Passo a transcrever mail enviado pela Dr.ª Maria Joana Silva ao Blog do Luís Graça.
Boa noite Sr. Luis Graça
O meu nome é Maria Joana Silva e sou uma aluna de doutoramento da Universidade de Cardiff (Reino Unido). O meu projecto de doutoramento é acerca da genética do babuíno da Guiné (mais conhecido na Guiné-Bissau por macaco Kom).
Tenho-me deslocado à Guiné-Bissau, mais propriamente a Cantanhez, onde comecei por fazer uma recolha exploratória de amostras biológicas. Logo percebi que a história demográfica desde primata está intimamente ligado à história daquele local. Fiz algumas entrevistas a antigos caçadores da tropa portuguesa que me falaram do tempo da guerra, do facto dos babuínos terem sido caçados principalmente por tropas do PAIGC e que durante o tempo da guerra era relativamente fácil encontrar babuínos.
Gostaria de pedir a ajuda dos bloguistas para obter informações acerca dos babuínos daquele tempo (1963-1974). O que gostaria de saber é:
- onde foram avistados os grupos de babuinos;
- quantos animais existiriam num grupo social e quantos machos adultos;
- se os babuinos eram caçados pelos caçadores das tropas para os portugueses;
- se as crias de babuínos eram levadas para os quarteis;
- se os bloguistas ouviram falar de medicinas tradicionais que usassem peles de mamiferos (nomeadamente babuínos);
- onde se comeria "cabrito pé de rocha" na Guiné;
- e outras informações deste teor que considerem relevantes.
Estas informações poderão ser enviadas para o meu e-mail: silvamaria_ju@hotmail.com.
Por outro lado, os antigos caçadores referiram alguns nomes de antigos combatentes (e também amigos). Gostaria de saber se algum dos bloguistas conhece as seguintes pessoas (com quem gostaria de ser posta em contacto):
- do destacamento de Cabedu, da milicia G3, o coronel Peixoto;
- do grupo caçador 6 de Bedanda/1974, companhia 34/1993, o capitão Pimenta e o capitão Miliciano Pereira da Silva.
Estas pessoas que entrevistei pareceram-me bastante saudosistas dos portugueses e gostariam de saber noticias dos seus amigos!
Agradeço qualquer ajuda que vocês possam prestar.
Atenciosamente,
Maria Joana Silva
Camaradas da 2700
Algum de vós terá recordações destes babuínos?
Pessoalmente, recordo a primeira operação que o 2.º Pelotão fez sozinho, poucos dias depois da grande operação ao Jifim, feita pelo 1.º e 3.º Pelotões (como devem estar recordados esta operação iniciou-se sob grande pressão já que nos tinha sido transmitido pela Companhia que há pouco tinhamos rendido, haver grande probabilidade do inimigo estar instalado nessa zona).
Após termos abivacado e já com noite cerrada ouço "cães" a ladrar, o que a minha inexperiência, me levou a concluir que o IN estaria instalado perto de nós e teria estes animais como avisadores de movimentos estranhos. Mal raiou a manhã expressei este meu temor a um dos milícias que nos acompanhava. Devem imaginar o meu alívio quando ele com a maior das calmas que referiu que os latidos provinham do macaco-cão, razão pela qual era conhecido por este nome.
Numa outra operação sou alertado pelo elemento que abria caminho (Teodoro ou Firmino?) para um trilho perpendicular à picada que percorriamos, marcado no capim e que apresentava uma frescura indiciadora de ter sido feito há momentos, provavelmente pelo IN. Mais uma vez um dos milícias que nos acompanhava nos descansou referindo que seria um grupo de macacos a deixar as suas marcas.
Ao longo de tanta operação, feita durante aqueles quase 2 anos que passámos pela Guiné, só me recordo de uma vez ter visto um grupo significativo (10/15) saltando de galho em galho.
Penso que o babuíno não fazia parte da alimentação da nossa população. Estarei enganado?
Foi para mim uma novidade saber que o macaco era confeccionado em Bissau e comido como cabrito "pé de rocha". Quantos de nós teremos mamado este cabritinho?
Entretanto, se algum de vós possuir qualquer esclarecimento que possa responder às questões colocadas pela Dr.ª Maria Joana, façam o favor de as transmitir para o endereço electrónico disponibilizado.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
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