Está na hora de seguir viagem até Bafatá. A distância a percorrer andará à volta dos 40 km. Os Unimogs da coluna militarizada e também outros veículos oriundos de Galomaro, percorrerão os caminhos em terra batida até chegarmos ao cruzamento da estrada Bambadinca/Nova Lamego. A partir daqui seguiremos até Bafatá em estrada alcatroada. Pela imagem abaixo, parece-me uma Berliet integrada na coluna militar.Foto: ano de 1971, algures na estrada Bambadinca-Galomaro.
A Berliet Tramagal foi um dos veículos mais utilizados pelas forças armadas portuguesas nos anos 60 e 70, em particular na Guerra Colonial.
Os técnicos da Berliet desenharam um veículo relativamente simples de produzir, robusto e de fácil manutenção, capaz de operar com fiabilidade nos terrenos e climas mais extremos. Tinha um comprimento de 7,8 metros e uma capacidade de carga de 5 toneladas.A Berliet TramagalEnquanto a coluna passa, um burrito com a sua carroça e transportando dois bidões (aqueles de 200 litros, que a população aproveitava para as suas necessidades do dia a dia) por ordem do seu jovem dono, encosta-se à berma da estrada, para dar lugar à passagem das tropas transportadas nos veículos militares, não vá haver algum problema com o animalzinho… já lá vão 40 anos!!!
Ainda os arredores de Galomaro.Bonita imagem das características das Tabancas da região. Será que estas moranças ainda existirão? As tabancas, ao longo da estrada Galomaro-Bafatá.Alguém se lembra desta povoação? Será Salia? Mamaconom? Jana? Madina? Bijine?
Curioso, é o olhar atento das crianças, a ver passar a coluna de reabastecimento. As duas imagens abaixo, captadas em 1971,.deverão estar na memória de muitos camaradas da 2700. Era uma zona ampla, muito bonita, cuja estrada em terra batida era rodeada de muitas árvores, entre elas, as frondosas mangueiras, cujos frutos em cada árvore, eram aos milhares. A mangueira é uma árvore da família das anacardiáceas e que produz a manga, uma drupa carnosa e saborosa. Existem 35 espécies diferentes. Só que estas que se vêem nas imagens, não eram de cultivo, mas sim, selvagens. E nestas árvores, aproveitando-se da sombra refrescante, as aves exerciam o seu direito territorial, ocupando os ramos, aos milhares. Era uma delícia ouvir as melodias das linguagens das diversificadas aves que nelas coabitavam. As rolas eram surpreendentemente abundantes.
Já se adivinha a chegada à periferia de Bafatá. Agora, em estrada alcatroada, a conhecida ponte com estrutura em troncos de palmeira, sobre o rio Colufe, nos surge pela frente.Ao longe, Bafatá, cidade cosmopolita, situada no centro da Guiné, era a terra mais distante de todas as fronteiras, o que a protegia das garras da guerrilha. Por tal motivo, as pessoas e bens podiam circular com alguma segurança e um certo à vontade. Situa-se na confluência dos rios Geba e Colufe.
Visitaremos Bafatá dos anos 1970-1972, no próximo Post.
Ricardo Lemos
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
P213: DULOMBI - BAFATÁ (2.ª PARTE) - RICARDO LEMOS
Feito o reconhecimento da picada, a coluna militarizada recebe ordem de partida. E os Unimogs, preparados para o reabastecimento, partirão de Dulombi em direcção a Galomaro, tomando depois o rumo de Bafatá.
Enquanto esperam pelo início da viagem de reabastecimento, a sombra de uma árvore é propícia para colocar as conversas em dia, ultimar os preparativos da viagem ou, então, verificar todos os pormenores de âmbito militar, pois, a picada, oferecia sempre perigos de accionamento de minas e emboscadas do inimigo.OBS: O Unimog 404, era uma espécie de «burro de carga» e «pau-para-toda-a-obra» nos cenários africanos onde foi utilizado operacionalmente por Portugal. Desde veículo de ligação, transporte de comida, correio e feridos, até transporte de tropas, fez de tudo. O fabricante tinha mesmo uma versão específica para Portugal, a que chamou UNIMOG 411.115 e que era desprovido de quaisquer luxos e absolutamente rústico, incluindo nalguns casos um guincho mecânico frontal.
