segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

P140: PRISIONEIRA EM GALOMARO


Com a devida vénia e agradecimento ao António Tavares pela autorização da sua publicação, passo a transcrever Post colocado no Blog do Luís Graça.

Guiné 63/74 - P5234: Estórias avulsas (55): O ar assustado de uma prisioneira de guerra (António Tavares)
1. Mensagem de António Tavares, ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72, com data de 5 de Novembro de 2009:

Uma das riquezas das obras de arte está na interpretação individual. Os artistas dizem que as fotos não devem ser legendadas, porém permito-me opinar sobre a foto inclusa:

Passados 40 anos já não sei qual das companhias do BCA 2912 - com a divisa EXCELENTE E VALOROSO - aprisionou esta mulher. Em Galomaro foi bem tratada embora apresente um ar assustado. Tinha razão!… Não deixava de ser uma prisioneira de guerra… Quem não estava triste era o Comandante do Batalhão!… Estaria a pensar nos seus próprios benefícios com a captura? Com o sacrifício, fome, medo, dor e morte dos subalternos o seu medalhário ficava mais rico… Em 02 de Outubro de 1971 o Comandante foi obrigado a alinhar numa Operação, após recusa de todo o pessoal para perseguir o IN que no dia anterior nos tinha emboscado em Bangacia/Duas Fontes. Após formatura e palestra lá seguiu na operação, mas chegados ao local do destino disse ao Furriel Miliciano para dispor o pessoal conforme entendesse porque já não estava muito actualizado… A vida dele também estava em perigo! … Estava na mata e na guerra de guerrilha!... Os galões não o protegiam das balas do IN…
Naquele momento deixaria de ser um militar que só pensava nele próprio? Era um ser humano igual a todos os outros que estavam sob as suas ordens! Os outros eram números que facilmente podia substituir. Para o final da comissão Janeiro/Fevereiro de 1972 era só louvores a sair em O.S. do Batalhão. Eu fui um dos muitos contemplados. O Comandante foi condecorado/louvado pelo General. Esteve presente num dos nossos convívios quiçá com outro pensamento!
Esta é uma das histórias passadas na mata do Leste da Guiné, em 1970/72, numa guerra de guerrilha que nunca será ganha por nenhum dos intervenientes.

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