me levou a concluir que o IN estaria instalado perto de nós e teria estes animais como avisadores de movimentos estranhos. Mal raiou a manhã expressei este meu temor a um dos milícias que nos acompanhava. Devem imaginar o meu alívio quando ele com a maior das calmas que referiu que os latidos provinham do macaco-cão, razão pela qual era conhecido por este nome.
Numa outra operação sou alertado pelo elemento que abria caminho (Teodoro ou Firmino?) para um trilho perpendicular à picada que percorriamos, marcado no capim e que apresentava uma frescura indiciadora de ter sido feito há momentos, provavelmente pelo IN. Mais uma vez um dos milícias que nos acompanhava nos descansou referindo que seria um grupo de macacos a deixar as suas marcas.
Ao longo de tanta operação, feita durante aqueles quase 2 anos que passámos pela Guiné, só me recordo de uma vez ter visto um grupo significativo (10/15) saltando de galho em galho.
Penso que o babuíno não fazia parte da alimentação da nossa população. Estarei enganado?
Foi para mim uma novidade saber que o macaco era confeccionado em Bissau e comido como cabrito "pé de rocha". Quantos de nós teremos mamado este cabritinho?
Entretanto, se algum de vós possuir qualquer esclarecimento que possa responder às questões colocadas pela Dr.ª Maria Joana, façam o favor de as transmitir para o endereço electrónico disponibilizado.
Boa noite Sr. Luis Graça
O meu nome é Maria Joana Silva e sou uma aluna de doutoramento da Universidade de Cardiff (Reino Unido). O meu projecto de doutoramento é acerca da genética do babuíno da Guiné (mais conhecido na Guiné-Bissau por macaco Kom).
Tenho-me deslocado à Guiné-Bissau, mais propriamente a Cantanhez, onde comecei por fazer uma recolha exploratória de amostras biológicas. Logo percebi que a história demográfica desde primata está intimamente ligado à história daquele local. Fiz algumas entrevistas a antigos caçadores da tropa portuguesa que me falaram do tempo da guerra, do facto dos babuínos terem sido caçados principalmente por tropas do PAIGC e que durante o tempo da guerra era relativamente fácil encontrar babuínos.
Gostaria de pedir a ajuda dos bloguistas para obter informações acerca dos babuínos daquele tempo (1963-1974). O que gostaria de saber é:
- onde foram avistados os grupos de babuinos;
- quantos animais existiriam num grupo social e quantos machos adultos;
- se os babuinos eram caçados pelos caçadores das tropas para os portugueses;
- se as crias de babuínos eram levadas para os quarteis;
- se os bloguistas ouviram falar de medicinas tradicionais que usassem peles de mamiferos (nomeadamente babuínos);
- onde se comeria "cabrito pé de rocha" na Guiné;
- e outras informações deste teor que considerem relevantes.
Estas informações poderão ser enviadas para o meu e-mail: silvamaria_ju@hotmail.com.
Por outro lado, os antigos caçadores referiram alguns nomes de antigos combatentes (e também amigos). Gostaria de saber se algum dos bloguistas conhece as seguintes pessoas (com quem gostaria de ser posta em contacto):
- do destacamento de Cabedu, da milicia G3, o coronel Peixoto;
- do grupo caçador 6 de Bedanda/1974, companhia 34/1993, o capitão Pimenta e o capitão Miliciano Pereira da Silva.
Estas pessoas que entrevistei pareceram-me bastante saudosistas dos portugueses e gostariam de saber noticias dos seus amigos!
Agradeço qualquer ajuda que vocês possam prestar.
Atenciosamente,
Maria Joana Silva
Camaradas da 2700
Algum de vós terá recordações destes babuínos?
Pessoalmente, recordo a primeira operação que o 2.º Pelotão fez sozinho, poucos dias depois da grande operação ao Jifim, feita pelo 1.º e 3.º Pelotões (como devem estar recordados esta operação iniciou-se sob grande pressão já que nos tinha sido transmitido pela Companhia que há pouco tinhamos rendido, haver grande probabilidade do inimigo estar instalado nessa zona).
Após termos abivacado e já com noite cerrada ouço "cães" a ladrar, o que a minha inexperiência, me levou a concluir que o IN estaria instalado perto de nós e teria estes animais como avisadores de movimentos estranhos. Mal raiou a manhã expressei este meu temor a um dos milícias que nos acompanhava. Devem imaginar o meu alívio quando ele com a maior das calmas que referiu que os latidos provinham do macaco-cão, razão pela qual era conhecido por este nome.
Numa outra operação sou alertado pelo elemento que abria caminho (Teodoro ou Firmino?) para um trilho perpendicular à picada que percorriamos, marcado no capim e que apresentava uma frescura indiciadora de ter sido feito há momentos, provavelmente pelo IN. Mais uma vez um dos milícias que nos acompanhava nos descansou referindo que seria um grupo de macacos a deixar as suas marcas.
Ao longo de tanta operação, feita durante aqueles quase 2 anos que passámos pela Guiné, só me recordo de uma vez ter visto um grupo significativo (10/15) saltando de galho em galho.
Penso que o babuíno não fazia parte da alimentação da nossa população. Estarei enganado?
Foi para mim uma novidade saber que o macaco era confeccionado em Bissau e comido como cabrito "pé de rocha". Quantos de nós teremos mamado este cabritinho?
Entretanto, se algum de vós possuir qualquer esclarecimento que possa responder às questões colocadas pela Dr.ª Maria Joana, façam o favor de as transmitir para o endereço electrónico disponibilizado.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
P91: ENCONTRO DA COMPANHIA 2009
Vejam a reacção do Quique quando tomou conhecimento que este ano
o Almoço da nossa Companhia será organizado pelo Timóteo.
o Almoço da nossa Companhia será organizado pelo Timóteo.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
P88: CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO MILITAR
Por considerar de interesse, aconselho-vos a visita ao seguinte site:
http://www.mdn.gov.pt/mdn/pt/ACombatentes/
http://www.mdn.gov.pt/mdn/pt/ACombatentes/
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