Ao serviço do exército português, cada Unimog transportava até 10 homens, em patrulhas e a sua posição elevada, e de costas com costas, permitia aos militares detectar movimentos nas proximidades. Em caso de emboscada, a tripulação não tinha qualquer tipo de protecção, baseando-se esta, na capacidade de o militar saltar tão rapidamente quanto possível para a frente (do veículo para o chão).
Esta vantagem táctica, no entanto, já não era tão evidente na Guiné, onde a floresta tropical tornava a progressão na selva quase cerrada, uma tarefa extremamente difícil, e onde estar numa posição mais elevada não tinha grandes vantagens.E a coluna inicia a viagem….
A coluna militarizada dirige-se, então, na direcção de Galomaro, em plena picada.
Em primeiro plano, um Unimog da coluna, com a sua caixa vazia, pronto para o reabastecimento. Mais à frente, a população autóctone, aproveita a viagem para fazer os seus negócios em Bafatá, nomeadamente compra e venda de produtos alimentares, compra de roupas e outras necessidades de âmbito familiar.
Um pneu sobressalente serve de assento.Mas, eis que surge um pequeno percalço. Um dos Unimogs da frente da coluna teve um furo – o que era frequente – e, então, há que fazer um compasso de espera. Os Unimogs, neste caso, aglomeram-se.
É visível a variedade de armas utilizadas para a operação. A imprescindível G3, o lança granadas-foguete 8,9 cm, vulgarmente conhecido por Bazuca, e adivinha-se também uma ou outra metralhadora ligeira, pelo pente de balas que um elemento transporta.
E será que a placa branca que se visualiza nas traseiras dos Unimogs, e em tempo de guerra, limitava estes à velocidade máxima de 50 km/h….ou tinha outro significado? Realmente, não me lembro desta situação. Espero a colaboração dos leitores para desmistificar este enigma!!!
E já agora, quem se lembra dos nomes dos militares que estão em primeiro plano? Vamos lá colaborar…Outro aspecto da coluna militar, numa zona onde, no tempo das chuvas, os Unimogs ficavam frequentemente atolados. Um aspecto curiosíssimo da vegetação tropical na picada Dulombi-Galomaro. As palmeiras sobressaem do resto da vegetação.
Segundo a minha opinião, é inesquecível esta imagem, pela beleza da paisagem. E a sede do Batalhão, em Galomaro, já se avizinha, ao longe…
Percorremos cerca de 18 km. Galomaro. Periferia.
Geralmente, a coluna fazia uma pequena pausa, para tratar de assuntos na sede do Batalhão e também para apear ou transportar alguns elementos da população.
Continuaremos a nossa viagem no próximo POST.
R. Lemos
Enquanto esperam pelo início da viagem de reabastecimento, a sombra de uma árvore é propícia para colocar as conversas em dia, ultimar os preparativos da viagem ou, então, verificar todos os pormenores de âmbito militar, pois, a picada, oferecia sempre perigos de accionamento de minas e emboscadas do inimigo.OBS: O Unimog 404, era uma espécie de «burro de carga» e «pau-para-toda-a-obra» nos cenários africanos onde foi utilizado operacionalmente por Portugal. Desde veículo de ligação, transporte de comida, correio e feridos, até transporte de tropas, fez de tudo. O fabricante tinha mesmo uma versão específica para Portugal, a que chamou UNIMOG 411.115 e que era desprovido de quaisquer luxos e absolutamente rústico, incluindo nalguns casos um guincho mecânico frontal.
Ao serviço do exército português, cada Unimog transportava até 10 homens, em patrulhas e a sua posição elevada, e de costas com costas, permitia aos militares detectar movimentos nas proximidades. Em caso de emboscada, a tripulação não tinha qualquer tipo de protecção, baseando-se esta, na capacidade de o militar saltar tão rapidamente quanto possível para a frente (do veículo para o chão).
Esta vantagem táctica, no entanto, já não era tão evidente na Guiné, onde a floresta tropical tornava a progressão na selva quase cerrada, uma tarefa extremamente difícil, e onde estar numa posição mais elevada não tinha grandes vantagens.E a coluna inicia a viagem….
A coluna militarizada dirige-se, então, na direcção de Galomaro, em plena picada.
Em primeiro plano, um Unimog da coluna, com a sua caixa vazia, pronto para o reabastecimento. Mais à frente, a população autóctone, aproveita a viagem para fazer os seus negócios em Bafatá, nomeadamente compra e venda de produtos alimentares, compra de roupas e outras necessidades de âmbito familiar.
Um pneu sobressalente serve de assento.Mas, eis que surge um pequeno percalço. Um dos Unimogs da frente da coluna teve um furo – o que era frequente – e, então, há que fazer um compasso de espera. Os Unimogs, neste caso, aglomeram-se.
É visível a variedade de armas utilizadas para a operação. A imprescindível G3, o lança granadas-foguete 8,9 cm, vulgarmente conhecido por Bazuca, e adivinha-se também uma ou outra metralhadora ligeira, pelo pente de balas que um elemento transporta.
E será que a placa branca que se visualiza nas traseiras dos Unimogs, e em tempo de guerra, limitava estes à velocidade máxima de 50 km/h….ou tinha outro significado? Realmente, não me lembro desta situação. Espero a colaboração dos leitores para desmistificar este enigma!!!
E já agora, quem se lembra dos nomes dos militares que estão em primeiro plano? Vamos lá colaborar…Outro aspecto da coluna militar, numa zona onde, no tempo das chuvas, os Unimogs ficavam frequentemente atolados. Um aspecto curiosíssimo da vegetação tropical na picada Dulombi-Galomaro. As palmeiras sobressaem do resto da vegetação.
Segundo a minha opinião, é inesquecível esta imagem, pela beleza da paisagem. E a sede do Batalhão, em Galomaro, já se avizinha, ao longe…
Percorremos cerca de 18 km. Galomaro. Periferia.
Geralmente, a coluna fazia uma pequena pausa, para tratar de assuntos na sede do B
Continuaremos a nossa viagem no próximo POST.
R. Lemos
sábado, 22 de janeiro de 2011
P212: DULOMBI - BAFATÁ (1.ª PARTE) - RICARDO LEMOS
Tendo como referência a “Missão Dulombi”, e visualizando algumas imagens dos caminhos percorridos já lá vão 40 anos, surgiu-me a ideia de efectuar uma viagem virtual à data da nossa estadia em Dulombi e assim, relembrar e comparar os locais de então e os de agora. Tendo a felicidade de ter um pequeno acervo de slides a cores, em parte isso será possível, não com a qualidade das fotos actuais mostradas nos Blogues da 2700 e da 3491, mas com a qualidade à distância de 40 anos atrás.
Maio de 1971
(Capitão e Furriel Lemos)
Leeeeeeeeeeeeeeeemos!
Diga, meu Capitão.
Precisamos de efectuar uma coluna de reabastecimento a Bafatá. Prepare 12 Unimogs para amanhã. Prepare, também, alguns Unimogs com bancos para proporcionar alguns lugares nas viaturas para elementos da população, como é costume.
Tudo bem, meu Capitão, como temos 15 viaturas operacionais, isso é possível.
Então, como responsável pela área da mecânica, reuni condutores e mecânicos, e as tarefas foram distribuídas. Os condutores realizaram as manutenções e verificações necessárias para a viagem, nomeadamente a verificação dos níveis de óleo do motor e dos travões, níveis do líquido de refrigeração do motor, água, pressão dos pneus, verificação das baterias, verificação das ferramentas, etc. Se alguma deficiência aparecesse, os mecânicos entravam em acção.
Era deixado ao critério dos condutores a retirada dos assentos e a substituição dos mesmos, por sacos de areia, pois este estratagema era muito mais eficiente no caso de accionamento de uma mina anti-carro.
(Furriel Lemos, condutor Calado e mecânico Rosa)
Ó meu Furriel…
Diz lá, Calado.
O meu carro não pega. Não sei o que aconteceu!
Bem, isso será fácil de resolver. Pode ser a bateria, o motor de arranque, ligações eléctricas… e como temos em armazém peças sobressalentes para essas situações e vou falar com o Rosa para verificar o que se passa.
E o Rosa rapidamente resolveu a avaria. A bateria tinha “pifado”….
Na manhã seguinte, o pelotão escalado para fazer a picada, saiu de manhã, bem cedinho.
Os Unimogs, também já reabastecidos – os depósitos atestados com gasolina super – já se perfilavam no local do costume, prontos para seguirem viagem, quando o comandante da coluna militar desse a ordem de partida. Relembro que os Unimogs tinham um consumo médio de 45 litros/100 km.
