quarta-feira, 23 de março de 2011

P225: O PUB DO BORGES

Há tempos e sob o mesmo título editei um Post (n.º 139 a 1/1/2010) sobre o Pub do Borges. Na altura terminava pedindo a quem tivesse imagens do Pub o favor de facultá-las a fim de serem aqui reproduzidas.
O incansável Ricardo Lemos teve a iniciativa de contactar o Borges que neste momento se encontra radicado em Saint Etienne e aqui vai mais um texto elaborado pelo Ricardo.

O CAFÉ BORGES
O cabo escriturário (assessor do Sargento Panóias), Evaristo Borges, teve um grande espírito empreendedor ao abrir um bar na tabanca de Dulombi quando verificou que o bar da companhia fechava relativamente cedo.
Actualmente reformado, vive em França, em Saint Etienne. Tive o prazer de há poucos dias falar com o Borges, ao telefone.
Dirijo-lhe os meus agradecimentos pelas informações prestadas sobre o seu café, em Dulombi, e pelas fotografias enviadas.
O café Borges. Foto de 1971. Típica construção “desenrasca” na tabanca de Dulombi.

O Café Borges foi inaugurado em 1971. Para além dos cafezinhos, feitos com uma máquina a petróleo, vendia-se aguardente, Macieira e tabaco.
De aspecto rústico, tinha uma forma rectangular e, no seu interior, o “mobiliário” era constituído por trinta mesas com cadeiras, dispostas em duas filas (15 de cada lado).
A sua iluminação era realizada pela luz de um (ou mais) petromax. (Nota do autor: era por isso que o meu petróleo desaparecia…).
O horário de funcionamento era das 19 horas até às 23 horas ou mesmo até à meia-noite, e era frequentado por soldados, oficiais e alguns elementos da população autóctone.
O seu cafezinho custava 1 peso (=1 escudo) e, com aguardente, custava 2 pesos e meio.


 O interior do café Borges: as mesas e os assentos!!!

Preparando o café…de saco. Ao fundo, cartazes com as meninas da Playboy ...

O balcão de serviço, e a bacia para lavar a loiça…

O Borges, posando, junto do “seu” café.

Vista lateral do Café Borges.

Faltariam 15 dias para a Companhia regressar a Bissau, o Café do Borges foi vítima de actos de vandalismo.
Já lá se encontrava a Companhia que nos foi render, já o Borges tinha negociado o trespasse do seu café por 1.500 pesos, quando o seu ajudante indígena o foi alertar que o café estava a arder.
Pela calada da noite e com a ajuda de gasolina, malfeitores deitaram-lhe fogo ao café, de construção frágil e altamente inflamável, pois as suas paredes e tecto eram revestidos com colmo.

O Borges só teve tempo de salvar umas garrafas de bagaço, outras de Macieira e ainda algum tabaco.
Confidenciou-me que nunca descobriu os energúmenos, mas sempre pensou que a inveja e alguns caloteiros estiveram na origem da deplorável acção.

E, assim, terminou o Café Borges…








Sem comentários: