domingo, 11 de dezembro de 2011

P284: RELÍQUIAS FOTOGRÁFICAS DO FERNANDO RODRIGUES

         Fernando Alves Rodrigues, ex-soldado condutor, mora na cidade de Guimarães. Encontra-se na situação de pré-reforma. Exercia a profissão de metalúrgico na empresa Alfa, sedeada em Guimarães.

Tem três filhas e cinco netas.

Um abraço do Rodrigues para todos os Dulombianos.

O Rodrigues, com as suas 63 primaveras, comemoradas no dia 4 de Julho de 2011.

1971
2011












A matança das vacas

Certo dia, no regresso da coluna de reabastecimento de Bambadinca e Bafatá e já na picada Galomaro-Dulombi, o condutor Rodrigues seguia com o seu Unimog carregado de bidões de gasolina e transportando alguns indígenas e também o alferes comandante da coluna, cujo nome o Rodrigues não se relembra. A certa altura uma manada de vacas aparece ao longe, na picada. Então, o alferes desconfiando que poderia ser uma preparação de uma emboscada do inimigo, deu ordens ao Rodrigues para não parar e seguir sempre em frente. Ao aproximar-se da manada, as vacas não se desviaram do caminho e o Unimog do Rodrigues inevitavelmente atropelou quatro vacas, duas das quais morreram de imediato. Mesmo assim a coluna não parou, seguindo o seu destino. O Unimog do Rodrigues até “levantou voo” ao passar por cima dos ditos animais.

No dia seguinte aparece em Dulombi o dono dos animais, dizendo que “ o branco matar vacas e fugir”. O nosso Capitão, perante a situação, teve que comprar os ditos animais que serviram para a nossa alimentação.



O acidente com o Unimog do condutor Sá

No regresso de um outro reabastecimento a Bambadinca, o condutor Rodrigues levou o Unimog que pertencia ao Sá condutor, visto que o Unimog do Rodrigues estava a ser reparado e o Sá condutor encontrava-se doente, a recuperar da doença do paludismo.

Carregado o Unimog com dez bidões de gasolina, seguia a coluna na picada, de regresso a Dulombi. Era altura do tempo seco, e a poeira deixada pelos Unimogs da frente, por vezes, tapava a visão de tal maneira que os trilhos da picada deixavam de ser vistos.

Foi numa dessas ocasiões que o Rodrigues, apercebendo-se da situação, iniciou a travagem do Unimog, mas este não obedeceu devido a vários factores; velocidade, peso da carga e deficiência dos travões e, então, com pouca visibilidade, embateu numa enorme árvore que ladeava a picada.

Felizmente não houve feridos, apenas alguns elementos que seguiam na coluna foram cuspidos dos seus locais, sem consequências de maior. A carga manteve-se nos seus lugares. A parte da frente do Unimog ficou destruída.

A situação foi tratada entre o furriel Lemos e o Capitão da Companhia. Se a participação fosse feita, teria graves consequências para o condutor Rodrigues, ao ponto de este ter de prolongar a Comissão por largos meses, para pagar os prejuízos resultantes dos estragos sofridos pelo Unimog.

Passado algum tempo, a equipa da mecânica preparava-se para tentar desempenar a parte da frente do Unimog, apesar da Companhia não possuir nos seus quadros nenhum bate-chapas.

Só na CCS é que havia um especialista bate-chapas, que, infelizmente, faleceu na emboscada das Duas – Fontes, em 1-10-1971. Segundo me recordo, ouve um certo “desconforto” por este especialista ter sido enviado para uma operação de combate. Não sei se as chefias da CCS tiveram problemas com esta morte!

1.º Cabo bate-chapas Alfredo Laranjinha falecido em combate

Não se pediu auxílio ao especialista da CCS, pois iria, por consequência, alertar os comandos para esta situação.

Contudo, aconteceu aquele dia trágico de 18-10-1970, onde faleceu o António Jacinto Carrasqueira, cujo Unimog onde seguia accionou uma potente mina A/C, destruindo a parte traseira do Unimog.

Como a cabina poucos danos sofreu, logo os mecânicos trataram de resolver a questão, trocando as cabinas dos Unimogs.

Numa das minhas viagens a Bissau, o Unimog minado foi devolvido através de uma LDG, via Rio Geba, às oficinas gerais de Bissau, dando-se baixa ao espólio da Companhia, e o problema do Rodrigues ficou resolvido.

Os mecânicos Victor, Rosa e Santos merecem todo o reconhecimento da equipa da “ferrugem” por todo o empenho demonstrado na resolução deste problema, cujas consequências seriam graves para o condutor Rodrigues, se o caso fosse participado.


Operação de resgate da viatura minada em Jifim
Junto ao Unimog: na 1.ª posição não reconhecemos; na 2.ª pos. o furriel Lemos; na 3.ª pos. o cond. Rodrigues; na 4.ª pos. o furriel Timóteo e na 5.ª pos. elemento não reconhecido.
Do lado direito: empunhando a G3 o "Judeu", desconhecido, Jerónimo Teixeira e Sousa.


Operação de resgate da viatura minada em Jifim
À frente do Unimog o enfermeiro Gaspar. Sobre o Unimog: Barreiros, fur. Timóteo, alf. Barata, Rodrigues, "Estraga", Rosa, alf. Correia, Santos, Vitor Gonçalves e fur. Lemos.

Na “discoteca” de Dulombi. Artista convidado “furriel Lemos”.
Na 1.ª linha: alf. Barata, alf. Santiago (Saltinho), alf. Ravasco e alf. Balsa
Seguem-se manga de furriéis. Entre os infiltrados, temos o condutor Rodrigues. Bebidas espirituosas e a cerveja animam o convívio.


Mais uma foto do interior do restaurante Pato, em Bafatá.

Condutores Vieira, Rodrigues e “Estraga, no lado esquerdo. Ao centro o furriel Lemos. A seguir o Santos. À direita, o Custódio Presa.

Rodrigues e Gaspar Ribeiro

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