As imagens mostram o trabalho de enorme responsabilidade, sempre que uma coluna militar saía de Dulombi. Trabalho árduo dos elementos escalados para a melindrosa operação de detecção de minas…
Á saída de Dulombi, os primeiros homens reconheciam o terreno…
O trabalho de detecção de minas era feito duma forma quase artesanal utilizando-se uma vareta com um ferro pontiagudo na extremidade familiarmente baptizado de “pica”.
Pelo meio havia aquelas distrações proibidas (G3 ao ombro e um trio - Foto Picagem5)já que os manuais preconizavam a deslocação em fila e a espaços, pois esta zona era muito densa em mato e arvoredo, sendo uma área propícia para emboscadas.
Na época das chuvas, as viaturas ficavam frequentemente atoladas. Então, os condutores e o mecânico de serviço à coluna militar, e com a ajuda dos elementos do pelotão escalado e até da população autóctone que seguia na coluna, trabalhavam arduamente para conseguirem deslocar da lama os Unimogs. Frequentemente, era usado o guincho frontal do Unimog que, com a extremidade presa a uma árvore próxima, era a única solução para a retirar do atoleiro ou lamaçal.
Feito o reconhecimento da picada, a coluna militarizada recebe ordem de partida. E os Unimogs, preparados para o reabastecimento, partem de Dulombi em direcção a Galomaro, tomando depois o rumo de Bafatá.
(Continua no próximo POST.)
R. Lemos
Maio de 1971
(Capitão e Furriel Lemos)
Leeeeeeeeeeeeeeeemos!
Diga, meu Capitão.
Precisamos de efectuar uma coluna de reabastecimento a Bafatá. Prepare 12 Unimogs para amanhã. Prepare, também, alguns Unimogs com bancos para proporcionar alguns lugares nas viaturas para elementos da população, como é costume.
Tudo bem, meu Capitão, como temos 15 viaturas operacionais, isso é possível.
Então, como responsável pela área da mecânica, reuni condutores e mecânicos, e as tarefas foram distribuídas. Os condutores realizaram as manutenções e verificações necessárias para a viagem, nomeadamente a verificação dos níveis de óleo do motor e dos travões, níveis do líquido de refrigeração do motor, água, pressão dos pneus, verificação das baterias, verificação das ferramentas, etc. Se alguma deficiência aparecesse, os mecânicos entravam em acção.
Era deixado ao critério dos condutores a retirada dos assentos e a substituição dos mesmos, por sacos de areia, pois este estratagema era muito mais eficiente no caso de accionamento de uma mina anti-carro.
(Furriel Lemos, condutor Calado e mecânico Rosa)
Ó meu Furriel…
Diz lá, Calado.
O meu carro não pega. Não sei o que aconteceu!
Bem, isso será fácil de resolver. Pode ser a bateria, o motor de arranque, ligações eléctricas… e como temos em armazém peças sobressalentes para essas situações e vou falar com o Rosa para verificar o que se passa.
E o Rosa rapidamente resolveu a avaria. A bateria tinha “pifado”….
Na manhã seguinte, o pelotão escalado para fazer a picada, saiu de manhã, bem cedinho.
Os Unimogs, também já reabastecidos – os depósitos atestados com gasolina super – já se perfilavam no local do costume, prontos para seguirem viagem, quando o comandante da coluna militar desse a ordem de partida. Relembro que os Unimogs tinham um consumo médio de 45 litros/100 km.
As imagens mostram o trabalho de enorme responsabilidade, sempre que uma coluna militar saía de Dulombi. Trabalho árduo dos elementos escalados para a melindrosa operação de detecção de minas…
Á saída de Dulombi, os primeiros homens reconheciam o terreno…
O trabalho de detecção de minas era feito duma forma quase artesanal utilizando-se uma vareta com um ferro pontiagudo na extremidade familiarmente baptizado de “pica”.
Pelo meio havia aquelas distrações proibidas (G3 ao ombro e um trio - Foto Picagem5)já que os manuais preconizavam a deslocação em fila e a espaços, pois esta zona era muito densa em mato e arvoredo, sendo uma área propícia para emboscadas.
