quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

P141: MAIS UMA DO TAVARES - Moniz na foto (Canto sup. esq.)


A minha 1.ª noite na Guiné foi passada no cais do Pidjiguiti em 01-05-1970... a guardar 21 caixas de whisky... era o sargento de reabastecimentos do BCAÇ 2912.
Chegados a Galomaro distribuiu-se o whisky só pelos oficiais e sargentos, segundo ordens expressas do comando.
Havia duas qualidades de whisky - velhos e novos - vendidos a 95$00 e 50$00 cada garrafa, respectivamente.
Só vendíamos nos bares - oficiais e sargentos – as garrafas de 50$00 por 65$00, porquanto medido o líquido dava 13 cálices ao preço unitário de 5$00.
A título de comparação refiro que uma bazuca - cerveja de 0,6 l - custava 6$50.
O principal consumidor era um major, que se deixou vencer pelo álcool... foi evacuado para a Metrópole... enquanto durava a bebida não existia oficial... quando lhe faltava até de noite vinha à minha procura... lá íamos os dois, no seu jeep, ao armazém levantar o whisky.
Certo dia, ao abrirmos uma caixa selada faltava uma garrafa... obrigou-me a fazer um auto da ocorrência e enviá-lo para a Intendência em Bissau... obviamente que nem resposta obtivemos, embora ele fosse testemunha no auto!
Outra vez precisou da bebida mas não havia em armazém... lá arranjam a bebida... foi feita uma sindicância ao whisky... o circuito – armazém, bares e venda – estava correcto.
Começaram a fazer um rigoroso controlo ao whisky quando começaram a vir menos caixas da Intendência.
Às escondidas vendia às praças cada garrafa a 65$00.
O whisky era vendido no Café/Restaurante do Francisco Augusto Regalla e em Bafatá quase pelo dobro do preço.
Recordo que após uma dificultosa e poeirenta picada, com um banho, uma coca-cola e um whisky sentíamo-nos jovens e sadios... era a cocaína com os seus efeitos... os guinéus mascavam a coca... nós bebíamo-la.
Esta foi uma história passada no mato – Galomaro 1970/72 – onde o whisky era uma estrela e brilhante... quem nunca esteve naquelas tórridas e frias terras e na guerra colonial não sabe o valor de tão precioso líquido... houve outros camaradas na Guiné que nunca o saborearam pelos mais diversos motivos!
A venda da coca-cola em Portugal Continental era proibida.

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