Na época das chuvas, as viaturas ficavam frequentemente atoladas. Então, os condutores e o mecânico de serviço à coluna militar, e com a ajuda dos elementos do pelotão escalado e até da população autóctone que seguia na coluna, trabalhavam arduamente para conseguirem deslocar da lama os Unimogs. Frequentemente, era usado o guincho frontal do Unimog que, com a extremidade presa a uma árvore próxima, era a única solução para a retirar do atoleiro ou lamaçal.
Feito o reconhecimento da picada, a coluna militarizada recebe ordem de partida. E os Unimogs, preparados para o reabastecimento, partem de Dulombi em direcção a Galomaro, tomando depois o rumo de Bafatá.
(Continua no próximo POST.)
R. Lemos
domingo, 16 de janeiro de 2011
P211: GRUPO FOLCLÓRICO DA CASA DO POVO DE SANTA CRUZ DO BISPO
Esta é uma pequena homenagem ao Homem que tanto tem contribuído para o enriquecimento, não só em termos de narrativas como na disponibilização de excelentes fotos que recordam os nossos tempos (a cores) em Dulombi.
A partir de agora deliciem-se com 3 temas interpretados pelo Grupo Folclórico da Casa do Povo de Santa Cruz do Bispo tendo como um dos principais intérpretes o famoso acordeonista Ricardo Lemos. Para tal só terão que clicar sobre os ícones que aparecem ao fundo na coluna da esquerda com o título "Rancho do Lemos". Eu admiro, particularmente, a faixa 04 "Chula dos Veteranos". Desfrutem. (Para melhor audição deverão anular o som do "Cotonete - Sound Box")
A partir de agora deliciem-se com 3 temas interpretados pelo Grupo Folclórico da Casa do Povo de Santa Cruz do Bispo tendo como um dos principais intérpretes o famoso acordeonista Ricardo Lemos. Para tal só terão que clicar sobre os ícones que aparecem ao fundo na coluna da esquerda com o título "Rancho do Lemos". Eu admiro, particularmente, a faixa 04 "Chula dos Veteranos". Desfrutem. (Para melhor audição deverão anular o som do "Cotonete - Sound Box")
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
P210: ASPECTOS HUMANOS DE DULOMBI - O FUNERAL DE UMA CRIANÇA / RICARDO LEMOS
Não era muito comum este tipo de acontecimento em Dulombi.
Sabendo que se ia realizar este ritual fúnebre, peguei na minha máquina fotográfica, e com a devida autorização dos autóctones, realizei esta reportagem em imagens, que vos passo a apresentar.
Não me lembro quem era a criança defunta, qual a causa da sua morte, nem tão pouco quem eram os seus pais. Apresento a sequência das cerimónias fúnebres. As imagens falam por si.
Apenas a população masculina participava no “enterro”. Nesta zona externa ao acampamento, que ficava no lado das oficinas auto, a “campa” era aberta pelos Homens-Grandes.
A abertura da campa está concluída. Reparem que existe uma outra campa atrás, o que dá a entender que era aqui o “cemitério” de Dulombi.
Eis a chegada do “cortejo fúnebre”.
Penso que a religião praticada era o Islamismo. Os participantes na cerimónia
religiosa fazem as suas orações, vendo-se um autóctone todo vestido de branco,
inclusive com uma espécie de gorro branco na cabeça, que deveria ser o “chefe
religioso”, à frente dos restantes participantes. O defunto, envolvido com um
“tecido” branco, encontra-se à frente do grupo, pousado entre as folhagens.
Outro aspecto cerimonial. Os Homens Grandes, ora estão com as mãos na cabeça, ora com as mãos juntas. Qual o significado?
O defunto é colocado na sepultura.
A sepultura é tapada com troncos de árvore
Depois bem tapada com ramos e folhas. Parece-me que existe um determinado rigor nas vestimentas usadas pelos participantes.
Depois, todos participam na colocação de terra.
Finda a cerimónia, o aspecto final da campa (a 1ª na imagem)
Ricardo Lemos
Sabendo que se ia realizar este ritual fúnebre, peguei na minha máquina fotográfica, e com a devida autorização dos autóctones, realizei esta reportagem em imagens, que vos passo a apresentar.
Não me lembro quem era a criança defunta, qual a causa da sua morte, nem tão pouco quem eram os seus pais. Apresento a sequência das cerimónias fúnebres. As imagens falam por si.

Apenas a população masculina participava no “enterro”. Nesta zona externa ao acampamento, que ficava no lado das oficinas auto, a “campa” era aberta pelos Homens-Grandes.

A abertura da campa está concluída. Reparem que existe uma outra campa atrás, o que dá a entender que era aqui o “cemitério” de Dulombi.

Eis a chegada do “cortejo fúnebre”.

Penso que a religião praticada era o Islamismo. Os participantes na cerimónia
religiosa fazem as suas orações, vendo-se um autóctone todo vestido de branco,
inclusive com uma espécie de gorro branco na cabeça, que deveria ser o “chefe
religioso”, à frente dos restantes participantes. O defunto, envolvido com um
“tecido” branco, encontra-se à frente do grupo, pousado entre as folhagens.

Outro aspecto cerimonial. Os Homens Grandes, ora estão com as mãos na cabeça, ora com as mãos juntas. Qual o significado?

O defunto é colocado na sepultura.

A sepultura é tapada com troncos de árvore

Depois bem tapada com ramos e folhas. Parece-me que existe um determinado rigor nas vestimentas usadas pelos participantes.

Depois, todos participam na colocação de terra.

Finda a cerimónia, o aspecto final da campa (a 1ª na imagem)
Ricardo Lemos
domingo, 26 de dezembro de 2010
P209: ABASTECIMENTO DE ÁGUA - RICARDO LEMOS
O abastecimento de água para a Companhia era realizado por uma equipa constituída por um condutor e um grupo de outros soldados destacados para o efeito.
Pronta a viatura, eram carregados os bidões de 200 litros, preparados especialmente para este fim, e que tinham servido de armazenamento do combustível utilizado na Companhia – gasolina, petróleo e óleos.
Relembro que este abastecimento provinha do Xime, e era realizado periodicamente pelas nossas colunas de reabastecimento. Os bidões vazios eram então aproveitados para vários fins, nomeadamente para armazenamento de água, como depósito nos chuveiros improvisados para as nossas “banhocas"
para preparação de grelhadores para os célebres churrascos, para oferecer à população local com vista às suas necessidades laborais, etc.
(Nota do editor: e também para reforçar a entrada dos abrigos, depois de cheios com terra)
Também é certo que, ao longo do tempo, eles se deterioravam, e eram substituídos por novos bidões.
Retornando ao tema principal, o Unimog em serviço era também carregado com a respectiva moto-bomba e as mangueiras necessárias para retirar a água dos poços de reabastecimento.

Ora, na foto acima, temos uma das famosas equipas de reabastecimento de água, perto de um dos poços de captura do precioso líquido, quando o Verão apertava. O Rodrigues é o condutor. Vamos lá reconhecer os restantes. (Desculpa, Lemos, mas estás equivocado. O elemento que te parece o Rodrigues (há semelhanças, sim, senhor) é um soldado do 3.º Pelotão - seria, nesse dia, uma secção do 3.º Pelotão escalada para este serviço - Eu reconheço o Fernando do Caramulo e o Ramiro Oliveira, bem como o Amaral (com soutien!!!), este sim o Condutor escalado para a condução da viatura. Ou tu pensas, apesar do óptimo serviço que concebeste, ser necessário um piloto e um co-piloto, como na navegação aérea /eheheh/. Ah! e o que eu descobri. Reparem que, embora a viatura seja conduzida pelo Amaral, esta deveria estar alocada ao Calado, que tinha a alcunha de Setúbal, já que na parte direita do pára-choques podemos ler: "Setúbal - Robin dos Bosques")
Na foto abaixo, lá está o Lemos, em pose, nas traseiras da bem conceituada oficina auto, onde trabalhavam os melhores mecânicos da região, vendo-se os famosos bidões acima descritos, estes utilizados no armazenamento de lubrificantes – os óleos nºs 30, 50 e 90, referências da sua viscosidade e utilizados nas viaturas, ora nas mudanças periódicas dos óleos dos motores, ora nas caixas de velocidades, ora nos eixos diferenciais. Cada tipo de óleo tinha o seu fim.

Seguidamente, na imagem inferior, o local do reabastecimento de água:
Por fim, a foto mais impressionante: o poço de reabastecimento.
Uma abertura em terra, sem as condições mínimas de salubridade.
No lado esquerdo vê-se a mangueira da moto-bomba, posicionada através de um pau.
A cor da água é barrenta, e no lado direito umas ervas esverdeadas, completam as características do local.
No Verão, este poço quase secava, e só se retiravam uns garrafões por dia. A cor da água era então, castanha-avermelhada.

RELEMBREM.
DIVULGUEM
FOMOS HERÓIS
Ricardo Lemos
Pronta a viatura, eram carregados os bidões de 200 litros, preparados especialmente para este fim, e que tinham servido de armazenamento do combustível utilizado na Companhia – gasolina, petróleo e óleos.
Relembro que este abastecimento provinha do Xime, e era realizado periodicamente pelas nossas colunas de reabastecimento. Os bidões vazios eram então aproveitados para vários fins, nomeadamente para armazenamento de água, como depósito nos chuveiros improvisados para as nossas “banhocas"

(Nota do editor: e também para reforçar a entrada dos abrigos, depois de cheios com terra)

Também é certo que, ao longo do tempo, eles se deterioravam, e eram substituídos por novos bidões.
Retornando ao tema principal, o Unimog em serviço era também carregado com a respectiva moto-bomba e as mangueiras necessárias para retirar a água dos poços de reabastecimento.

Ora, na foto acima, temos uma das famosas equipas de reabastecimento de água, perto de um dos poços de captura do precioso líquido, quando o Verão apertava. O Rodrigues é o condutor. Vamos lá reconhecer os restantes. (Desculpa, Lemos, mas estás equivocado. O elemento que te parece o Rodrigues (há semelhanças, sim, senhor) é um soldado do 3.º Pelotão - seria, nesse dia, uma secção do 3.º Pelotão escalada para este serviço - Eu reconheço o Fernando do Caramulo e o Ramiro Oliveira, bem como o Amaral (com soutien!!!), este sim o Condutor escalado para a condução da viatura. Ou tu pensas, apesar do óptimo serviço que concebeste, ser necessário um piloto e um co-piloto, como na navegação aérea /eheheh/. Ah! e o que eu descobri. Reparem que, embora a viatura seja conduzida pelo Amaral, esta deveria estar alocada ao Calado, que tinha a alcunha de Setúbal, já que na parte direita do pára-choques podemos ler: "Setúbal - Robin dos Bosques")
Na foto abaixo, lá está o Lemos, em pose, nas traseiras da bem conceituada oficina auto, onde trabalhavam os melhores mecânicos da região, vendo-se os famosos bidões acima descritos, estes utilizados no armazenamento de lubrificantes – os óleos nºs 30, 50 e 90, referências da sua viscosidade e utilizados nas viaturas, ora nas mudanças periódicas dos óleos dos motores, ora nas caixas de velocidades, ora nos eixos diferenciais. Cada tipo de óleo tinha o seu fim.

Seguidamente, na imagem inferior, o local do reabastecimento de água:

Por fim, a foto mais impressionante: o poço de reabastecimento.
Uma abertura em terra, sem as condições mínimas de salubridade.
No lado esquerdo vê-se a mangueira da moto-bomba, posicionada através de um pau.
A cor da água é barrenta, e no lado direito umas ervas esverdeadas, completam as características do local.
No Verão, este poço quase secava, e só se retiravam uns garrafões por dia. A cor da água era então, castanha-avermelhada.

RELEMBREM.
DIVULGUEM
FOMOS HERÓIS
Ricardo Lemos
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
P208: FAUNA DE DULOMBI
Como já vai sendo habitual e tendo como suporte o arquivo fotográfico do Ricardo Lemos hoje propomo-nos apresentar a fauna de Dulombi. E esta vai desde o célebre Zarco, cão pertencente ao Coronel Carlos Gomes e que viajou juntamente connosco na Carvalho Araújo desde Lisboa. Há dias falando com o nosso Comandante perguntei-lhe que demarches tinha percorrido para o transporte do Zarco e fiquei pasmado ao referir-me que se limitou a introduzir o Zarco no navio sem ter dado conhecimento a alguém. Outros tempos...
O Zarco teve um fim triste já que uma noite divagando junto ao arame farpado um sentinela perscrutando movimentos não esteve com meias medidas, abriu fogo e atingiu-o. Este não morreu na altura mas ficou num estado que teve por acabar de ser abatido meses depois.
Temos também a cabritinha que era a mascote dos Condutores. Referiu-me o Lemos que ela foi adquirida em tenra idade para mais dia menos dia ser abatida e servir de refeição. Acontece que o pessoal se lhe foi afeiçoando e o abate foi adiado, tendo sido legada à Companhia que nos rendeu e provavelmente abatida poucos dias após termos abandonado Dulombi.
Os gatos eram mascotes dos Furrieis e a mamã dava pelo nome de Xana.
O macaco se não estou em erro pertencia ao Borges, director comercial do bar privado existente em Dulombi.
Existiam também outros cães, presumo propriedade da população mas que nós acarinhávamos.
Pontualmente, nas imediações do aquartelamento, tinhamos a sorte de abater para nosso sustento, alguns facocheros (javali africano) e algumas frintambas (gazelas).
Por vezes lá se desencantava algum leitão adquirido em Galomaro ou no Mercado de Bafatá.
Os galináceos, esses existiam com maior intensidade e eram petisco habitual, sendo consumidos ao nível de abrigo.
Existiam também araras, jagudis (abutres) e até, vejam lá segundo a classificação do "biólogo" Ricardo Lemos, peneireiros de dorso malhado que é, como quem diz, falco tinnunculus.
O Zarco teve um fim triste já que uma noite divagando junto ao arame farpado um sentinela perscrutando movimentos não esteve com meias medidas, abriu fogo e atingiu-o. Este não morreu na altura mas ficou num estado que teve por acabar de ser abatido meses depois.
Temos também a cabritinha que era a mascote dos Condutores. Referiu-me o Lemos que ela foi adquirida em tenra idade para mais dia menos dia ser abatida e servir de refeição. Acontece que o pessoal se lhe foi afeiçoando e o abate foi adiado, tendo sido legada à Companhia que nos rendeu e provavelmente abatida poucos dias após termos abandonado Dulombi.
Os gatos eram mascotes dos Furrieis e a mamã dava pelo nome de Xana.
O macaco se não estou em erro pertencia ao Borges, director comercial do bar privado existente em Dulombi.
Existiam também outros cães, presumo propriedade da população mas que nós acarinhávamos.
Pontualmente, nas imediações do aquartelamento, tinhamos a sorte de abater para nosso sustento, alguns facocheros (javali africano) e algumas frintambas (gazelas).
Por vezes lá se desencantava algum leitão adquirido em Galomaro ou no Mercado de Bafatá.
Os galináceos, esses existiam com maior intensidade e eram petisco habitual, sendo consumidos ao nível de abrigo.
Existiam também araras, jagudis (abutres) e até, vejam lá segundo a classificação do "biólogo" Ricardo Lemos, peneireiros de dorso malhado que é, como quem diz, falco tinnunculus.
sábado, 11 de dezembro de 2010
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
P206: A NOSSA ALIMENTAÇÃO
Mais um lote de excelentes imagens disponibilizadas pelo Lemos, hoje versando a nossa paparoca.
Começamos pela simples recolha de lenha, comburente necessário à elaboração da suculenta sopinha que teve a supervisão do Lemos, o olhar atento do Carneiro Azevedo e a prova de um autóctone. Segue-se depois a distribuição dessa mesma sopa pelas terrinas, não faltando a saborosa salsicha e bacon. Esta operação é testemunhada (da esquerda para a direita) pelo Aníbal Barros, elemento não identificado, novamente a marcação à zona por parte do Carneiro Azevedo, Lemos, Chefe Patão e Euclides.
No refeitório com ventoinha (que luxo) as mesas já estão perfiladas para suportar tanta terrina. Entre refeições serve de casino para mais uma suecada.
Ao lado, na messe de Oficiais e Sargentos, o Lemos delicia-se com a sopinha do Patão e na última imagem poderemos ver os dois frigoríficos que tão benéficos nos foram principalmente para refrescarem aquelas colas fresquinhas que sofregamente bebiamos sempre que chegávamos de alguma operação. Ah, e trabalhavam a petróleo o que sempre me fez uma espécie tremenda: o calor gerar frio.
Começamos pela simples recolha de lenha, comburente necessário à elaboração da suculenta sopinha que teve a supervisão do Lemos, o olhar atento do Carneiro Azevedo e a prova de um autóctone. Segue-se depois a distribuição dessa mesma sopa pelas terrinas, não faltando a saborosa salsicha e bacon. Esta operação é testemunhada (da esquerda para a direita) pelo Aníbal Barros, elemento não identificado, novamente a marcação à zona por parte do Carneiro Azevedo, Lemos, Chefe Patão e Euclides.
No refeitório com ventoinha (que luxo) as mesas já estão perfiladas para suportar tanta terrina. Entre refeições serve de casino para mais uma suecada.
Ao lado, na messe de Oficiais e Sargentos, o Lemos delicia-se com a sopinha do Patão e na última imagem poderemos ver os dois frigoríficos que tão benéficos nos foram principalmente para refrescarem aquelas colas fresquinhas que sofregamente bebiamos sempre que chegávamos de alguma operação. Ah, e trabalhavam a petróleo o que sempre me fez uma espécie tremenda: o calor gerar frio.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
P205: IMPRESSIONANTE

Não pára de nos surpreender este Ricardo Lemos. Reparem na foto tirada há 40 anos e que pela sua execução no décimo de segundo exacto obteria um primeiro lugar em qualquer certame fotográfico.
Representa a resposta a uma das várias flagelações por nós sofridas, com o lançamento dum projéctil através do Lança-Granadas Foguete 8,9 cm, vulgarmente conhecido por Bazooca.

Clicando sobre a imagem terão possibilidade de desfrutar melhor visão. Impressionante. Quem seria o atirador?
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
P204: OS NOSSOS DEZEMBROS

14-Dez-70 / Op. "DIAMANTE INDIANO"
15-Dez-70 / Levantadas 6 minas A/P em Padada
16-Dez-70 / Deslocação em viatura até Padada para recolha de força pára-quedista
21-Dez-70 / Op. "ATIRADOR FANTASMA"
26-Dez-70 / Op. "INDIANOS NATIVOS"
28-Dez-70 / Op. "PATRULHAS ÚNICAS"
10-Dez-71 / Op. "ENTUSIASMO JOVEM"
28-Dez-71 / Op. "BANANA GIGANTE"
30-Dez-71 / Op. "ARMADILHA FAMOSA"
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SETEMBRO - ANIVERSÁRIOS
08 - Eduardo Francisco e Manuel Portugal
09 - Aníbal Barros
10 - António Simões
12 - Alfredo Pereira
14 - Carlos Costa
15 - Manuel Parada
19 - António Barreira e Vítor Rodrigues
24 - António Diogo e João Bilro
30 - Hélder Coelho
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09 - Aníbal Barros
10 - António Simões
12 - Alfredo Pereira
14 - Carlos Costa
15 - Manuel Parada
19 - António Barreira e Vítor Rodrigues
24 - António Diogo e João Bilro
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